«Esta ideologia extremista do mercado livre, também chamada de "ajustamento estrutural", contrariou as lições de sucesso do desenvolvimento dadas pela China e pelo resto da Ásia. Uma estratégia prática de desenvolvimento reconhece que os investimentos públicos na agricultura, saúde, educação e infra-estruturas são complementos necessários ao investimento privado.Em vez disso, o Banco Mundial olhou, erradamente, para esses investimentos públicos como um inimigo do desenvolvimento do sector privado».
Jeffrey Sachs, hoje uma «estrela» da economia do desenvolvimento. É bom saber que até os economistas mudam de opinião. Afinal de contas o próprio Sachs inspirou, entre outros, o desastroso processo de ajustamento estrutural na Bolívia na década de oitenta e a infeliz «transição» russa da década de noventa. Todas com o patrocínio do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. Sobre esta mudança de opinião vejam esta recensão de Doug Henwood, um grande jornalista económico norte-americano, ao Fim da Pobreza, o último livro de Sachs.
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2 comentários:
Não sou economista e poderão naturalmente escapar-me questões relevantes para a análise do problema. Mas parece-me que o ajustamento da Bolívia foi bem feito até um certo ponto, não tendo depois sido aplicado o resto da receita. O Jeffrey Sachs explica isso no livro. Parece-me que culpá-lo pela situação da Bolívia é um claro excesso. As próprias relações dele com o FMI e o Banco Mundial sempre foram muito esforçadas e tensas, o que significa que o que estas instituições preconizavam e continuam genericamente a fazê-lo, não é exactamente o mesmo que Sachs. Para aquelas uma das principais partes da receita é sempre uma elevada prioridade no pagamento da dívida, enquanto para Sachs, o desenvolvimento do país é o fundamental para criar condições de um retorno sustentado quer para as populações, quer para potenciais investidores.
Na Bolívia conta-se uma anedota: de todos os "Chicago Boys", o Al Capone é o que tem menos mortos na consciência.
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