As partes 1 e 2 destas série podem ser consultadas aqui e aqui, respetivamente.
1) 8) Só o CHEGA defende os polícias. A esquerda só defende os criminosos. Este é um dos principais argumentos dos apoiantes do CHEGA. Merece, por isso, um cuidado especial. Comecemos pelo início: em democracia, qual é a função das forças de segurança? As forças de segurança são compostas por um conjunto de cidadãos (polícias) a quem se atribui a exclusividade do uso de mecanismos repressivos e armas de fogo com o estrito fim de deter quem se encontra a violar a lei aprovada pelos órgãos democráticos. Por outras palavras, a polícia representa a democracia e, por extensão, todos nós, e tem a função de zelar pelo cumprimento da lei. Sendo a utilização da força uma ação sensível em democracia, é fundamental que ação destes profissionais seja detalhadamente escrutinada. Qualquer excesso ou discriminação na utilização dessa força é uma falha de todos nós. De igual modo, tem de ser garantido que nenhum polícia se sente legitimado a fazer o papel que cabe à justiça. A sua ação está confinada ao registo de ocorrências e à detenção de cidadãos, quando isso se mostrar necessário. A força deve ser usada na estrita medida em que permite parar a violação da lei ou efetuar a detenção, e sempre em proporcionalidade face ao facto ocorrido. Se este for o ideal de atuação da polícia, creio que nenhum cidadão poderia discordar. O problema é que o CHEGA tem uma estratégia bem diferente. A estratégia de apoio público do CHEGA às forças de segurança pertence aos mais básicos manuais da extrema-direita. Em primeiro lugar, porque lhe permite ampliar a sua base de apoio. Ao contrário de um discurso flagrantemente racista ou xenófobo, o apoio à polícia é uma um registo popular com a qual muitas se pessoas se identificam. Com efeito, um passo elementar desta estratégia passa por aproximar-se de pessoas que se sintam atraídas por esse discurso, de preferência por meio de um movimento não diretamente conotado com o próprio partido. Foi o que o CHEGA fez através do Movimento ZERO. Movimento sem rosto e com grande acolhimento nas redes sociais, esta página ganhou apoio popular por alegadamente defender a melhoria das condições para os agentes das forças de segurança. Mas rapidamente passou a fazer um discurso político, de glorificação dos pobres agentes que têm de combater os crimes no terreno, por oposição aos corruptos políticos (curiosamente sempre ligados ao governo e aos partidos à sua esquerda) que apenas boicotam a sua ação e lhes negam direitos. Este discurso é instrumental como vetor de conversão da simpatia popular pela polícia num sentimento de que é nela, na ordem que representa e no seu exercício discricionário que reside a solução para a desordem que se faz sentir. A criação deste discurso – a par da criação da ideia de que Portugal é um país inseguro (mito tratado noutro ponto) – são essenciais para tornar o CHEGA um partido atrativo. Qualquer dúvida sobre a ligação do CHEGA ao Movimento ZERO ficou desfeita quando André Ventura teve direito a enfáticos aplausos e a ser puxado para a tribuna por membros deste movimento numa manifestação de polícias, mesmo contra a vontade de alguns dos sindicatos que lá se encontravam. A ilusão de que só CHEGA defende a polícia passa por confundir defesa com impunidade e ausência de escrutínio. Sempre que um agente ou um conjunto de agentes é acusado de ter feito uso abusivo da força, o CHEGA vê nisso a prova de que há uma perseguição à polícia. O caso mais evidente é o da esquadra de polícia de Alfragide. Vários polícias (talvez não por acaso todos membros de um sindicato cujo presidente acabaria nas listas do CHEGA) foram condenados por agredir um conjunto de cidadãos negros. André Ventura desvalorizou o acontecimento. Em reação às agressões feitas a uma cidadã negra da Amadora, Carla Simões, que surgiu com a cara deformada acusando a PSP de agressão após ser detida, André Ventura desvalorizou o caso e afirmou que “tanto quanto sabemos e a informação que temos, essas lesões são compatíveis com as técnicas que foram utilizadas, legítimas, de neutralização”, acrescentando que temos de decidir “se queremos estar do lado daqueles que sistematicamente estão contra as forças policiais com a paranóia do racismo ou se estamos do lado daqueles que nos defendem”. É esta falsa dicotomia que tem de ser denunciada. Não há nenhuma oposição entre ser solidário com os agentes das forças de segurança (como com outros funcionários públicos) e escrutinar as suas ações. Cada acusação de racismo ou de excesso de força deve ser analisada com o maior cuidado e, caso se demonstre verdadeira, deve existir uma atuação firme perante os abusadores. Quem abusa do poder que a democracia lhe confere para exercer as suas funções não merece ser polícia e deve ser objeto da maior condenação social. Deveriam ser os polícias os primeiros a reconhecer isto publicamente. A ideia de que qualquer investigação ao comportamento da polícia tem por base um sentimento de perseguição é falso. Pelo contrário, um elevado nível de escrutínio tem de fazer parte do contrato social que a democracia estabelece com aqueles a quem dá legitimidade para usar a força. O discurso que André Ventura defende é o da impunidade, que tem como inevitável consequência o avolumar de abusos. É o mesmo clima que nos EUA leva a que simples operações STOP se possam transformar em homicídios de pessoas indefesas por parte de elementos das forças de segurança. É um discurso perigoso. Mas é o que CHEGA defende quando, no ponto 31 do seu manifesto, propõe a extinção da figura legal do “excesso de legítima defesa”. Isto significa que qualquer ato de uma força policial, mesmo que desproporcional face à infração praticada, muito dificilmente seria punida. É franquear a porta da arbitrariedade e da justiça pelas próprias mãos. É criar uma discricionariedade no uso da força que é perigosa para os cidadãos e ameaça a democracia. Nenhum polícia pode ser racista. Nenhum polícia pode pertencer a organizações que apoiem políticas racistas. Nenhum bom polícia pode ser apoiante do CHEGA.
1) 9) Só o CHEGA apresenta medidas concretas para defender as forças de segurança. Não é verdade. A esquerda tem mantido um discurso coerente de defesa transversal dos funcionários públicos. Isto inclui a defesa dos funcionários do Estado quando estes eram retratados no tempo da Troika como um setor acomodado e cujos salários generosos tinham sido parte na trajetória de desgraça do país. A esquerda foi um exemplo de empenho cívico na oposição aos cortes salarias que estes trabalhadores sofreram. Importa lembrar que, nessa época, André Ventura era militante do PSD e não se lhe ouviu um sussurro em defesa dos funcionários públicos. Polícias incluídos. A ideia de que a esquerda nunca apresentou propostas específicas para melhorar as condições laborais dos trabalhadores das forças de segurança também não é verdadeira. O Bloco de Esquerda e o PCP mostraram-se solidários com a maioria das suas reivindicações. Sandra Cunha, deputada do BE, a propósito da manifestação de novembro, referiu que “o Bloco está solidário com as suas reivindicações laborais, que são mais que justas”. Designadamente, as reivindicações que “têm a ver com condições de trabalho ,questões de progressão na carreira, de contagem do tempo de serviço para efeitos de reforma e passagem à reserva” Em 2 de julho de 2020, José Manuel Pureza, deputado do BE, fez uma intervenção integralmente dedicada ao tema “Valorizar os direitos laborais das forças de segurança”, onde sublinhou as promessas que continuam por cumprir. Em 18 de janeiro de 2019, Jorge Machado, deputado do PCP, dedicou também uma intervenção integral à questão dos direitos laborais das forças de segurança, onde se apresentava um projeto de lei onde constava “criar mecanismos de identificação e avaliação dos riscos profissionais; estabelecer a obrigação de adoção de medidas de combate e prevenção desses riscos; criar mecanismos de informação e formação e criar um conjunto de obrigações e direitos sempre com o envolvimento dos respetivos profissionais”. A ideia de que os partidos de esquerda não apresentam medidas específicas dirigidas a melhorar as condições dos profissionais das forças de segurança é, simplesmente, falsa. Aquilo que a esquerda não faz é confundir a defesa dos direitos laborais dos polícias com a defesa de uma política de não escrutínio dos abusos que estes possam cometer em nome de todos nós.
1) 10) Não há racismo nas forças de segurança. Isso é preconceito. Quanto muito, existem “algumas maçãs podres”. Não é verdade. A existência de racismo nas forças de segurança é uma matéria de facto, atestada por estudos independentes, como o realizado por um organismo do Conselho da Europa, onde se declara que “há sérias e numerosas acusações de violência racista cometida por agentes policiais. [Os acontecimentos recentes] sugerem um sério caso de racismo institucional no seio da polícia que é tolerada pela hierarquia”. É também referido o receio de infiltração da extrema-direita nas forças de segurança. A somar a esta análise, são múltiplos os casos que devem inspirar preocupação, como o caso da esquadra de Alfragide, o caso de espancamento na Amadora, o brutal assassinato de um imigrante ucraniano nas instalações do SEF ou a forma depreciativa como muitos agentes se referem a dirigentes de associações antiracistas nas redes sociais. À tese de que existe um problema de racismo estrutural nas forças de segurança, o CHEGA responde (como responde a extrema-direita também nos EUA) que o problema não tem um alcance institucional. São “apenas algumas maçãs podres”. Transforma um problema sistémico num problema casuístico. A manobra não é inocente. É um truque. Os casos isolados não podem ser tratados por meio de medidas de política pública. São um desvio comportamental, que se resume ao processo isolado de um potencial processo disciplinar. A dimensão sistémica, pelo contrário, pode ser enfrentada com medidas de política pública que procurem corrigir o problema. Com estudos que evidenciam que o racismo é um problema na polícia portuguesa e serve de plataforma de recrutamento à extrema-direita, a dimensão sistémica do problema é inegável. As respostas institucionais conhecidas causam, contudo, apreensão. Após a total inação ou anúncio de qualquer medida relevante para combater de forma estrutural o racismo nas forças de segurança, a direção nacional da PSP decidiu apresentar queixa contra um cartoon que satirizava os sentimentos racistas da organização. Que a direção nacional de uma força de segurança pública procure silenciar quem, pela arte e pela ironia, procura assinalar este problema, em vez de o procurar corrigir, é um sinal grave. Igualmente alarmante é a perseguição sistemática ao agente Manuel Morais, que denunciou a existência de xenofobia nas forças de segurança. Após ser expulso do sindicato a que pertencia, foi ainda alvo de um processo disciplinar por ter criticado André Ventura. O racismo na polícia é um problema sistémico e a ação política, a começar pela do ministro da tutela, só pode ser censurada por défice. Que qualquer cidadão tenha de ter receio das forças de segurança que o deveriam proteger por pertencer a uma minoria racial é uma situação insustentável em democracia.
1) 11) “Então e os negros não são racistas? Até são entre eles”. Surge, de novo, o truque de apontar a fraqueza moral do outro como forma de levar à tolerância do que deve ser intolerável. Afinal, a extrema-direita adora fazer-nos crer que, na essência, somos todos má rês e nada se pode fazer contra isso. Esta linha de pensamento prova-se frágil, desde logo, por interpretar erradamente a posição do interlocutor. Ninguém está a dizer que não há manifestações de racismo no seio de grupos minoritários. Quer entres esses grupos quer entre elementos desses grupos e elementos do grupo maioritário. A questão é diferente. O que se afirma é o que racismo implícito na sociedade por parte do grupo maioritário cria distorções sistémicas do ponto de vista da igualdade de oportunidades. Essa diferença não é uma ficção: A probabilidade de uma criança afrodescendente chumbar no ensino básico é duas a três vezes superior à média e sabe-se que, no ensino secundário, cerca de 80% encontra-se no ensino profissional, diminuindo a sua probabilidade de aceder ao ensino superior. Por outro lado, a probabilidade de terem empregos pouco qualificados é três vezes superior à média. Estes problemas, que refletem amiúde distorções sociais e educacionais à partida, são reforçadas pela dimensão racial, sendo fundamental que existam programas públicos para combater estas desigualdades. O racismo do grupo maioritário tem efeitos sociais que o reverso não tem. Na sua esmagadora maioria, os espaços públicos são preenchidos por pessoas do grupo maioritário (brancos, no caso português), assim como os lugares de decisão e poder (a maioria dos professores, recrutadores de recursos humanos e políticos são brancos). Com efeito, a existência de perceções sociais sobre as expetativas de inteligência e a pertença a grupos minoritários tende a reforçar a dificuldades de acesso a determinadas dimensões da vida social. Por contraponto, nenhum branco corre o risco de ser confrontado na rua com a acusação de que não pertence aqui e que deve voltar para a terra dele. Mesmo que esse branco, note-se, tenha nascido numa paragem tão longínqua como a Austrália. Isto revela um dos traços mais pungentes do racismo – a base da discriminação são, antes de tudo o mais, as características físicas que se trazem agarradas ao corpo, em relação às quais ninguém faz escolhas à nascença (são inatas) e sobre as quais, ainda assim, se desenham profundos juízos de pertença ou não pertença. Finalmente, o passado colonial, e quem foi o colonizador e o colonizado, não é um detalhe. O colonialismo não causou apenas sofrimento desmedido sobre aqueles que subjugou ao longo da história. Deixou também uma interpretação dessa história e da hierarquia entre as sociedades humanas que tem efeitos de persistência que se fazem sentir até hoje. É ao colonialismo e, no caso português, à narrativa que o Estado Novo sobre ele construiu, que devemos a ideia de que povos superiores podem possuir e civilizar outros, menores e com necessidade de uma força paternalista que lhes leve a civilização. São estas as visões que inspiram quem acha que os negros não pertencem cá ou que têm uma inteligência menor. Essa dimensão estrutural do racismo, que se entranha em todos os espaços da vida social, não tem paralelo quando é exercida em sentido contrário. Educar contra o racismo, e não tolerá-lo porque “os outros também o praticam”, será sempre o caminho que permitirá combater este problema em todas as suas manifestações e direções.
15 comentários:
A argumentação lúcida e clara espatifa todo o edifício ideológico de coisas como o chega
O que sobra daquele amontoado de coisas assim desmembradas é o que corre por aí nos esgotos não tratados
8) «Nenhum bom polícia pode ser apoiante do CHEGA». Esta conclusão traduz o rigor de tudo que o precede neste ponto.
Razoável seria dizer que a polícia deve ser escrutinada pelos órgãos que institucionalmente estão designados para o efeito e que inevitavelmente também o será por outras organizações cívicas, jornalistas e demais meios de comunicação. A questão que se coloca aos partidos políticos, mormente aos que estão representados na AR, é determinarem se o escrutínio pelos órgão instituídos são ou não bastantes e capazes de o assegurar, não o de cavalgar as ondas mediáticas. E o que se passa em concreto é que são partidos que promovem histerias colectivas acerca de racismo e xenofobia que não hesitam em arrastar a polícia para o descrédito por ignorarem deliberadamente, ao serviço dessas suas agendas, as problemáticas geradas por essas minorias em termos de civismo e ordem pública. Esse é o terreno em que, contra essa corrente, se move o Chega. Esses outros partidos só têm que suportar as consequências das opções que fazem.
9) Aa forças policiais têm uma permanente aferição de produtividade pelo número e gravidade dos crimes e desacatos. Essa pressão e os riscos associados à sua actividade não comparam com a muito generalizada sinecura no serviço público de que o SNS também se excluirá em boa medida. Se há actividade em que a comparação salarial com o privado é questionável é o das forças da ordem na versão operacional (que não na sua versão de burocracia fardada). Não há compensação salarial que dispense o respeito e compreensão pela segurança individual e os imponderáveis de uma actividade de risco.
10) Todo o preconceito encontra na casuística força de sustentação. E casos sempre os há.
É suposto que as forças de segurança tenham aversão ao crime e a comportamentos que desrespeitem a ordem pública e à civilidade.
A questão primeira é saber se tais comportamentos são prática comum em agregados de certas raças ou etnias. Ignorá-lo é pura estupidez ou má-fé. Só falta que digam que a atitude da polícia tem que ser neutra face a um risco obviamente acrescido e a desafios que são norma em certas áreas ou em gentes de certa etnia.
No caso particular de emigrantes e refugiados, se deixam entrar todo o grunho, se os soltam no espaço público sem que lhes seja ministrada informação e exigidos compromissos de acatar e cumprir os modos em uso no país, é à polícia em cenário de conflito que é exigida essa missão? São apóstolos ou agentes de segurança?
11) Fazer da evidência de «que povos superiores podem … civilizar outros» uma questão de superioridade rácica é pura indução racista. O ‘possuir’ aí intercalado entra a obscurecer a evidência e a construir toda uma outra questão de domínio. O fazer transitar para o presente toda uma cultura que há 150 anos dominou a Europa é um abuso, como abuso é fazer transitar para Portugal os miasmas de sociedades estruturalmente violentas como a norte-americana.
Sendo a igualdade ‘porque sim’ uma treta, sem qualquer outro fundamento que não o da aplicação das leis, a diferença rácica é uma inevitável diferenciação que se acumula a uma multidão de factores diferenciadores que sempre estão e estarão activos nas relações humanas.
O facto de a esquerda, na sua vertigem anti-regime, partir para a sua campanha anti-racismo lançando o descrédito da multirracialidade promovida pelo Estado Novo ao longo de largos anos é uma das suas mais idiotas e facciosas opções.
Claramente, mais do que a promoção da igualdade racial, mobiliza-a a campanha do estúpido remorso colonial e do idiota acolhimento de todo o africano que se faça ao mar, quais novos descobridores pela mão de candongueiros.
Ora bem
Que dizer dum discurso em que para além de se lamberem as botas às fardas, se assumem os pressupostos racistas dum racista assumido a fazer-se passar por virgem donzela possuída apenas pelo Estado dito novo?
E agora pelo coiso?
Como se manipula?
Assim deste jeito:
Diz jose: «Nenhum bom polícia pode ser apoiante do CHEGA». Esta conclusão traduz o rigor de tudo que o precede neste ponto.
O que o autor do post dissera antes?
"Nenhum polícia pode ser racista. Nenhum polícia pode pertencer a organizações que apoiem políticas racistas. Nenhum bom polícia pode ser apoiante do CHEGA."
Jose apagou o que se dissera imediatamente antes. Admite que um bom polícia pode ser racista. Ele também o é e não é polícia.Mas tem pena
Admite também que um bom polícia pode pertencer a organizações racistas. Ele também pertence . E tem pena de não poder pertencer a mais
Admite que um bom polícia pode ser apoiante do chega. Ele também o é, e não é polícia.
E gosta dos racistas do coiso. Assim da extrema-direita vernácula que abandonou aquele tom pálido que ele tanto criticava aos seus correligionários
Como se manipula?
Jose dixit:
"Razoável seria dizer que a polícia deve ser escrutinada pelos órgãos que institucionalmente estão designados para o efeito e blablabla é determinarem se o escrutínio pelos órgão instituídos são ou não bastantes e capazes de o assegurar, não o de cavalgar as ondas mediáticas.
Cavalgarem as ondas mediáticas?
Como Passos Coelho cavalgou o diabo e jose foi atrás a segurar-lhe as rédeas?
Mas quem cavalga as ondas mediáticas se não estes energúmenos do coiso?
"A investigação de Miguel Carvalho deu-nos assim a ver um momento de consolidação das mais importantes redes sociais deste partido, sem as quais a acção nas outras redes, também chamadas sociais, nunca teria a mesma eficácia, até por falta de recursos. Profundo conhecedor da extrema-direita portuguesa, ou não tivesse sido autor do livro de referência sobre o seu terrorismo a seguir a 1974, Carvalho já havia começado a investigar a galáxia reacionária de que é feito o Chega: de quadros fascistas à mobilização de sectores evangélicos em modo bolsonarista, passando pelos negócios mais ou menos sórdidos – da segurança ao imobiliário de luxo – de muitos dos seus dirigentes, sem esquecer as ligações internacionais ou o caldo cultural obscurantista, de onde o negacionismo climático não está ausente. É aliás neste caldo que mergulha hoje toda uma economia política neoliberal ao serviço do aumento dos poderes discricionários indissociáveis do capital e do Estado securitário."
Se deixam entrar tido o grunho? Mas e os grunhis piores que temos por cá?
Aí o grunho engasgou-se. E foi fazer queixa ao A Ventura que lhe tinham destapado a careca
Como se manipula:
Jose dixit:
"E o que se passa em concreto é que são partidos que promovem histerias colectivas acerca de racismo e xenofobia "
Como? Voltámos ao delírio de um amante das balls de salazar a debitar as maiores idiotices como se nada fosse?
Histerias coletivas assim a modos das campanhas encetadas pelo coiso?
Percebe-se. Essa coisa de se denunciarem ataques racistas é algo que só pode ser histeria colectiva.
Já percebemos. Aos bons velhos tempos em que a Pide dava cacetada nos outros e exprimia o seu conceito de liberdade nas suas masmorras,este jose pedia um outro instrumento para a sobrevivência do crápula e dos seus sequazes e para a actividade patronal de quem vivia sob a sua asa.
Pedia a censura.
Que se calem as agressões sofridas por Cláudia Simões, na Amadora, após detenção policial, ou a difamação de Bruno Candé, sugerindo que este teria agredido previamente o seu homicida e que o homicídio nada tinha de racista, ainda que antes de disparar o homicida tenha gritado “volta para a sanzala!”.
Quem denuncie isto está a fazer histeria colectiva, O coiso, que promove a histeria colectiva, é assim abençoado por jose,que assim inverte os termos da equação
Já vimos estas cenas antes. Quando os ministros de salazar e os barrigudos e néscios patrões de alto coturno afocinharam na imensa merda do Ballet Rsose, salazar foi peremptório. Abafe-se a coisa.Impeça-se a histeria colectiva. E deu ordens à imprensa para iniciar uma campanha de histeria colectiva contra as vítimas abusadas. Foi depois tomar chá às cinco da tarde com as suas amigas preferidas e à noite reuniu para despachar assuntos com o director da Pide
Jose aliás sempre gostou da censura.Da pura e dura. Daquela que ao lápis azul determinava a chamada à sede da Pide
Um avant-coiso até nesta coisa
Dizia jose,em pé e tribunício:
"Prefiro a censura pura e dura à reescrita censória.
No primeiro caso exprime-se diferença e afirma-se poder".
Jose sempre gostou de botas e de fardas.Esta sua admiração pelo poder podemos reencontrá-la nos espectáculos do fascismo e do nazismo nos anos 20 e 30 e 40. Salazar também participava e estendia o braço na saudação típica.
A segunda grande guerra é que não lhes correu como esperavam
"não hesitam em arrastar a polícia para o descrédito por ignorarem deliberadamente, ao serviço dessas suas agendas, as problemáticas geradas por essas minorias em termos de civismo e ordem pública"
Parece ou não um discursozito de salazar? Cheira a um dos múltiplos discurso sobre a ordem e a disciplina. Jose apenas embonecou os vómitos do outro
A contra-prova está numa das frases seguintes de jose:
"Esses outros partidos só têm que suportar as consequências das opções que fazem"
Parece ou não o canalha de estimação de jose, com aquelas ameaças tão típicas da sua governação ? Empurrando com o ventre a responsabilidade para os outros, branqueando o comportamento de quem é racista e até o promovendo?
Parece que se confirma
Jose tenta colar desta forma grotesca o que sobra do amontoado de coisas do coiso, assim desmembradas por Diogo Martins. E para isso não hesita em ir ao esgoto
Jose depois parte para uma penosa justificação do seu amor pelas fardas e pelas botas...Mas assim a modos dos modos de jose, do seu conceito de disciplina e de ordem, saltando por cima do respeito pelos princípios democráticos, da actividade profissional policial e promovendo a sebentice ao serviço do coiso e da coisa
Não leu o que o autor do post escreveu?
Vamos reenquadrar o tema:
"Em democracia, qual é a função das forças de segurança? As forças de segurança são compostas por um conjunto de cidadãos (polícias) a quem se atribui a exclusividade do uso de mecanismos repressivos e armas de fogo com o estrito fim de deter quem se encontra a violar a lei aprovada pelos órgãos democráticos. Por outras palavras, a polícia representa a democracia e, por extensão, todos nós, e tem a função de zelar pelo cumprimento da lei. Sendo a utilização da força uma ação sensível em democracia, é fundamental que ação destes profissionais seja detalhadamente escrutinada. Qualquer excesso ou discriminação na utilização dessa força é uma falha de todos nós. De igual modo, tem de ser garantido que nenhum polícia se sente legitimado a fazer o papel que cabe à justiça. A sua ação está confinada ao registo de ocorrências e à detenção de cidadãos, quando isso se mostrar necessário. A força deve ser usada na estrita medida em que permite parar a violação da lei ou efetuar a detenção, e sempre em proporcionalidade face ao facto ocorrido"
Nada mais claro
O coiso tem uma estratégia bem diferente.Jose também
Já desde há muito. Dizia jose com a cabeça fora do ninho onde se escondeu no pos 25 de Abril imediato:
"Não duvido que ( os pides) trinchassem um treteiro badalhoco de vez em quando, que a higiene pública também é defesa do Estado"
É a higiene pública vestida com as fardas e as botas que jose ama e gosta. Fará outras coisas também, mas adiante.
A estratégia de apoio público do CHEGA às forças de segurança pertence aos mais básicos manuais da extrema-direita.
Jose usa-o aqui, com aquela desfaçatez própria de quem se sente já confortável para abandonar as suas figuras de coisa civilizada. O coiso é um bem, perdão um BEM. Ele,jose, que não se interessava por aquele coiso, sente-se a voltar ao apetite revanchista que se manifestava cristalinamente nos idos de Passos.
"Quer ampliar a sua base de apoio. Ao contrário de um discurso flagrantemente racista ou xenófobo, o apoio à polícia é um registo popular com a qual muitas se pessoas se identificam. Com efeito, um passo elementar desta estratégia passa por aproximar-se de pessoas que se sintam atraídas por esse discurso, de preferência por meio de um movimento não diretamente conotado com o próprio partido. Foi o que o CHEGA fez através do Movimento ZERO. (É o que jose tenta fazer). Movimento sem rosto e com grande acolhimento nas redes sociais, esta página ganhou apoio popular por alegadamente defender a melhoria das condições para os agentes das forças de segurança. Mas rapidamente passou a fazer um discurso político, de glorificação dos pobres agentes que têm de combater os crimes no terreno, por oposição aos corruptos políticos (curiosamente sempre ligados ao governo e aos partidos à sua esquerda) que apenas boicotam a sua ação e lhes negam direitos. Este discurso é instrumental como vetor de conversão da simpatia popular pela polícia num sentimento de que é nela, na ordem que representa e no seu exercício discricionário que reside a solução para a desordem que se faz sentir. A criação deste discurso – a par da criação da ideia de que Portugal é um país inseguro (mito tratado noutro ponto) – são essenciais para tornar o CHEGA um partido atrativo. Qualquer dúvida sobre a ligação do CHEGA ao Movimento ZERO ficou desfeita quando André Ventura teve direito a enfáticos aplausos e a ser puxado para a tribuna por membros deste movimento numa manifestação de polícias, mesmo contra a vontade de alguns dos sindicatos que lá se encontravam. A ilusão de que só CHEGA defende a polícia passa por confundir defesa com impunidade e ausência de escrutínio. Sempre que um agente ou um conjunto de agentes é acusado de ter feito uso abusivo da força, o CHEGA vê nisso a prova de que há uma perseguição à polícia. O caso mais evidente é o da esquadra de polícia de Alfragide. Vários polícias (talvez não por acaso todos membros de um sindicato cujo presidente acabaria nas listas do CHEGA) foram condenados por agredir um conjunto de cidadãos negros. André Ventura desvalorizou o acontecimento."
Coteje-se o exposto por DM com o afiambrado por jose. Está lá tudo:
"histerias colectivas acerca de racismo e xenofobia que não hesitam em arrastar a polícia para o descrédito"
" as problemáticas geradas por essas minorias"
"outros partidos só têm que suportar as consequências das opções que fazem"
"As forças policiais têm uma permanente aferição de produtividade pelo número e gravidade dos crimes e desacatos".
"Essa pressão e os riscos associados à sua actividade não comparam com a muito generalizada sinecura no serviço público"
"Se há actividade em que a comparação salarial blablabla Não há compensação salarial blablabla que dispense o respeito e compreensão pela segurança individual e os imponderáveis de uma actividade de risco"
"É suposto que as forças de segurança tenham aversão ao crime blablabla
"A questão primeira é saber se tais comportamentos são prática comum em agregados de certas raças ou etnias". Ignorá-lo é pura estupidez ou má-fé. Só falta que digam que a atitude da polícia tem que ser neutra face a um risco obviamente acrescido e a desafios que são norma em certas áreas ou em gentes de certa etnia"
Admirável este discurso simultaneamente a lamber às botas e às fardas e o seu pungente apelo aos coitadinhos ( ele,logo ele) que são os polícias.
Jose,conhecido pelo seu ódio desbragado aos trabalhadores,aos sindicalistas,aos func.públicos,até aos bombeiros voluntários que lhe saem das fileiras de escravos para irem combater os fogos, jose mete debaixo do tapete tudo isto e canta esta ode à coiso,pelo coiso, com o coiso.
E acaba por entroncar naquela coisa não-neutra com que andou a pavonear-se como racista envergonhado a ver se passava. A neutralidade que jose esconjurava, mercê da sua capacidade para o tolerável, para o reconhecer de sinais, feições, postura e gestos,agora jose reivindica tal esconjuro para os agentes policiais.
Dirá apoplético,metido em cima de um caixote a perorar às massas, qual coiso com intuitos de Duce:
"Só falta que digam que a atitude da polícia tem que ser neutra"
Isto é simplesmente repugnante. Isto é o apelar à violação do dever profissional e ao rasgar dos princípios de uma sociedade democrática.O apologista da Ordem e da Disciplina, o serôdio cultivador da civilidade à sua moda, insta outros a desobedecerem à ordem democrática.
"Não podem ser neutros"
Jose dá mais um passo para a sua assumpção plena.Dá um passo perigoso porque convoca forças que deviam garantir a segurança dos cidadãos a violarem a segurança dos cidadãos.Não lhe basta já a sua não neutralidade, exige a não neutralidade de quem está armado
Porque será?
(Jose também apoiou os franquistas e os falangistas quando estes,rompendo a ordem constitucional,fizeram avançar as suas forças com toda a fúria de ordas comprometidas com o fascismo, matando, violando, massacrando. Não-neutrais. Profundamente comprometidos com o horror e a imundície
Porque seria?)
Jose tem um ódio peculiar por quem trabalha. E por quem o faz em funções públicas ainda mais
Ainda há dias esbracejava: "Negoceiam preços em contratos, fazem lockout a que chamam greves para obterem ou manterem vantagens, controlam a concorrência com carreiras e diuturnidades, investem o que sobra das despesas correntes"...
Apenas um pálido exemplo.
Quando lhe falam em sindicatos sabe-se que a coisa azeda.Jose só não puxa da pistola porque não pode fazer aquilo que quer fazer. Puxa pelo dedo e com força desata aos impropérios no teclado
Jose, que é tão parco nas remunerações salariais, que combateu pelo roubo de salários e de pensões( também aos polícias) no tempo do seu correspondente Paulo Portas e do seu admirado Coelho, converte-se por artes mágicas num mãos largas ( mas não muito...)
Mas cala-se de forma vergonhosa perante a denúncia de "vários polícias (talvez não por acaso todos membros de um sindicato cujo presidente acabaria nas listas do CHEGA) foram condenados por agredir um conjunto de cidadãos negros".
E tambem se cala perante isto:
"A esquerda tem mantido um discurso coerente de defesa transversal dos funcionários públicos. Isto inclui a defesa dos funcionários do Estado quando estes eram retratados no tempo da Troika como um setor acomodado e cujos salários generosos tinham sido parte na trajetória de desgraça do país. A esquerda foi um exemplo de empenho cívico na oposição aos cortes salarias que estes trabalhadores sofreram. Importa lembrar que, nessa época, André Ventura era militante do PSD e não se lhe ouviu um sussurro em defesa dos funcionários públicos. Polícias incluídos. A ideia de que a esquerda nunca apresentou propostas específicas para melhorar as condições laborais dos trabalhadores das forças de segurança também não é verdadeira. O Bloco de Esquerda e o PCP mostraram-se solidários com a maioria das suas reivindicações. Sandra Cunha, deputada do BE, a propósito da manifestação de novembro, referiu que “o Bloco está solidário com as suas reivindicações laborais, que são mais que justas”. Designadamente, as reivindicações que “têm a ver com condições de trabalho ,questões de progressão na carreira, de contagem do tempo de serviço para efeitos de reforma e passagem à reserva” Em 2 de julho de 2020, José Manuel Pureza, deputado do BE, fez uma intervenção integralmente dedicada ao tema “Valorizar os direitos laborais das forças de segurança”, onde sublinhou as promessas que continuam por cumprir. Em 18 de janeiro de 2019, Jorge Machado, deputado do PCP, dedicou também uma intervenção integral à questão dos direitos laborais das forças de segurança, onde se apresentava um projeto de lei onde constava “criar mecanismos de identificação e avaliação dos riscos profissionais; estabelecer a obrigação de adoção de medidas de combate e prevenção desses riscos; criar mecanismos de informação e formação e criar um conjunto de obrigações e direitos sempre com o envolvimento dos respetivos profissionais”.
"A ideia de que os partidos de esquerda não apresentam medidas específicas dirigidas a melhorar as condições dos profissionais das forças de segurança é, simplesmente, falsa"
Jose mente. Mente pelo coiso e mente por ele. Ou vice-versa.
Diz jose:
"No caso particular de emigrantes e refugiados, se deixam entrar todo o grunho..."
Deixemos para lá o "grunho" típico de jose. Anda com ele na boca e mimoseia a torto e a direito quem não lhe cai nas fileiras do seu perfil. A educação não basta,é condição necessária mas não suficiente.E jose tem outras questões pendentes a tratar,que o revelam melhor, como este amor pelas fardas e pelas botas. E pelo poder.
(Como alguém dizia: e os grunhos que por cá temos, que são incapazes de se olhar ao espelho e reconhecer aquilo que de facto sáo?)
Porque mais uma vez se escuta o silêncio de jose perante uma casuística que não é do seu agrado.
" A probabilidade de uma criança afrodescendente chumbar no ensino básico é duas a três vezes superior à média e sabe-se que, no ensino secundário, cerca de 80% encontra-se no ensino profissional, diminuindo a sua probabilidade de aceder ao ensino superior. Por outro lado, a probabilidade de terem empregos pouco qualificados é três vezes superior à média. Estes problemas, que refletem amiúde distorções sociais e educacionais à partida, são reforçadas pela dimensão racial, sendo fundamental que existam programas públicos para combater estas desigualdades"
Pudera. Com jose a não ser neutro e a avaliar e reconhecer sinais da natureza de pessoas, feições, postura e gestos. E a apelar para que as forças de segurança também não o sejam
Isto tem um nome não tem?
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