segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Um jornal contra a oligarquia

O que se pensa que vai resultar do espectáculo diário dos mais ricos — cada país tem os seus oligarcas — a anunciar lucros e distribuições de dividendos, entre uma viagem espacial e uma entrevista complacente em meios de comunicação de que são proprietários, no meio da ostentação dos locais de férias que escolheram e dos luxos de que não abdicam? O ritmo dos números é alucinante: a Jerónimo Martins, do Pingo Doce e da Fundação Francisco Manuel dos Santos, aumentou 40% os lucros no primeiro semestre de 2022 (278 milhões de euros); a EDP teve lucros de 306 milhões de euros e a EDP Renováveis aumentou os lucros 87% (265 milhões de euros); a GALP, grupo Américo Amorim, registou um lucro de 420 milhões de euros; o banco Santander Portugal, um lucro de 155,4 milhões; o BPI, um lucro de 201 milhões; a Caixa Geral de Depósitos (CGD), um lucro de 486 milhões de euros… Erradamente, os poderes políticos não equacionam (re)nacionalizações nem impedem empresas com lucros de cortar efectivos ou encerrar balcões (como na CGD). Mas até a taxação de quem lucra extraordinariamente com a guerra e a crise, e a limitação dos preços no mercado, parecem muito incertas.

Sandra Monteiro, Dos lucros dos oligarcas aos vistos dos pobresLe Monde diplomatique - edição portuguesaAgosto de 2022.

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