Ouvi ontem na Antena 1 um programa chato, mas mesmo chato, que já vai no número oitenta. Chama-se geometria variável e tem Nuno Severiano Teixeira (PS sem D) e Carlos Coelho (PS com D) como comentadores residentes, coadjuvados por Maria Flor Pedroso.
Tinha melhor opinião desta jornalista: não é de todo um programa de debate, dado que todos estão basicamente de acordo – “como disse Carlos”, “como disse Nuno”. Trata-se da geometria invariável do liberalismo armado, entre Washington e Bruxelas, incapaz de compreender um mundo em mudança.
Por coincidência, ainda ontem, ouvi o programa contraditório, com Raul Vaz e Luísa Meireles. Um programa sem qualquer contraditório. E que dizer do programa visão global ao Domingo? É sempre só uma visão e é paroquial.
Confirma-se que a situação no comentário sobre questões políticas, sobretudo internacionais, consegue ser ainda pior do que na economia sempre política.
Sim, o declínio editorial é óbvio também entre os melhores.
4 comentários:
Pois... O declínio editorial é só um dos múltiplos declínios que se podem observar dentro do tão estrondoso quanto catastrófico declínio social, económico, ético e moral daquilo a que, muito modestamente, costumam as elites ocidentais chamar de "comunidade internacional": a UE, os EUA, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, e esse país honorariamente ariano que dá pelo nome de Japão.
Numa reedição dos anos 20/30 do século passado, veremos que - mais cedo do que tarde - a solução que o "deep state" terá para manter o seu poder sobre as massas (cada vez mais) destituídas será o (neo)nazismo e o(neo)fascismo.
Quando os valorosos "freedom fighters" de bracinho em riste e botas cardadas (aqueles que sobrarem) retornarem da muito democrática Ucrânia (do que dela restar, melhor dizendo) aos seus países de origem, armados até aos dentes com o arsenal de mísseis portáteis e armas automáticas que a OTAN tão sabiamente lhes pôs nas mãos, veremos se os extremamente corajosos apreciadores do projecto europeu ( de direita, de "esquerda" e dessa imbecilidade em forma de coisa nenhuma que é a salada de verde com tempero de cores do arco-íris) continuarão a cantar loas em público ao "multiculturalismo", à "política de género", à "diversidade" e a esse sucedâneo do "pretinho das missões" que é o adoptar de um (ou de vários) refugiados, ou se conseguirão, em urbano e muitíssimo pacífico contraditório, trocar profundíssimos argumentos com essa gente tão civilizada.
Até lá (um "até lá" muito breve), os meninos e as meninas continuarão a brincar - pois é daí que lhes vem aquilo com que se compra os melões - às casinhas europeias, muito bem enfarpelados nos seus fatinhos brilhantemente enfeitados de humanitarismos vesgos, pacifismos "ad hoc", cosmopolitismos da treta, multiculturalismos de fancaria, "diversidades" cada vez mais diversas no seu único sentido de diversidade e democracias onde todos se julgam senhores, mas onde o amo é um só.
Apertem os cintos, pois a viagem, no sentido descendente, vai ser muito atribulada.
Até sempre.
Totalmente de acordo.
E que dizer do inenarrável Pedro Marques Lopes?
Ou do sinistro Proença de Carvalho, sempre nos bastidores, há anos nos interstícios dos poderes de facto e a política, apresentado como um senador ?
Isto é de bradar aos céus!
Não podia estar mais de acordo com o artigo descrito! porque já ouvi várias vezes ambos os programas em que todos têm a mesma visão do que se discute, inclusive o/a jornalista. Há dias na janela global da RTP 3 o convidado foi o Sr. Severiano Teixeira para comentar o documentário do cineasta Oliver Stone com as entrevistas ao Sr. Putin que a Rtp3 iria públicar nos dias seguintes. Então notava-se na sua face o grande incomodo-quiçá por essas entrevistas irem para o ar-
e desmontarem a sua narrativa da defesa incondicional da política externa " sem mácula"! dos EUA.
Concordo, claro.
Só não entendo porque é que tinha outra opinião desta influente jornalista que -segundo a wikipédia -foi bolseira por concurso da Flad, em 1994 num curso na Boston College of Communication e bolseira por convite do German Marshall Fund em 1996.
Foi, também, pela sua mão que uma neoliberal comentadora de economia chamada Helena Garrido se tornou funcionária pública na RTP.
Recentemente, a Pedroso passou a moderar (literalmente) o programa "Radicais livres" cujos intervenientes (de quem nem sequer gosto) fugiam sistematicamente ao institucionalizado discurso anti-russo/Zelenskyano. Coincidência?
Vieira
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