quarta-feira, 2 de junho de 2010

Heresia sensata I

“O BCE tem de cometer a heresia de imprimir moeda e cair na tentação de inflacionar a economia. Temos de ser pragmáticos, tirar todas as palas dos olhos e do pensamento e aplicar as melhores soluções mesmo que sejam uma heresia monetária. A crise que vivemos é demasiado perigosa, é tóxica, sim, mas porque ameaça os pilares que garantiram a paz europeia durante mais de meio século.”

Helena Garrido

Nem mais. O financiamento monetário dos défices públicos é do mais elementar bom senso em situações de crise como a que vivemos, ajudando os Estados a combater o aumento do desemprego. De qualquer forma, os seus impactos inflacionários, certamente modestos num contexto de pressões deflacionárias e de desemprego de dois dígitos, não são nada comparados com o fim eminente do euro se nos mantivermos colados à ortodoxia inscrita em tratados atirados, de uma forma ou de outra, para o caixote do lixo da história. Além disso, um pouco de inflação é do melhor para quem está endividado: os rendimentos tendem a crescer a um ritmo superior ao do custo da dívida. Hoje o perigo é o oposto: em situações de deflação, o fardo real da dívida aumenta...

8 comentários:

Anónimo disse...

Fico sem perceber o que lhe parece pior. Eu reescrevia isto: "De qualquer forma, os seus impactos inflacionários, certamente modestos num contexto de pressões deflacionárias e de desemprego de dois dígitos, não são nada comparados com o fim eminente do euro se nos mantivermos colados à ortodoxia inscrita em tratados atirados, de uma forma ou de outra, para o caixote do lixo da história."

Eduardo disse...

Deve então ser o povo alemão a sustentar o povo português? E quando o povo alemão se aperceber disso, vai continuar a querer sustentar-nos?

Anónimo disse...

Eduardo, o povo português é que tem sustentado o alemão ao comprar-lhe os produtos. De onde é que julga que vieram o Lidl e os submarinos?

João Aleluia disse...

1. O fim do euro é inevitavel, depois do pacto suicida de dia 9 de maio. Precisamente porque o stock de divida da italia, da espanha e possivelmente ateda frança, que neste momento já estão no limite do sustentavel (no caso da italia e da espanha) e algo abaixo disso no caso da frança, daqui por 2,3 anos vão estar muito para alem do sustentavel e vao obrigar estes paises a sair do euro e a monetizar as dividas. Isto levará ao inevitavel fim do euro.

2. Estas monetizações não são uma boa soluação, são apenas a consequência inevitavel das politicas irresponsaveis que têm sido seguidas.

3. A solução que o João Rodrigues defende, inflacionar a zona euro inteira e obrigar os alemães a pagar um forte imposto inflação para sustentar a irresponsabilidade de estados terceiros, é um obvio disparate. E é um obvio disparate poque:
a) os alemães não são assim tão estupidos e não vão pagar indefinidamente a estabilidade financeira dos piigs, sobretudo quando os piigs representam uma fração cada vez menor das exportações alemães; e mesmos que os alemães fossem nessa conversa era um disparate porque estavamos a inverter os incentivos. Estavamos a punir as economias mais eficientes com inflação e a subsidiar as economias altamente ineficientes dos PIIGS.
b) inflacionar a zona euro nem sequer é uma solução, mas apenas um cuidado paliativo, uma vez que o problema de fundo é que a maior parte dos estados da zona euro têm um nivel de despesa insustentavelmente superior ás receitas que têm.

4."Além disso, um pouco de inflação é do melhor para quem está endividado:"

Sem duvida, e do pior para quem foi responsavel e gerou poupança. Pessoas como eu, e como os poucos portugueses responsaveis que não vivem acima das suas possibilidades, vão ver as suas poupanças a valer muito menos porque o estado, não contente com a já astronomica carga fiscal ainda vai roubar as pessoas com o imposto inflação.
Adicionalmente, numa economia como a nossa que precisa desesperadamente de poupança, nada pior do que destruir ainda mais a pouca poupança que ainda existe e mostrar as pessoas que pouparam que afinal não vale apena poupar!

5."Eduardo, o povo português é que tem sustentado o alemão ao comprar-lhe os produtos. De onde é que julga que vieram o Lidl e os submarinos?"

Este comentario é de quem desconhece por completo os numeros. As exportações para Portugal são completamente insignificantes para a Alemanha. Portugal podia simplesmente deixar de importar produtos alemães que isso nem sequer fazia a bolsa de frankfurt fechar um dia no vermelho. E já agora o mesmo se aplica à grécia e à irlanda.

Anónimo disse...

Tá visto que alguns dos comentadores não percebem que para haver países superhavitários tem de haver outros tantos déficitários. !!!!
É por isso que ao superhavit dos alemães correspondem os déficites de Portugal, da Grécia e de outros países.
É, pois, cristalino que somos nós a sustentar o povo alemão e não o inverso.

Carlos disse...

que estupidez. nós é que suportamos os alemães???
então é assim que funciona: eles produzem bens, enviam-nos para Portugal, nós consumimos os bens e em troca ainda pedimos dinheiro emprestado para pagar os bens que eles próprios próprios produziram.

suponho que na sua família seja igual. os pais trabalham e produzem mas na prática os filhos é que os suportam porque sem eles os pais não teriam como gastar o dinheiro. Faz sentido.

Provavelmente um dos comentários mais idiotas que vi por aqui e olhe que a concorrência é forte

João Aleluia disse...

"Tá visto que alguns dos comentadores não percebem que para........
.........É, pois, cristalino que somos nós a sustentar o povo alemão e não o inverso."

O que me preocupa quando vejo este tipo de comentários é saber que uma grande maioria dos Portugueses anónimos, como o do comentário, são tão ignorantes que estão vulneráveis a este tipo de manipulações, e podem vir a ser usados pelos poderes instituídos no meio do caos que se avizinha.

Anónimo disse...

Tá visto, este Carlos e este Pai Natal são uns supra sumos de primeira.!?
Afinal sempre temos alguém que percebe alguma coisa disto.!?