Muitos economistas excedem-se no seu esforço para promover uma redistribuição do rendimento que favoreça os mais ricos. Fazem-no com argumentos corroborados por «evidência» frágil e que escondem as suas hipóteses de base mais inverosímeis. É agora o caso de Luís Aguiar-Conraria (artigo publicado no suplemento do Público) que procura ultrapassar Tiago Mendes pela direita propondo a eliminação do imposto sobre o rendimento e a sua substituição por um único imposto sobre o consumo (IVA) com umas transferências universais para dourar a pílula. Garante-nos o paraíso na terra: equidade e aumento da eficiência. Quanto à equidade, é evidente que os mais ricos pagariam muito menos impostos e que a capacidade do sistema fiscal para promover a redistribuição do rendimento seria largamente afectada. Quanto à eficiência, o argumento resume-se a uns «inegáveis impactos sobre o Rendimento Nacional» causados por um supostos maiores «incentivos para trabalhar».
E depois vem a frase final «Isabel Correia, investigadora do Banco de Portugal, dissecou estas contas» e concluiu que «os mais pobres seriam os mais beneficiados». É falso. Estamos a assumir que o autor se refere ao já famoso artigo publicado no último boletim trimestral sobre economia portuguesa do Banco de Portugal que demonstra que esta instituição é hoje porta-voz das ideias mais extremistas em matéria de política económica. Na realidade, o artigo de Isabel Correia não passa de uma ficção que só alimenta uma agenda socialmente regressiva. Como o artigo de Luís Aguiar-Conraria.
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5 comentários:
Não percebo como é que se pode aumentar a equidade do sistema fiscal
abolindo um imposto progressivo como o IRS. É no mínimo paradoxal. Mas se calhar sou eu que não percebo nada.
"Mas se calhar sou eu que não percebo nada.
É uma hipótese que não deve ser descurada.
http://www.thenation.com/doc/20070611/hayes
Sobre o que acontece a quem afronta a ortodoxia.
Caro L. Rodrigues,
É bem verdade. Em Portugal também existem casos destes.
carim:
Um imposto progressivo não promove a equidade. Uns pagam mais que outros.
Admito que equilibre a distribuição de riqueza, mas sempre à custa do desiquilíbrio das contribuições. Igualdade, só dentro do mesmo escalão.
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