Aqui estamos a falar verdade. E a verdade é que os fundos comunitários e as chamadas “bazucas” não compensam, como nunca compensaram tudo aquilo de que se abdicou e se está a abdicar no nosso desenvolvimento. A verdade é que, com o Euro, o País só conheceu estagnação económica, contenção salarial, menos serviços e investimento público. A verdade é que o desrespeito pela independência do País é consequência da submissão e das ingerências da UE (...) A verdade é que o País perdeu soberania monetária com todas as consequências que aí estão e que ficaram muito evidentes durante o Pacto de Agressão das troikas; e na forma como se expressa hoje no brutal agravamento das taxas de juro decretadas pelo BCE.
Paulo Raimundo, 4 de abril de 2024.
Jerónimo de Sousa, 30 de novembro de 2012.
A moeda única fragiliza e põe em causa o aparelho produtivo nacional. É ou não verdade que a moeda única, um euro feito, como é inevitável, à imagem e semelhança do marco, super valorizado em relação ao curso normal do escudo, vai tornar ainda mais difícil a competitividade dos produtos portugueses nos mercados europeu e mundial quando confrontados com os nossos principais concorrentes, os países fora da zona do euro, os países asiáticos, os países do continente americano, com as suas moedas e taxas de câmbio próprias? (…) A moeda única e os critérios de Maastricht são um factor de aumento do desemprego.
Carlos Carvalhas, 19 de março de 1997.
A União Económica e Monetária implicaria um maior domínio das transnacionais sobre a economia dos Estados-membros, um novo reforço da supranacionalidade, a perda de capacidade de decisões soberanas dos membros da CEE. A União Política, a concretizar-se, significará novas limitações da soberania nacional, atingindo os países mais fracos, entre os quais Portugal se situa iniludivelmente.
Álvaro Cunhal, 20 de maio de 1990.
Como se pode ver, na questão mais importante da economia política nacional das últimas décadas, os comunistas portugueses e seus aliados tiveram e têm razão. É por isso com muito gosto e com toda a independência que aceitei ser mandatário nacional da CDU às eleições para o Parlamento Europeu. É mesmo para o que der e vier.
4 comentários:
estimo saber que o PCP substituiu o ilusório slogan "vida melhor" (como se na atual conjuntura e estrutura do imperialismo da franco-alemã UE tal fosse possível) por um mais honesto "para o que der e vier".
deixo contudo uma crítica.
o PCP continua a caracterizar a UE como «federalista, neoliberal e militarista» (sejamos mais económicos: imperialista) alimentando a ilusão de que se a UE se tornasse, sei lá, «confederal», «social-democrata» e «menos militarista» (em todas ou akgumas combinações) já passaria a ser aceitável e Outra Europa (o vergar à ideologia que confunde deliberadamente Europa, realidade geográfica positiva, com UE, realidade imperialista negativa).
É que mesmo se fosse «confederal, social-democrata e menos militarista», a UE continuaria a ser um reacionário pólo de acumulação capitalista global (ide reler Rosa Luxemburgo, Lenine e outros).
não, não são só os EUA que são imperialistas. as burguesias da UE, sobretudo as franco-alemães, conservam agência própria.
o europeísmo entra em contradição com o internacionalismo. exagerando, diria mesmo que o europeísmo (e toda a atual tendência mundial de criação de polos de acumulação regionais em competição uns com os outros) é a negação do internacionalismo.
saúde!
O caro j - se não sabe - devia saber que o PCP sempre caracterizou a UE como imperialista. Não é preciso procurar muito e, se não estou em erro, basta ir às teses do último congresso. A sua crítica esbarra, de fato, na ineficácia. Ineficaz até mesmo do ponto de vista económico: dá a entender que o PCP não está tão económico e, por isso, põe falsas palavras ou intenções na boca do PCP. Mas o assunto da publicação, a crítica à Moeda única, é um exemplo claro da posição do PCP sobre a UE, como um organização imperialista (isto é, dito de forma mais económica). Trata-se de uma posição coerente com décadas - cheio de razão. Saúde!
Muito bem J.
Para mim é motivo de justificado orgulho ver que também entre intelectuais de grande calado, há gente de classe.
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