Os bancos, como sabemos, estão a financiar-se junto do BCE a juros muito baixos, de cerca e 1%, o que faz parte da (necessária) política do BCE de injecção de dinheiro na economia. Por acaso, em nenhum dos países onde isso é feito em maiores quantidades, o dinheiro está a chegar à economia. Porquê? Porque os títulos dos estados são melhor negócio. Esses rendem entre cerca de 5 e 15%, consoante sejam italianos, espanhóis ou portugueses. Muito bem. São os mercados e os bancos são os mercados. Mas há mais. A razão porque os títulos portugueses rendem mais do que os outros títulos europeus e do Sul é porque Portugal está em pior situação e o seu risco de default é maior. É essa a razão, o prémio de risco. Não há outra. Ora, se os bancos portugueses têm conversas com o governo ou com o BdP sobre a não reestruturação da dívida pública, não deviam ter porque estariam a ser informados de coisas que não deviam saber. Para além de que, ao comprarem os títulos, na próxima quarta-feira, tudo farão junto do BdP e do governo para que a reestruturação, efectivamente, não se faça. E o Estado, em vez de pedir mais tempo ou mais dinheiro, financia-se a juros mais alto, sendo que o valor da emissão chegará aos 1.500 milhões de euros. É assim ou não é?
Pedro Lains, Azar moral o nosso?
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3 comentários:
Porque é que os Estados não se financiam diretamente no BCE? Porque é que têm de passar por usurários que fazem um negócio fabuloso? Os estimados economistas feste blogue têm alguma resposta?
“…ao comprarem os títulos, na próxima quarta-feira, tudo farão junto do BdP e do governo para que a reestruturação, efectivamente, não se faça”
Mais palavras para quê? Já há muito que os banqueiros vêm marcando a agenda, não hesitando em deslocarem-se a S. Bento, e pressionar, se necessário. Com esta arquitectura, espera-se o quê, que os banqueiros não continuem a perseguir o cheiro do dinheiro? Ainda por cima com a composição dos governos que nos vão calhando na rifa (dispenso exemplos). Esta é uma luta desigual, e jamais se vai “sair disto”, assim.
A razão oficial para que isso não aconteça relaciona-se com o controlo da inflação. Mas MUITOS economistas contestam este sistema que, para defender o valor da moeda, sacrifica o emprego e possibilita elevados lucros para os grandes grupos financeiros.
É uma questão tanto económica como politica.
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