«É cada vez mais claro que uma recessão severa nos EUA é inevitável nos próximos meses. Aqueles que avisaram, nos últimos doze meses, que uma combinação de crise imobiliária, contracção do crédito severa, instabilidade financeira, preços do petróleo elevados, com consumidores endividados e em crescentes dificuldades, [aqui devia entrar uma análise do impacto diferenciado da crise nas diversas classes sociais porque consumidores somos todos] causaria uma recessão geral foram ignorados pela projecção convencional de uma aterragem suave assente na 'resistência' dos consumidores. Mas agora aumenta a evidência de que uma recessão bastante feia é inevitável». Nouriel Roubini. A questão parece ser já a do impacto destes desenvolvimentos no resto da economia mundial. Diz-se que tudo depende da Ásia e da sua autonomia em relação aos EUA. Esta ideia irá ser testada nos próximos tempos. As notícias que chegam da China não parecem animadoras. No entanto, é preciso cautela e calma. Em tempos turbulentos, em que as notícias se sucedem, tantas vezes contraditórias, vale a pena alguma «distância». Aqui entra a teoria que nos permite ordenar o «real caótico», sugerir com rigor alguns mecanismos causais e fazer modestas «previsões de padrões gerais» ou de tendências de desenvolvimento na economia mundial. Este contributo de François Chesnais é uma ajuda neste sentido. É um trabalho ainda provisório. E filia-se na melhor tradição da economia política marxista que continua a ser, por muito que custe a algumas pessoas que confundem escolhas teóricas com modas intelectuais, um excelente quadro, entre outros, para compreender o capitalismo. Já agora uma questão de história intelectual: por que é que o ramo trotsquista do marxismo sempre produziu os melhores economistas da tradição? Será a influência de Mandel? O facto de Trotsky ter alguns contributos interessantes na área? Fica a pergunta.
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