terça-feira, 14 de agosto de 2007

O mercado é produto do Estado

Um dos contributos da economia institucionalista foi o de ter tornado claro que a instituição do mercado é em si mesma o resultado da protecção coerciva de certos interesses (que como disse Warren Samuels são propriedade porque são protegidos pelo Estado). Sem isto não há mercado organizado que valha. Assim, o desenvolvimento e o aumento da complexidade dos mercados acarretam inevitavelmente o aumento do peso do Estado. E é também por isto que os liberais têm sempre um ponto de fuga: a culpa tem de ser do Estado que está a intrometer-se. Repare-se no paradoxo: sem Estado não há economia capitalista de mercado e é sempre por causa do Estado que a economia funciona mal. Se ao menos o Estado se retirasse. Mas como se não há mercado sem Estado? Se lerem um liberal clássico como Ludwig von Mises (uma das grande referências da direita intransigente), que reconhecia que o mercado não funciona sem um Estado que garanta a protecção da propriedade privada, verão estes paradoxos em acção. E como não poderia deixar de ser, eles estão muito mal resolvidos. Os liberais tendem a passar a ideia de que o Estado se intromete no mercado. Na realidade, o Estado institui o mercado.

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