A taxa de desemprego é um dos indicadores socioeconómicos mais politizados. E ainda bem porque o desemprego é um problema de sociedade. Em Portugal, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), sob a tutela directa do Ministério do Trabalho, e o Instituto Nacional de Estatística (INE) usam diferentes metodologias para calcular a taxa de desemprego. O primeiro calcula-a basicamente através do número de inscritos nos centros de emprego e o segundo através de inquérito por amostragem. Muitas vezes os resultados são diferentes. Actualmente, enquanto o IEFP anuncia descidas da taxa de desemprego, o INE anuncia que esta atingiu o valor mais elevado dos últimos 21 anos.
Como demonstra Eugénio Rosa há fundadas razões para suspeitar dos indicadores do IEFP. Este economista da CGTP fala mesmo de «uma gigantesca campanha de manipulação dos dados do emprego registado pelo IEFP com o objectivo, por um lado, de criar a falsa ilusão a nível de opinião publica que o desemprego está a diminuir e, por outro lado, para desacreditar os dados do INE que não agradam nem ao governo nem ao poder económico». Fala também de um «estranho e inexplicável fenómeno do desaparecimento de um numero extremamente elevado de desempregados que se inscreveram nos centros de emprego mas que não aparecem no total de desempregados divulgados todos os meses pelo IEFP».
Nos dados do INE para se ser considerado «empregado basta que um individuo com mais de 15 anos tenha "efectuado um trabalho de pelo menos uma hora no período de referência" (período de referencia correspondem a 3 semanas anteriores ao inquérito)». Uma definição muito liberal. Apesar disso, estes parecem ser hoje os dados mais fiáveis. A situação preocupante que revelam não pode ser por isso escondida.
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1 comentário:
O Eugénio Rosa também por hábito calcular uma taxa de desemprego mais ampla (e mais real). Aos dados do INE, ele acrescenta os desempregados que não procuraram emprego ou alguns inactivos desincentivados.
http://obitoque.blogspot.com/2007/05/continuamos-espera.html
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