A finança mantida à tona com os milhares de milhões públicos está agora a tentar (e a conseguir?) transformar a crise em oportunidade. O alvo dos apetites são os serviços públicos, em primeiro lugar a saúde e a educação.
Aos Estados que se endividaram para a salvar, a finança exige austeridade. E os governos cortam... nos serviços públicos.
Num hospital, a família do doente tem de se deslocar a uma farmácia de serviço para comprar os medicamentos para o doente internado porque a farmácia hospitalar passou a fechar ao domingo. Noutro, a urgência pediátrica fecha (temporariamente?). Numa vila remota o ministério da educação transfere os alunos para a vila mais próxima, a hora e meia de distância. Tudo justificado com a preocupação com a qualidade. A verdade, no entanto, é que a verba está a ser cortada.
O recuo da oferta pública é acompanhado de um avanço da provisão privada. O que está na forja é um sistema dual: um serviço de saúde e uma escola (mínima) para quem não pode pagar, outro serviço (que promete qualidade) para quem pode; a classe dos que podem e a classe dos que não podem, como dantes. É isto que realmente queremos?
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9 comentários:
Se o comentador fosse o Primeiro Ministro cada família espalhada por todo o território nacional tinha uma escola primária, uma preparatória, uma secundária, uma universidade e um hospital altamente equipado e a funcionar 24 horas por dia à porta.
Os cortes devem-se à queda na receita (a qual se deve muito ao estado gordo e ineficiênte e ao "estado social" num país de mentalidade latina). Esse incitamento ao ódia à "alta finança" já mete dó!Eu já disse e volto a dizer... porque é que as centenas de milhar de agitadores de extrema esquerda não criam um fundo e abrem um banco que se reja pelos vossos princípios???
Ó Capo, eu explico-te os cortes: a crise financeira que se tornou económica posteriormente nos E.U.A. espalhou-se pelo Mundo (com o grau de interdependência entre as economias nacionais, é inevitável). Crise no mercado bancário -> crise no crédito -> empresas faliram -> aumento de desemprego -> diminuição da procura -> desacelaração extrema da inflação. Para além dos efeitos indirectos que teve a nível de estabilizadores automáticos, aumentando enormemente as despesas do Estado e diminuindo as suas receitas.
Muito basicamente, isto foi o que aconteceu.
E não tenhas dúvidas meu Capo, se não fosse o teu mal-amado Estado a intervir, estávamos agora a viver na idade média...
Mas claro que os ideólogos neo-liberais teriam que aproveitar este voluntarismo do Estado para nos fazer uma lavagem cerebral, já depois da recuperação do sistema bancário, dizendo: " Se o Estado tem elevados défices e dívida pública é porque é ineficiente e a culpa é do Estado". Ou seja, o lema: "Se houve crise é porque os mercados não foram suficientemente liberalizados" está mais vivo que nunca.
Repito as 3 ideias do meu comentário:
1) O Estado transferiu o risco do sector privado para si;
2) O Estado transferiu o risco do sector privado para si;
3) O Estado transferiu o risco do sector privado para si.
Mas claro que a culpa é do Estado em ter intervido, aí estou de acordo contigo.
Mas não te preocupes que também vais pagar com língua de palmo, meu Capo, a não ser, claro, que vivas na Quinta da Marinha...
Os cortes devem-se à queda na receita, é verdade.
Mas não é nada por o Estado ser gordo ou ineficiente. Os principais gestores do privado estiveram no Estado antes.
Porque é que há queda na receita?
O que é que dá lucro, hoje em dia?
Os bancos. Eram do Estado. Já não são.
A energia. Era do Estado. Já não é.
As telecomunicações. Eram do Estado. Já não são.
As auto-estradas. Eram do Estado. Já não são.
Etc. etc. etc. etc. etc.
É esse o problema. E apenas esse.
o mais curioso (e repugnante) é serem os "socialistas" a abiri o caminho...
Giro, giro é que são esmagadoramente mais os que não podem pagar. E mesmo assim, almas de carneiros explorados, votam em quem lhes lixa a vida.
É isto que queremos.
Pelo menos os 75% que votaram nesse sentido nas últimas eleições.
Eu não disse que se deve SÓ! Eu disse que se deve muito! Em algo tão complexo como uma economia muito dificilmente há só uma razão. Para além da crise internacional, que ninguém nega os seus impactos, é bastante legítimo pensar, por exemplo, que a consolidação orçamental que o governo praticou na primeira legislatura e que se deu pela via da receita, teve a sua quota parte nas falências que se seguiram pelo estrangulamento que causou. Assim como a TSU cujo valor é absolutamente absurdo.
Mas voltando ao assunto. Essa crise financeira, à qual já se precedia uma crise económica ocidental, foi culpa de uns cabrõesinhos nos estados unidos.. não foi culpa da banca europeia ou portuguesa. Essa imputação feita no post nada mais é do que um discurso incendiário de retórica barata digna de um sindicalista marxista com a 4ª classe.. ou somos minimamente sérios.. ou então não o tentemos parecer!
1. Não digo que não haja escolas e centros de saúde que devem ser fechados por não terem condições, no entanto é fundamental que haja alternativas melhores disponiveis, e como se vê nos telejornais, nem sempre é o caso.
Quanto à degradação do ensino publico, dos serviços publicos em geral, e à privatização de monopolios. São factores fundamentais que levaram ao empobrecimento do país. Enfim, mas já comentei várias vezes sobre estes assuntos, não me vou repetir.
2. "porque é que as centenas de milhar de agitadores de extrema esquerda não criam um fundo e abrem um banco que se reja pelos vossos princípios???"
Eu ajudo, e sinceramente acredito que actualmente há espaço no mercado para um banco destes. Se houver por aí pessoal que queira investir num projecto destes, eu estou disposto a contribuir.
3. "E não tenhas dúvidas meu Capo, se não fosse o teu mal-amado Estado a intervir, estávamos agora a viver na idade média..."
É verdade, talvez não na idade média mas lá próximo. No entanto discordo profundamente da forma como os estados interviram. Pois ainda que a expansão monetaria inicial para manter o dinheiro a fluir tivesse sido inevitavel. Os estados deviam ter auditado todos os grandes bancos deixado cair os que fossem insolventes e apoiado em larga escala os credores para impedir a propagação. No caso dos verdadeiramente too big to fail, eram poucos mais havia alguns, estes deviam ter sido totalmente e permanentemente nacionalizados, e depois passados uns anos procedia-se ao break-up destas instituições e a reprivatização.
4. "E mesmo assim, almas de carneiros explorados, votam em quem lhes lixa a vida."
Pois votam, chama-se a isto democracia! Quem escolhe os governos é a maioria, e quando a maioria são analfabetos, o resultado é este!
A democracia é um delirio de economias em vigoroso crescimento, em que todas as asneiras e desperdicios passam despercebidos! Espero bem que tenha os dias contados!
5. "...qual já se precedia uma crise económica ocidental, foi culpa de uns cabrõesinhos nos estados unidos.."
A sério? Sabia que o maior issuer do mundo de MBS (Mortgage Backed Securities) era o Royal Bank of Scotland (RBS)? Mais, os bancos porgueses também estavam, e estão, ultra expostos ao mercado imobiliario Português que tambem vivia, e de certo modo vive ainda, numa mega bolha.
Os abusos maiores terão sido cometidos em wall street, mas os bancos europeus não estão de modo algum livres de culpas!
não , não é isso o que queremos...mas também não queremos uma escola em que nada se exige aos alunos. não quero burros na família , logo , só me restam 2 hipoteses , e nenhuma delas passa pela escola pública : ou ensino eu em casa , ou mando-os para os irmão maristas. agora ,jamais posso mandar os pitos para um lugar em que vão deaprender o que lhes ensino em casa . é que disciplina trabalho e rigor são essenciais na vida. a comidinha não cai do ceu , logo , notas e passagens de caracaca , são ilusões que de nada servem na vida.
e a culpa não é nossa , dos cidadãos sem poder. mas não nos pode culpabilizar por não aderirmos ao sistem da mediocridade e procurarmos uma solução. o normal é a geração seguinte saber mais que a anterior. e eu quero que o ciclo da normalidade continue , pelo menos na minha família.
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