sábado, 27 de setembro de 2008
A nova esquerda e o regresso das velhas questões
«À luz disto, o impensável aconteceu: o Estado deixou de ser o problema para voltar a ser a solução; cada país tem o direito de fazer prevalecer o que entende ser o interesse nacional contra os ditames da globalização (...) Não estamos perante uma desglobalização mas estamos certamente perante uma nova globalização pós-neoliberal internamente muito mais diversificada (...) o Estado que regressa como solução é o mesmo Estado que foi moral e institucionalmente destruído pelo neoliberalismo, o qual tudo fez para que sua profecia se cumprisse: transformar o Estado num antro de corrupção (...) se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução» (Boaventura de Sousa Santos na Visão). Neste importante artigo sobre a crise financeira, destaquei as passagens referentes ao Estado. A vida encarrega-se de confirmar a centralidade e plasticidade do Estado. Uma parte da esquerda racionalizou a sua impotência política pensando que podia prescindir do Estado, do combate pela hegemonia no campo das políticas públicas e do árduo de trabalho de conquistar terreno eleitoral, buscando a maioria. Preferiu refugiar-se em localismos e globalismos etéreos. Está na hora de regressar ao poder que conta, à luta «pela refundação democrática do Estado», à análise das «contradições entre classes nacionais e transnacionais» e às «políticas de alianças». É aqui que tudo se continua a decidir. Sobre isto, pode também ler-se com muito proveito este artigo de Emir Sader na New Left Review. É sobre a América Latina como elo mais fraco do neoliberalismo. Oferece lições gerais. Hegemonia, bloco histórico e alastramento da democracia. A esquerda que conta é a que não abandona as velhas e díficeis questões que estão por resolver.
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2 comentários:
“transformar o Estado num antro de corrupção (...) se o Estado não for profundamente reformado e democratizado em breve será, agora sim, um problema sem solução”
Completamente de acordo.
A ferramenta Estado só tem interesse na aplicação de quaisquer políticas, desde que ele seja pessoa de bem.
E hoje, não é!
Discutir-se mais ou menos Estado, ou o que nos interessa a nós – a não destruição do Estado social - , sem a reforma e a democratização do mesmo, é uma causa perdida.
Isso demora pelo menos dois meses a chegar-me a casa e não gosto nada de ler na internet. Só me resta esperar, como sempre!
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