segunda-feira, 8 de abril de 2024

Eles sabem o que fazem


Passos Coelho vai apresentar um livro que ataca as famílias e onde se defende a cultura da morte, a violência e o individualismo possessivo. Vale tudo para federar as direitas, incluindo a extrema-direita, através de um neoliberalismo cada vez mais reacionário, rumo a uma eventual candidatura presidencial ou à substituição de Montenegro. 

De facto, sabemos que a maioria das famílias, as das classes trabalhadoras de todas as cores e feitios, que criam tudo o que tem valor, são sempre ameaçadas por quem quer desmantelar o Estado social de base universal, tudo aquilo que dá segurança genuína, incluindo laboral. Sabemos que as famílias são ameaçadas pela intensificação da exploração, pelos horários cada vez mais longos e baralhados, pela precariedade, pela ameaça do desemprego e pelo despotismo patronal promovido por esta cultura. A experiência da troika mostrou isto à saciedade. 

Também sabemos, pela investigação na área dos determinantes sociais da saúde, que as políticas desta gente matam. Literalmente. Os mecanismos causais estão bem identificados há muitos anos. O Papa Francisco está em terreno seguro, do ponto de vista empírico, quando denuncia esta “economia que mata”. E sabemos igualmente que a destruição do Estado social exige um Estado cada vez mais repressivo, em sociedades cada vez mais desiguais e logo cada vez mais violentas. 

De resto, a apologia da violência doméstica, a principal chaga deste país nesta área, está presente em fórmulas destas: “senhoras, alegadamente tiranizadas, que nunca se queixavam”. Não surpreende que setores anti-franciscanos da hierarquia da Igreja Católica apoiem um discurso de ódio por parte dos que não têm hesitado em promover políticas de mercadorização de todas as esferas da vida. O individualismo possessivo mais desbragado e as “estruturas de pecado” resultantes pouco lhes importam. Eles sabem o que fazem. 

Enfim, sabemos que o capitalismo neoliberal está prenhe de todos os monstros. Eles aí estão. Não passarão.

2 comentários:

José M. Sousa disse...

Não passarão?! Parece que já passaram pelo menos 50....

Anónimo disse...

É uma luta desigual. Não temos os recursos do capital do nosso lado, mas temos que fazer o nosso trabalho e convergir naquilo que garante que há bens coletivos, acessíveis para qualquer pessoa. Temos que combater a criação e cristalização de privilégios.