Oh Deus, que fazias nascer o sol todos os dias, enquanto repenicavam em Wall Street os alegres sinos de abertura. Coro: o que vai ser de nós?
Oh Deus, que fazias chegar a noite depois de ter provido a carteira nossa de cada dia. Coro: o que vai ser de nós?
Oh Deus, que nos acordas na incerteza, para dia sim nos fazer subir em euforias e dia não descer aos infernos da penúria. Deixas-nos sós com os nossos medos. Coro: o que vai ser de nós?
Oh Deus, que arrasas catedrais ou as entregas ao Monstro-cujo-nome-não-devemos-soletrar. Coro: o que vai ser de nós?
Porque te zangas, oh Deus? Porque os sacerdotes sucumbiram à incúria e não regularam como deveriam regular o seu rebanho? Porque a saudável ambição de sucesso que dá sentido à vida se transformou em ganância? Porque os homens enfim pecaram?
O que pedes, oh Deus? Castigo para os culpados? Sacrifícios? Quanto queres? Os setecentos mil milhões prometidos? Queres cinco milhões de milhões? Coro: o que vai ser de nós?
E pior que tudo, oh Deus (vem agora a maior de todas as ofensas) é a traição! São fariseus! Cantam-te loas nos dias felizes e abandonam-te na desventura. Entregam-se agora ao Monstro- cujo-nome-não-devemos-soletrar. Perdoa-lhes, oh Deus, se perdem a fé. Que sentido faz toda uma vida, se Tu, nos teus desígnios insondáveis, retribuis a devoção com pragas e castigos?
sábado, 27 de setembro de 2008
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5 comentários:
Parabéns pelo seu blog.
Um abraço,
M
apreciei. esta "encenação" de tragédia grega...
Donde se prova que os economistas se estão a ver gregos... O pior é que os outros se vão vendo albaneses...
Muito bom!
ehehehe :)
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