«Nós não conseguiremos travar a austeridade se não reestruturarmos a dívida. (...) Esse é o nosso principal problema. (...) Os portugueses ainda olham para nós, à esquerda, com a sensação de que não temos alternativa. (...) Nós sabemos como chegámos até aqui: (...) o processo de integração europeia, a forma como decorreu, (...) foi um processo que prejudicou alguns países e beneficiou outros. (...) E aquilo que hoje estão a pedir à Europa é que sejam os países devedores sozinhos a fazer o ajustamento. Como se os credores não tivessem também responsabilidades em fazer o ajustamento. (...) Um debate da reestruturação da dívida implica (...) entrar na guerra. Na guerra não armada que nós hoje vivemos, uma guerra pela nossa defesa. (...) Nós não temos edifícios destruídos, mas temos coisas mais importantes do que edifícios destruídos: temos vidas destruídas. (...) Um país devedor tem armas. E tem que as saber usar. (...) Uma das armas é a dívida (...), que nós temos e que devemos usar (...). Não digo também que o próprio euro não deva ser usado como arma negocial. Porque a Europa não pode prescindir do euro nem pode aceitar, ou tem dificuldades em aceitar, que (...) a muralha do euro comece a quebrar. (...) Mas nós não podemos ficar por aqui. As pessoas têm que sentir que nós, para além disso, temos uma estratégia de desenvolvimento do país. E é por isso que a esquerda tem que ser capaz também de saltar do debate sobre o ajustamento das contas públicas e passar também para o debate do desenvolvimento industrial do país. (...) O Estado só terá força - e a comunidade só terá força - se nós também tivermos poder sobre a economia, sobre a produção. (...) É impossível conseguirmos derrotar a direita continuando a achar que é possível estarmos de costas voltadas.»
Intervenção de Pedro Nuno Santos, no debate promovido pelo CDA, «Rejeitar o Orçamento, afirmar alternativas», que teve lugar no Liceu Camões, em Lisboa, no passado dia 31 de Outubro. São cerca de 15 minutos, que vale muito a pena ver e ouvir, na íntegra.
4 comentários:
Caro Nuno
Infelizmente, porém, desde o "desnatar" deliberado da saúde e da educação (com desinvestimento no público e incentivos diversos ao privado), até à política do sistemático "virar uns portugueses contra os outros" (nomeadamente todos contra os funcionários públicos) passando pelos queixumes permanentes pela "constituição socialista"... tudo isto é água política muito lodacenta, pela qual o PS é super-responsável: Sócrates, claro, esse muitíssimo; mas bem antes dele, até mesmo Soares e Constâncio.
Desculpe lá, Nuno, mas... que se lhe há-de fazer? A verdade é a verdade, não é assim?
Sinceramente, já não há paciência para tanta hipocrisia, tanto marketing político descaradamente fiteiro, tanta politiquice pós-modernosamente trompe l'oeil...
João Carlos Graça
Carl von Clausewitz escreveu que a guerra é a continuação da política por outros meios.
Este Século XXI ensina-nos que as finanças são a continuação da guerra por outros meios.
Senão vejamos: Quer o Kaiser quer Hitler tentaram impor a Pax Germanica à Europa pela força das armas e ambos foram derrotados e a tal Pax Germanica sofreu fortes atrasos. Agora temos uma inocente senhora, filha de um pastor protestante e educada num regime comunista a conseguir, sem disparar um único tiro aquilo que o Kaiser e Hitler almejaram e não conseguiram, a Europa aos pés da Grande Alemanha... é obra!
Nao é só à esquerda. O centro-direita tem que levar bem a sério isto
http://equitablegrowth.org/2013/11/16/759/this-mornings-must-watch-larry-summers-on-the-danger-of-a-japan-like-generation-of-secular-stagnation-here-in-the-north-atlantic
JL
n basta barba e cabelo grisalho para o pns afinal ser de esquerda, depois do seu passado "socialista". agora já é um utópico, há pouco tempo era um realista. nada disso me convence.
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