Finalmente, ultrapassando os limites básicos da honestidade intelectual, da decência e da civilidade (indispensáveis a um debate político feito com elevação), por causa de eu ter citado aqui um artigo de Mário Crespo (que de novo recomendo vivamente a quem ainda não leu!), diz RPP: “Assim mais parece um disclaimer à António Balbino Caldeira.”
Pela minha parte, repudio veementemente esta associação (feita por RPP) da minha citação ao referido senhor. Como disse, penso que com este tipo de procedimentos se ultrapassam os limites básicos da honestidade intelectual, da decência e da civilidade no debate político, indispensáveis para uma discussão com um mínimo de elevação. Por isso, doravante não responderei mais a RPP.
Quanto ao artigo de Mário Crespo, repito o que disse:
Na minha perspectiva, Mário Crespo é um grande senhor do jornalismo, independentemente do seu posicionamento ideológico. Até porque na sua actuação como jornalista (na TV SIC-N) deixa de lado as suas preferências ideológicas. Mas não se coíbe de as exprimir nos artigos de opinião. Nada a opor.
E, concorde-se ou não com algumas das dúvidas e associações que levanta no artigo "Está bem... façamos de conta" (e eu discordo de algumas, mas também não tenho que as especificar, sobretudo a pedido do RPP: não, isso não me assemelha ao senhor que refere, de todo!!), publicado no Jornal de Notícias de 9/2/09, a verdade é que levanta várias questões pertinentes sobre a qualidade da nossa democracia e a credibilidade dos agentes políticos.
Como já tinha dito numa outra posta, “a posição de RPP é reveladora de uma visão sectária e conspirativa do debate de ideias e, no fundo, de quem não tendo argumentos usa apenas rótulos e preconceitos. Ou seja, o sectarismo e a visão conspirativa da esquerda mínima são de tal ordem que RPP acha que, primeiro, uma pessoa de esquerda não pode citar pessoas que se situam à direita (mesmo que considere que pelo menos parte do que dizem é pertinente e deve ser levado a sério: eu disse que eram levantadas questões pertinentes no artigo, embora não concordasse com todas as associações aí feitas) porque se o fizer é porque está a pactuar com a direita e, por isso, em segundo lugar, estará envolvido numa conspiração contra a “verdadeira esquerda” (que será, de acordo com a visão sectária de RPP, o governo).”
“Não me revejo nisto, eu considero as pessoas todas pelas suas qualidades pessoais e profissionais e pelo que elas dizem. E se pessoas de direita (ou de esquerda, do governo ou sem ser do governo) disserem coisas com que concordo (ainda que apenas parcialmente, como era o caso e o sublinhei com clareza), então não hesitarei em concordar com elas e em citá-las. Recuso-me em absoluto a raciocinar por preconceitos, rótulos e visões conspirativas (amigo versus inimigo: “quem não está connosco é contra nós”): para mim, no debate de ideias, o que valem são mesmo as ideias e o seu suporte empírico. O resto é, na minha perspectiva, puro sectarismo.”
Aliás, só uma pessoa que só consegue ver a realidade através de lentes partidárias (e muito grossas por sinal!) é que não percebe que, primeiro, independentemente de ter ou não havido corrupção (!), o timing e as condições como foi licenciado o Freeport fragilizam politicamente o primeiro-ministro e afectam a qualidade da nossa democracia e a credibilidade dos agentes políticos. Adicionalmente, em segundo lugar, também é obvio que a forma e a instituição onde o primeiro-ministro concluiu a sua licenciatura afecta a sua autoridade (moral e política), nomeadamente quando requer (e bem!) rigor e exigência aos portugueses, designadamente aos vários agentes da administração pública.
Repito:
Quando usa os mesmos procedimentos de certos regimes políticos de má memória – “os fins justificam os meios”-, nomeadamente ultrapassando os limites da honestidade intelectual, da decência e da civilidade no debate político, seja por profunda ignorância, seja por obstinação, a esquerda mínima aproxima-se perigosamente deles na sua acção… É a tentativa de negar a evidência e de negar a realidade, a todo o custo, supostamente (mas erradamente, sobretudo numa democracia…) para favorecer o seu partido e o respectivo líder.
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