«Uma estranha propriedade óptica da nossa sociedade altamente polarizada e desigual torna os pobres quase invisíveis aos seus superiores económicos». Assim escrevia Barbara Ehrenreich em Salário de Pobreza (editado entre nós em 2004 pela Caminho), um notável ensaio-reportagem sobre a dura vida dos trabalhadores pobres nos EUA.
Usando o método da observação participante, Barbara Ehrenreich decidiu muito simplesmente «verificar se conseguiria fazer corresponder rendimentos e despesas, como as pessoas verdadeiramente pobres fazem todos os dias», engrossando o contingente de trabalhadores que se dedicam a executar tarefas mal pagas. Trabalhos destes provavelmente tiveram um papel nas bem sucedidas campanhas pelo aumento do desvalorizado salário mínimo neste país. Voltou recentemente a usar o mesmo método para descrever os padecimentos dos trabalhadores intelectuais cada vez mais pressionados pela lógica da «criação de valor para o accionista» nas empresas em Bait and Switch (fica a sugestão para um editor que passe por aqui). Em suma, uma jornalista de combate.
Vejam este artigo de opinião, de uma ironia amarga, sobre a crise do crédito imobiliário nos EUA. De repente os pobres «decidiram mandar abaixo um sistema injusto»...
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1 comentário:
Como explicou Fellini em Il Bidone, roubar aos pobres é mais fácil e comporta menos riscos. Ha poucos anos vi o CEO da Staples gritar para uma audiência de jovens gestores: "I want your last penny!" Desataram todos a aplaudir...
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