sexta-feira, 7 de setembro de 2018

CDS em teletrabalho

"Este país não é para velhos", dos irmãos Cohen
Não há nada mais flexível do que fazer coincidir - no tempo e no espaço - a vida em família e o emprego.

Exagero?

Foi essa crua flexibilidade que encontrei em 1987, quando estive em Felgueiras (no norte do país), pelo jornal Diário de Lisboa, com o repórter José António Cerejo, em busca do trabalho infantil, que oficialmente o Governo Cavaco Silva dizia não existir (ver as reportagens aqui e aqui).

Aí, partes da produção de calçado eram autonomizadas da fábrica, executadas em casa dos operários, por toda a família. Todos cosiam sapatos, noite adentro ("o dia não tem horas e a noite não tem cancelas", dizia-se), pagos à peça por angariadores (que ficavam com uma percentagem), sem descontos para a Segurança Social, para no dia seguinte alguém da fábrica os vir buscar em sacos, para que fossem introduzidos na fase seguinte. Todos comiam e trabalhavam juntos, até dormiam no posto de trabalho que era a sua casa. Só que as crianças não iam à escola nem os operários domésticos descansavam devidamente. Já nem se fala de pagamento adequado.

Vem isto a propósito de uma iniciativa legal do mais "moderno" dirigente do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, vice-presidente de Assunção Cristas, que quer mexer de novo na legislação laboral. Mas isso não prejudica o investimento? Não, porque quando é o CDS a mexer é aperfeiçoamento, mas quando são "as esquerda encostadas" já é instabilidade...

Agora, o CDS quer "flexibilizar" o teletrabalho. Mas para quê? Diz Mesquita Nunes ao Público:

“Há uma enorme rigidez no regime do trabalho a partir de casa”, defende Mesquita Nunes, sublinhando que ela é “tão grande que nem sequer permite que um trabalhador possa combinar, num dia ou numa semana, trabalho na empresa e trabalho em casa”. Actualmente, em Portugal, “o teletrabalho só pode ser a tempo inteiro”, pelo que a pessoa “ou trabalha a partir de casa durante todo o horário ou no local de trabalho durante o tempo todo”.

Parece razoável. Mas a ideia peca de várias formas.

Primeiro, numa relação laboral não é o trabalhador quem define os termos da prestação do trabalho. A relação é demasiado desigual para isso. Por alguma razão o Código do Trabalho tentou proteger ao máximo eventuais flexibilidades patronais.

Segundo, se a intenção do CDS é apenas essa, nem seria preciso mudar a lei. Bastava fazer um contrato colectivo de trabalho nas actividades a que se destina. Mas esse é outro problema para o CDS...

Terceiro, a quem se dirige esta medida? Partindo dos dados do INE relativos ao 2º trimestre de 2018, dirigir-se-á aos 1,3 milhões que trabalham ao serão? Aos 530 mil que trabalham de noite? Aos 2 milhões que trabalham ao sábado? Aos 1,1 milhões que trabalham ao domingo? Aos 939 mil que trabalham mais do que 40 horas semanais? Não parece. Para esses, que cada vez são mais, conciliar a a vida familiar com o trabalho será cada vez mais difícil. Mas essa não é a preocupação.

A julgar pelas palavras de Mesquita Nunes, a nova medida destinar-se-ia apenas ao pessoal que já está em regime de teletrabalho. Mas são quantos?

Não se sabe oficialmente. São tão poucos que os dados do INE nem especificam esse tipo de contrato. Segundo a informação do Fundo de Compensação do Trabalho, que regista a caracterização dos novos contratos, assinados desde a retoma do emprego em 2013, o teletrabalho representa quase 0% - repito, 0% - dos contratos assinados desde 2013 e vigentes até ao início de 2017. Ao todo, tinham sido 40 contratos a tempo parcial (!) e uma centena e meia a tempo completo! Mas por incrível que pareça são esses os contratos com remunerações médias mais elevadas face à média dos contratos.

Portanto, para quê então tanto entusiamo por uma medida que se aplica, para já, a tão poucas pessoas? É uma prioridade do momento?

Que situações concretas tem em mente Mesquita Nunes? A que tipo de empregos se aplica? Ao trabalho de escritórios de advogados? Ao das firmas de consultoria? Aos novos investigadores académicos que irão ter brevemente um contrato de trabalho? A jornalistas desejosos de sair da redacção? O CDS fez um estudo de impacto desta medida? É esta uma das medidas estruturais do CDS? Faz parte de uma nova visão para o país? Ou pretende arranjar pequeníssimos casos para continuar a aparecer, com a preguiçosa cobertura dos jornais de referência (como foi o caso do Público), sempre suscitando a famigerada flexibilidade laboral, que já nem o patronato a defende como tal?

Talvez o CDS queira ir mais longe e alargar o regime de trabalho a funções até agora tidas como clássicas. Numa newsletter de um escritório de advogados, já se fala que as funções de telemarketing (vulgo call-centers) poderá ser feita em regime de teletrabalho. Outras funções poderiam ser passadas para fora das empresas e para o universo da esfera pessoal dos trabalhadores. Na internet, encontram-se muitos elogios de grandes companhias ao teletrabalho como forma de "promoverem a mudança cultural e a diversidade no ambiente de trabalho" (caso da Repsol). Sobretudo, quando se acentuam as tendências de esvaziamento dos centros das cidades.

As ideias são velhas. Têm décadas e não são essas que irão resolver o nosso problema estratégico. Mas vende-se a ideia na mesma porque faz parte do choque. Primeiro, grita-se que vem aí a robotização. E depois eleva-se o teletrabalho a novo normal. Trabalho em casa, isolados, a olhar para as paredes e para o gato, diante de um monitor com uma câmara. Tudo sem revoltas, nem greves. Entre isso e coser sapatos em 1987, pelo menos nessa altura ainda havia fábricas...

Talvez Mesquita Nunes esteja a prever bem. Quem sabe? Mas está seguramente no lado errado do que deve ser uma sociedade.

26 comentários:

Daniel Ferreira disse...

De facto, não compreendo a frase "“Há uma enorme rigidez no regime do trabalho a partir de casa” "ela é tão grande que nem sequer permite que um trabalhador possa combinar, num dia ou numa semana, trabalho na empresa e trabalho em casa”.

Em muitas empresas do sector a que pertenço, e cada vez mais empresas, não vejo essa rigidez.
Prevêem a possibilidade de teletrabalho flexivel: desde esporádico, a tempo parcial até 2 dias por semana por exemplo, até tempo inteiro, para quem está numa cidade sem filial ou está ligado a projectos e viagens.
Permite ainda que a presença no escritório seja no mínimo 5h, com as restantes a serem em casa.

A única rigidez que vejo é o teletrabalho não ser logo à partida a forma de trabalhar mais natural, em determinadas categorias!
Há certas categorias em que a necessidade de presença no local prende-se apenas com uma mentalidade antiquada de ter que picar o ponto e estar na secretária das 9 às 17h / 18h (depende se sector público/privado).

Mas também não compreendo a dificuldade em ver o benefício que esta medida traz.
Permite gerir necessidades familiares e pessoais, desde apoio a familiares a actividades secundárias como voluntariado.
Seja em trabalho nocturno, serão, fim de semana ou trabalho extraordinário.
Seja escritórios de advogado, projectos consultoria, callcenters ou outros.

Assim de repente, vejo muitos sectores a ganhar com esta medida.
Só os privados? De forma alguma. Quantas categorias profissionais do sector público beneficiariam de tal medida?Administrativos da Segurança Social, Educação, Justiça e administração local.
Imagino inspectores das finanças, gestores da saúde e da educação, agentes judiciários, técnicos de segurança social, ...

Não é para todos? Claro que não.
Quem é operário fabril ou caixa de supermercado não tem forma de trabalhar remoto.
Quem faz atendimento ao público também não pode. Mas isto pode abrir uma flexibilização no tipo de trabalho.
Pode uma determinada categoria profissional do Estado variar entre atendimento ao público e serviço de escritório? Talvez, havendo assim espaço para tele-trabalho flexivel.

Quais os ganhos? Para todos, é obvio.
Financeiramente, desde menos deslocações não imprescindiveis e menos onerosas para o trabalhador, a menor custo de produção no empregador, com menos gastos de serviço e melhor rentibilzação do espaço
Socialmente, trabalhadores mais motivados e melhor retorno produtivo para o empregador

A dúvida virá de uma certa vontade de que "ou é para todos ou não é para ninguém!"?

Daniel Ferreira disse...

Mais, comparar a realidade actual e perspectiva futura do teletrabalho com a realidade antiga (eventual ainda acontece) do trabalho infantil em fábricas ilegais é comparar alhos com bugalhos.

Não tem nada a ver! O tele-trabalho é efectivamente a conciliação das necessidade de ambas as partes, as fabricas ilegais é forma de esconder abusos!

Vejo a ideia do CDS como forma de incentivar e regular uma forma de trabalhar que pode trazer benefícios de parte a parte (trabalhador e empregador).

Há abusos, claro que há, mas não tem a ver com o tele-trabalho: a ideia do "sempre-disponivel", do "sempre-presente", do paternalismo patronal.

Fica a pergunta ao João Ramos de Almeida: quando escreveu este post, estava em casa ou no escritório?

Anónimo disse...

A pergunta de Daniel Ferreira demonstra logo de per si alguma confusão entre o que se faz e porque se faz.

Pensará que o trabalho de JRA resulta da sua actividade como blogger no LdB? Confunde uma coisa e outra?

Estas perguntas são bem reveladoras da demagogia que se esconde por detrás destas mesmas perguntas. E não só

João Ramos de Almeida disse...

Caro Daniel,

Eu sei que há formas, com bom senso, de poder gerir o teletrabalho em determinadas actividades. Sou até suspeito porque, quando fui jornalista e até representante dos trabalhadores, defendi junto da minha administração a possibilidade desse regime ser alargado. E - como disse - esbarrou na incapacidade da administração (juntamente com a Direcção Editorial) de o aceitar. Aliás, cada vez menos se adapta ao trabalho de jornalista que se transformou em linhas fabris de montagem de escrita, um dia destes roborizável...

Agora, uma coisa é em certas actividades isso ser possível e até desejável. Outras é - no actual contexto e no actual quadro global laboral sustentar regimes cada vez mais "flexíveis" que tendem a reflectir quadros mentais patronais, que nem sempre primam pela racionalidade económica e que colocam em causa direitos de outros.

Quando referi o que se passava em 1987 fi-lo na demonstração no que leva a um mercado competamente desregulado. E actualmente há sectores que se mantêm assim. Não será o seu. Mas há e estão em maioria, porque os serviços abrangem cada vez mais pessoas.

Talvez não me tenha expresso devidamente. As minhas desculpas. Mas parece-me que o CDS acaba por achar que quanto mais desregulado melhor e considero que é um erro social enormíssimo. Nada moderno.

João Ramos de Almeida disse...

Caro Daniel,

Creio, pois, que a sua pergunta final ficou respondida, até porque, desde que fui despedido, não sou assalariado.

Queria apenas acrescentar uma coisa: quando defendi no jornal uma possível expansão do teletrabalho, essa ideia esbarrou igualmente nos próprios trabalhadores. A esmagadora maioria não o queria. Queriam vir todos os dias para a redacção, ter alguém com quem estar, partilhar ideias e partilhar o dia-a-dia. Almoçar juntos, falarem, etc. E até por ser uma forma de melhor se concentrar. O trabalho em colectivo tem uma função social de interligação humana que não é dispicienda. As pessoas sentem-se ligadas entre si e à sociedade. Úteis. Humanas.

Portanto, não só estamos a falar de nichos de actividades, como dentro desses nichos, ter-se-ia que abordar o sentimento de todos.

Agora pense no que aconteceria se o patronato tivesse a possibilidade legal de transformar esse trabalho em teletrabalho obrigatório. Pouparia em rendas, transferia custos para os empregados e transformava trabalhadores felizes em infelizes... Bem sei que isso afecta a produtividade e que o patronal recuaria por isso. Mas depende das actividades e dos objectivos de cada empregador. E neste momento, a solução não pode ser dar mais poder a quem o tem demais.

Daniel Ferreira disse...

"essa ideia esbarrou igualmente nos próprios trabalhadores. A esmagadora maioria não o queria." - posso dizer que até sou desses. Em geral não gosto de teletrabalho precisamente por esses motivos, falta a relação humana que só se consegue em presença.

"Pouparia em rendas, transferia custos para os empregados(...)"
É verdade, e qual o problema de o empregador poupar em rendas e custos? Até que ponto esse custo é transferido para o trabalhador? Em gasto de electricidade e internet? E face ao custo de deslocação do trabalhador, poderá a diferença compensar? Para mim, a poupança de combustivel compensa largamente a electricidade e internet que pago a mais !

"transformava trabalhadores felizes em infelizes..." - todos os trabalhadores? Gosto de estar com os meus colegas, mas sou mais feliz sabendo que trabalho remoto quando preciso, seja por motivos externos a minha existência ou motivos internos à minha saúde mental.

Dois pontos que concordo consigo:
1 - Não vejo tele-trabalho obrigatório a pegar, aqui esbarra na inflexibilidade patronal que anda por aí: "Este quer é mandriar".

Mas não é isso que vejo na ideia do CDS. Até usam a palavra flexibilizar: "A ideia do CDS com esta proposta é a de criar condições para introduzir um método de trabalho “que é fundamental para conciliar trabalho e família”, afirma o vice-presidente do CDS.“O que vamos fazer é flexibilizar o regime para que ele se adapte à vida de cada um, dando liberdade às partes de acordar o regime que melhor se lhes aplicar”, explica Mesquita Nunes."
Estamos a falar de tele-trabalho flexivel. Trabalhador e patronato avaliarem as necessidades de ambos, numa perspectiva de "o melhor para os dois". E da capacidade de cada um. Como disse o tele-trabalho não é para todos.

2 - a necessidade de ser regulado. Para a saude mental do trabalhador e produtividade da empresa. Porque se há os mandriões que ficam em casa, também há os patrões que pensam que a casa é uma empresa aberta 24h. Estilo fábrica de calçado em 1987.
Mas novamente de ambas as partes, há os que não conseguem separar as águas, a necessidade do "sempre disponivel se não é o fim do mundo em cuecas".



Jose disse...

« não é o trabalhador quem define os termos da prestação do trabalho. A relação é demasiado desigual para isso»

O princípio do coitadinho no seu esplendor.
Qual trabalhador independente, qual medida do trabalho, qual trabalho à peça.
Se deixado fora do regulamento salvífico da autoria do burocrata central, é a escravatura assegurada.

Anónimo disse...

O teletrabalho é uma forma de transferir o custo das empresas para os trabalhadores, só alguém absolutamente inocente, como parece ser o caso do comentador "Daniel Ferreira", pode pensar que isso irá melhor a qualidade de vida das pessoas ou que irá melhorar o serviço prestado. O João Ramos de Almeida tem toda a razão quando afirma que a mistura da esfera pessoal com a profissional dará lugar à informalidade, e que esta será explorada pelo lado que tem mais poder.

Estamos numa altura em que é muito fácil de perceber quem defende o quê, o CDS defende, ou parece defender, a exploração, precariedade e a desigualdade, é esta a sociedade civilizada que parece terem em mente. Negar os mais elementares direitos constitucionais a cidadãos no nosso país é ou devia ser tido como crime.

Anónimo disse...

A prova da pontaria afinada e certeira do comentador das 17 e 08 está na forma como um representante patronal reage a este texto

Pode-se dizer que este representa os mais grosseiros, medíocres e bem instalados dos patrões

Mas este tipo de linguagem não engana ninguém

Anónimo disse...

17 e 08?

17 e 03, não?

Jose disse...

O culto do trabalhador indefeso, o vitimado, o coitadinho, é a bandeira da esquerdalhada.

Poder-se-ia até imaginar tratar-se de almas particularmente sensíveis, delicadas, caridosas até.
Mas quando se verifica que nada fazem para dotarem os trabalhadores dos meios que os defendam de abusos, medindo e valorizando o trabalho, pugnando que essa medida se reflicta em salário justo, só pensam em mantê-los, frágeis e carentes da protecção de decretos que reconhecem todos os valores menos os que mede e valoriza trabalho.

A conclusão inevitável é que a esquerdalhada requer proletários enfraquecidos e dependentes para assim sustentarem a sua presunção de utilidade social.

Uma história triste e humanamente degradante.

Anónimo disse...

"O culto do trabalhador indefeso, o vitimado, o coitadinho, é a bandeira da esquerdalhada."

Pois é. Ver jose, um conhecido patrocinador de tudo o que ponha em causa o trabalho e beneficie os seus colegas patrões é verdadeiramente uma delícia.

Este quer os trabalhadores desunidos.Vomita o seu ódio de classe e ainda por cima pensa que os outros são parvos

Anónimo disse...

"Poder-se-ia até imaginar tratar-se de almas particularmente sensíveis, delicadas, caridosas até"

Agora está nas rezas. Adivinha-se até a mão beata do Cardeal Cerejeira a imprimir o rumo à mão que escreve, tal como salazar agarrava a mão de cerejeira em tempos idos

Anónimo disse...

"Mas quando se verifica que nada fazem para dotarem os trabalhadores dos meios que os defendam de abusos, medindo e valorizando o trabalho, pugnando que essa medida se reflicta em salário justo, só pensam em mantê-los, frágeis e carentes da protecção de decretos que reconhecem todos os valores menos os que mede e valoriza trabalho.

Isto só pode ser como piada de mau gosto, não é mesmo?

Jose fica em estado comatoso primeiro, depois em estado raivoso em segundo, depois em estado incontinente em terceiro, só ao ouvir a palavra "luta"

Luta dos trabalhadores para se defenderem dos abusos e da rapina patronal. Luta para valorizar o trabalho. Luta para reivindicar um salário justo.

E agora jose vem com este fadinho sobre os frágeis? Frágeis quem se atreve a fazer frente aos grandes patrões que a cada dia que passa estão mais ricos?

Carentes de protecção? Assim a modos como um desajeitado convite para deixar que seja a garra do mercado a decidir? e que a desregulação também aqui cumpra o seu papel do direito do mais forte ao saque?

"carentes da protecção de decretos "?
Mas era este tipo, que não se calava com o art 35 do CSC até ser posto na ordem, agora vem falar desta forma em decretos?

Mas este tipo pensará o quê quando executa estes números de contorcionista?

Anónimo disse...

"A conclusão inevitável é que a esquerdalhada requer proletários enfraquecidos e dependentes para assim sustentarem a sua presunção de utilidade social"

Esta merece uma gargalhada franca.

Vejamos. Jose ainda está montado nas suas convicções de marialva machista.

Pensará que é desta forma que estimula a "virilidade" dos trabalhadores, para que estes se assumam como "machos" e partam para a luta e o combate sozinhos?

A lição do jose será: Não sejam fracos, não sejam frágeis. Não precisam de outros trabalhadores.

Jose definitivamente não está bom da cabeça se pensa que isto leva a algum lado. Espelha aqui um velho sonho dos que se apropriam do trabalho alheio. A da desunião dos trabalhadores. E para tal, até se substitui aos sindicatos e dá conselhos aos trabalhadores, desafiando-os, qual rufia fanfarrão.

Esquece-se de dizer o que faz e o que tem feito

Uma história triste e humanamente degradante. Que não acaba no entanto aqui. Adivinha-se nesta arenga toda de jose o seu receio por uma coisa, que foi já demonstrada há centenas de anos.

É que a união faz a força.


Aónio Eliphis disse...

Eu sei que para a trupe de serviço a experiência alheia vale zero em comparação com a cartilha dogmática; todavia, refira-se que o teletrabalho é uma prática comum por essa Europa fora. O salário é o mesmo, e os benefícios são os mesmos, todavia poupam-se substanciais custos com transportes (para o próprio e para o estado), poupando-se assim o ambiente (poluição, ruído, etc.) reduzindo-se também o tráfego e o tempo perdido nas viagens pendulares. Em acréscimo tem-se mais flexibilidade para se estar com a família, quando possível (por exemplo à correspondente hora de almoço). O autor está a querer misturar falsos recibos verdes e falsos profissionais liberais com teletrabalho, mas não tem nada a ver. Se uma grande maioria de pessoas hoje em dia trabalha apenas com um computador ou um telefone, é algo que pode ser perfeitamente possível de executar em casa. Mas os neomarxistas pararam no séc. XIX, no tempo em que o proletariado operava nas grandes indústrias, paradigma laboral totalmente distinto do da atualidade. Se um patrão pagar todos os benefícios salariais e não salariais ao trabalhador, qual o problema do teletrabalho? Mais um complexo ideológico contra novas tecnologias?

Anónimo disse...

Mais uma vez o aonio eliphis pimentel ferreira a tentar dar-nos música.

Fá-lo todavia da forma desonesta que o caracteriza.

Porque tudo isso já foi debatido com o mesmo personagem. Com o seu salivar constante sobre os "neomarxistas" e outras asnices.

Porque tudo isto é a mesma cassete mas com outros nicks em uso pelo aonio eliphis joão pimentel ferreira

Daniel Ferreira disse...

Gostaria de partilhar aqui uma oportunidade:

https://www.ffms.pt/conferencias/detalhe/2607/o-trabalho-da-que-pensar

A FFMS, promove nos dias 14, 15 e 16 de Setembro mais um Encontro da Fundação, desta vez dedicado ao trabalho. Do impacto da tecnologia ao da demografia, o futuro do trabalho é um dos tópicos mais debatidos da actualidade.

Já sei o que vão dizer: "Ah, mas esse Encontro é promovido pela fundação do Pingo Doce. Só pode sair daqui conversa neo-liberal de direita capitalista"

Whatever! Quem quiser ir que vá, quem não quiser ir que fique na sua

Anónimo disse...

Da fundação pingo doce?

Daqueles trafulhas que fogem aos impostos?

Qual conversa neo-liberal de direita e capitalista. Esses tipos são uns pulhas. Se se admite que se vá aos seus supermercados, ouvir papagueares dos chefes aldrabões desonestos e sem ponta de seriedade passa do que é higiénico

Anónimo disse...

A oportunidade do Daniel Ferreira confunde-se com a propaganda

"A FFMS, promove nos dias 14, 15 e 16 de Setembro mais um Encontro da Fundação, desta vez dedicado ao trabalho".

À exploração do mundo do trabalho?

Estes sacanas?

"A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, alcançou os lucros mais elevados desde, pelo menos, 2000. O grupo encaixou 180 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano.
Os lucros da Jerónimo Martins subiram 3,9% face ao mesmo período de 2017 e atingiram ao ponto mais alto do século. O grupo encaixou 180 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, um valor que não era alcançado desde, pelo menos, 2000 – segundo a comunicação dos resultados divulgada ontem pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Recorde-se que o Pingo Doce preside à Associação Portuguessa de Empresas de Distribuição (APED), a estrutura patronal que tem insistido em manter em vigor a tabela salarial que discrimina os trabalhadores dos distritos fora das áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, que auferem salários mais baixos.

Apesar destes valores, o sector mantém-se como um dos que praticam salários baixos: um quarto dos trabalhadores do comércio grossista e de retalho auferiam o mínimo nacional em 2016.

O Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Escritório e Serviços de Portugal (CESP/CGTP-IN) denunciou, em Dezembro passado, a existência de discriminações salariais em ambos os grupos, particularmente no Pingo Doce, cuja dona preside à associação patronal do sector (APED).

Esta insiste na aplicação de duas tabelas salariais diferenciadas, com valores ligeiramente mais elevados para os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal, e mais baixos para todos os restantes.

Em Junho, foi denunciado o recurso a estagiários pagos abaixo do salário mínimo nacional pelo Pingo Doce, para suprir o pico de procura durante os meses de Verão no Algarve.

Paixão holandesa
A par desta realidade, ambos os grupos construíram uma teia de participações no capital das empresas que detêm, envolvendo várias sociedades constituídas na Holanda, onde o regime fiscal é mais favorável.

Anónimo disse...

Mais trabalho do pingo doce:

Programa de estágios da Jerónimo Martins no Algarve, dirigido para familiares dos trabalhadores
Pingo Doce paga 500 euros por 10 horas/dia e exige silêncio

O Pingo Doce está a propor aos familiares dos seus trabalhadores um «estágio» durante o Verão, no Algarve, a trabalhar 10 horas por dia, com turnos rotativos, a troco de 500 euros.

Num documento interno, a cadeia de supermercados da Jerónimo Martins está a pedir aos seu trabalhadores que «recomendem» pessoas que conheçam para um «programa pioneiro», chamado «Academia de Retalho».

O programa, destinado a «familiares de colaboradores Pingo Doce e JMR (Jerónimo Martins Retalho) de todo o País, excepto ilhas, entre os 18 e os 25 anos», consiste num estágio durante o Verão nas lojas do Algarve, com uma bolsa «no valor líquido de 500 euros» – não havendo qualquer referência à duração do programa.

A troco de menos 57 euros que o salário mínimo nacional, a Jerónimo Martins exige disponibilidade para um «horário rotativo de duas em duas semanas» de dez horas diárias e folgas fixas às quartas e quintas-feiras ou domingos e segundas-feiras. Acrescenta ainda um subsídio de refeição de 5,40 euros em cartão e «alojamento (em quarto partilhado) e refeição extra», mas «apenas para residentes fora da região do Algarve».

«Qualquer falta injustificada, falta de pontualidade, incumprimento de normas e procedimentos internos nas instalações da empresa e/ou do alojamento ou algum acto que ponha em causa a imagem do Pingo Doce ou do Grupo Jerónimo Martins levarão ao abandono imediato do programa sem lugar ao pagamento da bolsa de estágio», termina o documento.

Jose disse...

Toda a cretinagem se arrepia com os lucro do patrão.
Toda a cretinagem finge ignorar que o lucro do patrão é a sua garantia de emprego.
Toda a cretinagem fala em percentagens (de dívida, de desemprego..) excepto nos aumentos salariais/produtividade e nos lucros/capitais próprios. Aí só os primeiros factores interessam em valor absoluto e sempre são ridículos num caso e obscenos no segundo.
Toda a cretinagem se rebola, se masturba na sua condição de vitimada, sem nunca se questionar sobre o que deverá empreender para melhorar a sua condição de vida.

Anónimo disse...

Toda a cretinagem?

Mas que linguagem boçal é esta?

Jose perdeu as estribeiras? É necessário que se chame à ordem este tipo e se peça que deixe de se masturbar assm desta forma incontinente e poesporrenta?

Anónimo disse...

Desaustinado, envergando o seu fato de patrão a berrar pelo seu direito a explorar sem qualquer entrave, dirá este jose:

"Toda a cretinagem finge ignorar que o lucro do patrão é a sua garantia de emprego"

Só alguém muito distraído não vê o que entra pelos olhos dentro. Todo o cretino ( para usar com repulsa esta linguagem boçal) não vê que o trabalho do trabalhador é a garantia do lucro do patrão.

Ou seja, na equação, há quem trabalhe e quem se aproprie do seu trabalho


Entendido ou jose quererá passar como argumentos outros exercícios da sua masturbação?

Anónimo disse...

De forma obscena jose pragueja assim deste jeito incontinente.

É para fazer passar a mensagem do direito do mais forte ao saque?

Invectivando os coitadinhos ( agora convertidos em cretinagem) enquanto faz este choradinho hipócrita e rasteiro sobre o patrão, os seus lucros e os seus proventos obscenos

O pingo doce e os donos deste levam-no a este destrambelhamento onanista. Já não é a primeira vez. Os consultadores financeiros também têm fidelidades para os seus ou isto são apenas berros de classe em defesa da sua classe?

Anónimo disse...

Perante os factos têm que se tirar as ilações devidas.

"Isto" é a imagem duma classe, que se apropria da riqueza produzida e que ainda por cima se comporta desta forma trauliteira e despudorada.

"Isto" é a imagem de quem luta pela manutenção dos seus privilégios de classe e que não só quer manter a sua posição como quer ver aumentados os seus lucros e o seu domínio. Sem escrúpulos nem contemplações.

"Isto" é a imagem de classe de quem pretende fazer crer que as condições de vida de quem trabalha são determinadas por indicação divina e do patrão


Melhorar a condição de vida? Acabar com a apropriação da riqueza por um punhado de mafiosos. Dinamitar uma pirâmide em que 1% têm mais do que os restantes 99%. E destruir um circuito infernal de exploração em que uns tantos se dão ao luxo de se comportar como porno-ricos ( tão defendidos por este jose) enquanto a imensa maioria não consegue mais do que sobreviver

De facto, é altura de dizer basta