quinta-feira, 26 de junho de 2008

Austeridade Assimétrica Permanente e Bloco Central

O PSD já veio saudar o acordo entre governo, patrões e uma central sindical com reduzida representatividade e que tem servido para encenações deste tipo (Público). De facto, e como bem assinalou Carvalho da Silva, «de tempos a tempos fazem-se encenações e criam-se expectativas que os acordos vão melhorar a economia e aumentar a competitividade do pais. Depois constata-se que os trabalhadores estão mais explorados, o seu rendimento baixa, a competitividade não aumenta e o país não se desenvolve». A austeridade assimétrica permanente, que prolonga horários de trabalho, reduz salários e fragiliza as solidariedades no mundo do trabalho, só pode merecer o aplauso da direita. O bloco central é antes de tudo ideológico e reflecte o alinhamento dos dois principais partidos com o consenso neoliberal possível em democracia. No fundo, limitam-se a ser correias de transmissão, mais ou menos disciplinadas, das ideias e orientações provenientes de instituições internacionais como a OCDE. Apesar dos seus próprios estudos teimosamente indicarem que não existe relação entre o enquadramento da legislação laboral e a criação de emprego, esta instituição continua a inspirar alterações das regras do jogo laboral que geram acordos entre patrões, governos neoliberais e centrais sindicais que agem como se tivessem sido criadas à medida dos interesses dos primeiros. Curiosamente, a OCDE, vem reconhecer que, apesar das «reformas» (ou será que é por causa delas?) do «socialismo moderno», o crescimento potencial português a médio prazo não ultrapassa 1,5%, o valor mais baixo das últimas décadas. Como estamos no reino da utopia do mercado sem fim, a conclusão só pode ser uma: «Portugal tem de se esforçar mais» (Público). Se estas tendências não forem contrariadas à esquerda, um bloco central, que já não será só ideológico, segue mesmo dentro de momentos.

1 comentário:

Diogo disse...

«continua a inspirar alterações das regras do jogo laboral que geram acordos entre patrões, governos neoliberais e centrais sindicais que agem como se tivessem sido criadas à medida dos interesses dos primeiros»

Penso que a única forma de escapar a esta espiral irracional de miséria para a esmagadora maioria da população passa por uma solução violenta. Não vejo aqueles senhores a fazer marcha-atrás.