quinta-feira, 18 de setembro de 2008

É o fim do capitalismo? I

Claro que não. A direita intransigente pode dormir descansada. Parece-me que a pergunta adequada, à luz da actual correlação de forças políticas e intelectuais e daquilo que sabemos sobre os sistemas económicos, é outra e é mais longa: será que isto é o fim de uma certa configuração do capitalismo, sob hegemonia da finança de mercado, que atingiu o seu máximo desenvolvimento no mundo anglo-saxónico e que gerou um padrão de desigualdade e de instabilidade sem precedentes desde 1929? Pode ser que sim. A fragilização endógena de Wall-Street e da City londrina abre uma janela de oportunidade para reformas estruturais (este termo costumava ser da esquerda, lembro-me de ler um discurso de Palmiro Togliatti...). Para isso é preciso perceber o que nós levou até aqui e apresentar propostas de mudança. Vou tentar em próximas postas recuperar o que já se escreveu neste blogue sobre estes assuntos e defender a tradição marxista-keynesiana (esta tradição existe, ao contrário do que acham muitos à esquerda e à direita, – ver este excelente artigo no Le Monde escrito por vários economistas da ATTAC – e pode ter hífen e tudo, mas sem dogmatismos...). Reformar, para gerar um sistema capitalista mais igualitário e decente (porque existe variedade no capitalismo) e a acumulação de forças democráticas, de conhecimento e de confiança que podem um dia autorizar voos mais ambiciosos, mas sempre no quadro de uma economia impura. Infinita paciência e alguma prudência.

1 comentário:

F. Penim Redondo disse...

Convem talvez estudar também a hipótese de esta crise ser, no essencial, um redistribuição da riqueza a nível mundial.

Até pode acontecer que, em vários pontos do globo, haja quem se esteja a rir e a planear abocanhar mais umas fatias do bolo a baixo preço.

Isto até pode nem ser bom...

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Three Chinese institutions were among the world's top four banks at the end of 2007 at a time when the market capitalisation of Western banks was suffering from a global financial crisis, a study showed Wednesday.

The number one spot in the rankings, compiled by the Boston Consulting Group, was occupied by the Industrial and Commercial Bank of China, with market capitalisation of nearly 340 billion dollars (218 billion euros).

In second place was China Construction Bank, followed by HSBC of Britain, Bank of China, Bank of America and Citigroup of the United States.

The study found that banks in North America and Western Europe had suffered a loss of 695 billion dollars in market capitalisation at the end of 2007 while their counterparts in emerging market countries Brazil, Russia, China and India had seen their market capitalisation increase by 753 billion dollars.

Major US and European banks have suffered losses and asset writedowns stemming from the near collapse of US subprime - high risk - mortgage sector, which undermined the value of billions of dollars' worth of their mortgage-backed securities.

AFP 2008