O governador do BdP bem pode insistir na importância do sector financeiro para o desenvolvimento das economias. Porém, enquanto não reconhecer que o sistema deve ser reformado de alto a baixo, as suas afirmações não têm crédito. Precisamos de o ouvir dizer: temos de regular a participação financeira no capital das maiores empresas para que estas ponham à frente da distribuição dos dividendos o financiamento do investimento estratégico; é necessário voltar a separar a banca comercial da banca de especulação; deve ser proibida a venda de títulos que ainda não se possui; tem de ser reduzida a velocidade dos movimentos de capital de curto prazo e, se necessário, pelo menos parcialmente suspensa para que os países possam gerir a política monetária e cambial em favor do desenvolvimento. Então talvez o governador comece a ganhar a credibilidade que, hoje, o cidadão comum não lhe concede. Em particular, também porque nunca demonstrou a existência de um elevado risco sistémico na falência do BPN, um caso em que o BdP surgiu aos olhos dos portugueses como um supervisor falhado, ou cúmplice por omissão.
(Excerto do meu artigo desta semana no
jornal i)
2 comentários:
Entregaram aos donos dos casinos o controlo do jogo e o resultado é o que conhecemos.
Quantos BPNs não andaram por aí escondidos, quanto lixo tóxico, quantas mais bolhas prestes a rebentar.
A evidência das evidências é que o chamado "mercado" - eufemismo a somar a outros eufemismos para confundir incautos - começa a ser encarado como o causador da desgraça.
O cerne da questão está no sistema monetário. O poder de criar dinheiro não pode estar nas mãos dos intermediários. Quando assim é, dá nisto.
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