domingo, 30 de maio de 2010

Consequências políticas de um acordo




As condições impostas pela Europa, na senda dos ataques ao euro e à dívida, obrigavam o governo minoritário a procurar apoio para um doloroso programa de austeridade. Na impossibilidade de o encontrar à esquerda, sempre indisponível para compromissos que impliquem cedências e/ou a aceitação do enquadramento internacional, restava a direita, designadamente o PSD (pelas dimensão e proximidade ideológica). Compreende-se a necessidade. Mais, se a história se repetir, o PSD sairá beneificiado: disponibilizou-se para encontrar soluções; o PS será provavelmente o mais fustigado; sendo tão liberal não está afinal tão longe do PS…

Mas há problemas. Primeiro: o acordo obscurece a clareza das alternativas. Segundo: relembra a falta de inovação e inclusividade da política portuguesa: nas questões cruciais, o PS só consegue entender-se à direita. Terceiro: num dos países mais desiguais da Europa, um acordo à direita irá agravar a assimetria na distribuição dos sacrificios: estes não serão iguais para todos e a equidade é uma miragem. Quarto: desde 2002 que os compromissos eleitorais são clamorosamente violados: erode-se a credibilidade e legitimação do sistema político.

Publicado originalmente no Diário Económico de 14 de Maio de 2010

1 comentário:

João Aleluia disse...

Direita, Esquerda, bla, bla, bla...

Mas o que é que estas palavras ainda significam hoje em dia?

Absolutamente nada!

Na pratica é tudo a mesma coisa!

Resolver problemas serios ninguem resolve. Nomeadamente dar acesso universal e gratuito a uma educação de qualidade, para que haja igualdade de oportunidades, isso ninguém faz. Agora celebrar acordos e tratados, que pelos vistos agora já nem são escritos, mas apenas orais, e nem conhece sequer com precisão o seu conteudo...