domingo, 18 de novembro de 2007

Intervir ou não intervir? Uma falsa questão

«Ao contrário do que defendem os liberais, quando o Estado abandona as suas funções sociais e económicas tem de reforçar a sua presença na esfera privada e cívica». Daniel Oliveira. Na realidade, os liberais reconhecem, de forma mais ou menos disfarçada, este facto indiscutível. Na suas teorias e na sua prática como conselheiros políticos. A construção e expansão de uma ordem mercantil exigem um incremento do «intervencionismo» estatal em certas esferas. Por isso é que a discussão, como reconheceu um dia Hayek (o santo padroeiro da blogoesfera liberal), nunca é entre «intervir» e «não intervir», mas sim saber como deve o Estado distribuir os direitos e as obrigações entre cidadãos que ocupam diferentes posições. Além do mais, existem bons estudos que têm argumentado que sociedades com maiores desigualdades socioeconómicas requerem «investimentos improdutivos» mais significativos na manutenção de um aparato de segurança e de controlo, público e privado, do que sociedades mais igualitárias. O liberalismo intransigente é apenas um dos «caminhos para a servidão». E hoje é certamente o mais promissor.

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