quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Da dívida soberana
Via Paul Krugman, aqui ficam gráficos com a evolução das taxas de juro dos títulos da dívida pública a dez anos, em 2011, em quatro países desenvolvidos. A chamada crise da dívida soberana deu-se precisamente em países do euro, em países sem soberania monetária, em países que se endividam numa moeda que não controlam, o mesmo não se podendo dizer, por exemplo, da Alemanha, no topo da economia política do euro e beneficiando também dessa posição. Foram os países sem soberania monetária que ficaram à mercê da “esquizofrenia” dos especuladores em matéria de escolhas de política económica, a expressão é de Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI, mais um que parece abandonar lentamente o romance dos mercados eficientes. De resto, a mensagem é clara: num contexto de uma recessão induzida pelo esforço descoordenado dos privados para recomporem os seus balanços, a quebra da procura e as forças da depressão só podem ser contrariadas pelos poderes públicos, pelo Tesouro e pelo Banco Central, pelos dois bem juntos. Na Zona Euro estão bem separados, por neoliberal construção, e daí a sua crise terminal. Escuso de repetir o que escrevi, por exemplo, em Setembro de 2010, até porque nada mudou entretanto...
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1 comentário:
Acerca da eficiência dos mercados financeiros, estamos falados: não são eficientes.
Acerca da defesa "lender of last resort" de um banco central, também: se o pagamento da dívida soberana não é garantido, os investidores (ou especuladores, se preferir) desconfiam (jogam) e exigem (especulam) mais juros.
Mas a capacidade de emissão ilimitada de moeda não é o santo e a senha para entrar num mundo melhor.
Se Portugal voltasse (voltar, se preferir) ao escudo, o que é que acontece? Teremos financiamentos externos a taxas de juro mais baixas? Onde é que isso já alguma vez aconteceu? Aumentam as exportações por maior competitividade monetária (isto é, por redução dos salários reais) de quê?
A propósito dos gráficos de Krugman: A Suécia não tem qualquer comparação connosco e a sua moeda tem estado ligada ao euro. A Suécia paga taxas baixas de juro porque tem uma situação financeira regalada; Os japoneses devem sobretudo a eles próprios; Podemos comparar-nos com os EUA e o UK?
Está a brincar Prof Rodrigues (Krugman)?
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