quinta-feira, 9 de abril de 2020

E entretanto no reino dos marretas...

Público, 9/4/2020
... o presidente da República, que não tem, segundo a Constituição, funções executivas, continua a não conseguir reter-se.

Em vez de exercer o seu papel constitucional, não perde uma ocasião de se pôr em bicos dos pés, como Marques Mendes.

Se António Costa vai a um hospital ver cidadãos infectados, Marcelo faz saber que não o deixam ir. Se o Governo tinha o seu - criticável - plano de ataque à pandemia, Marcelo achou por bem decretar o estado de emergência que ninguém lhe pedira, provocando as organizações sindicais ao impedir o direito constitucional à greve. Se o Governo ficara incomodado com o decreto, a segunda versão foi-o ainda mais, com Marcelo a voltar a provocar descaradamente as organizações sindicais, ao negar-lhes o direito constitucional de participar na elaboração dos política laborais. Se o presidente do PSD estava sensível a medidas sobre a banca, Marcelo chamou de imediato os responsáveis do sector financeiro para, depois, dizer que a banca ia fazer o que fosse necessário, o que veio a condicionar a posição do PSD no Parlamento.

E como se já não bastasse, agora é esta infantil necessidade de falar com a comunicação social antes do primeiro-ministro, colocando-o na posição de um moço de recados do presidente (ver imagem). Se não fosse por mais coisas, dir-se-ia que Marcelo está a promover um esticar de cordas. Sabe-se lá para quê, mas sempre no mesmo - mau - sentido. 

1 comentário:

Cacim Bado disse...

NÃO MERECEM RESPEITO
Será que os Drs. Costa e Marcelo estão em verdadeira maratona a opinar e dar conselhos, porque não confiam, para todos os efeitos, nas Sras. Ministra e Directora Geral da Saúde, embora estando nos respectivos cargos sob suas mal entendíveis tutelas e responsabilidades?
A ser assim acabam por fazer parte dos agentes promotores da falta de clareza, geradora de todas as duvidas e confusões.
“Apoio da banca vai chegar nas próximas semanas às empresas e famílias, assegura o Presidente da Republica.”
Com toda essa espera só nos cemitérios para ressuscitação dos mortos.
Este refinado orquestrador de pantominas anda a iludir o país, apenas preocupado, seja à custa de quem seja, em montar suas cenas patéticas em benefício da própria reeleição.
Indecentemente serve-se atrevido, tanto de crianças, como de idosos, pobres e ricos, sem-abrigo ou banqueiros.
De tudo arrebanha para montagem da reeleição que persegue desalmadamente..
Como lhe pesa o umbigo!