quinta-feira, 27 de maio de 2010
Um farol enferrujado
Já nos vamos habituando: de vez em quando lá surge um novo tanque de ideias, a jurar que traz propostas novas e salvadoras para o país. E com uma espreitadela rápida à lista de subscritores sabemos logo ao que vêm: querem flexibilizar o mercado de trabalho e reduzir os impostos. Para eles, o facto de sermos um dos países com os menores níveis de habilitações da OCDE já não merece uma linha na lista de prioridades. O facto do investimento em inovação e formação por parte das empresas ser diminuto não é relevante. Para eles, as desigualdades sociais ou a racionalidade do ordenamento do território são variáveis que não entram na equação da competitividade do país. O que interessa é aumentar a pressão sobre os salários e as condições de trabalho e reduzir a 'carga' fiscal (há que evitar o termo 'obrigações fiscais' a todo o custo, não vá alguém achar que as obrigações são para todos), em particular a que incide sobre os lucros. Esta é a classe de empresários que sempre viveu à sombra do Estado, mas que passa a vida a morder a mão de quem a alimenta, exigindo que ele diminua a sua despesas... com os outros. É um farol enferrujado, não esperemos grande iluminação desta fonte.
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3 comentários:
Entretanto, Teixeira Santos em visita a Wall Strett, vai tranquilizando os mercados com a promessa de mais privatizações... a mesma Wall Street a quem Obama vai impondo restricões. Enquanto isso, Merkel proíbe os "short sellings". Sarkozy propõe tributar grandes fortunas. Na Grécia, enfim, taxam-se piscinas a 800€ o mergulho. Em Portugal, a direita propõe a moralização do sistema através da "libertação pelo trabalho" de quem aufere em média subsídios mensais de 89 euros. O Governo, propõe o que já sabe. A União Nacional dos comentadores do costume aplaude. Contra o parasitismo do mercado imobiliário que não cria valor e vai absorvendo os salários, nem uma palavra. Sobre a asfixia económico-social que resultará dos planos de austeridade nem um suspiro.
O último, que apague a luz.
O facto de sermos o país com menos habilitações e aquele que mais paga por isso, não o faz suspeitar que estamos a meter o dinheiro no sítio errado, não?
Existe de facto um grupo de "empresarios" neste país que merece á letra a critica deste post.
Queria no entanto salientar que, não obstante a justeza do contudo deste post, a legislação laboral em Portugal é de facto um obstaculo ao desenvolvimento do país. Não é um dos principais obstaculos, nem é dos primeiros que devem ser removidos. Aliás considero até que flexibilizar a legislação laboral nas actuais circuntancias contribuiria apenas para agravar a situação social. Mas é importante ter em conta que se queremos ter uma economia saudavel neste país, a legislação laboral é algo que tem que ser profundamente alterado no sentido de flexibilizar e simplificar.
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