quinta-feira, 21 de abril de 2022

Do não-alinhamento


A justeza de uma posição não depende do número, mas é confortada por ele. Sinto-me bastante confortável em fazer parte de perto de um quarto de portugueses que, segundo uma sondagem, concorda no essencial com a posição dos comunistas, objecto da mais agressiva campanha mediática de que há memória em democracia. E há um combate pela memória sempre em curso.

Afinal de contas, e apesar do bloqueio comunicacional, muitos terão visto o que se passou em Atenas: num dos países martirizados pelo império nazi-fascista, Zelensky achou por bem dar a palavra a neonazis da cada vez mais poderosa Brigada de Azov, gerando uma reação de natural repúdio no parlamento grego. A Grécia é sempre esclarecedora. 

Juntem-lhe a possibilidade de uma guerra nuclear, se a sua linha de política externa for seguida, e há boas razões para julgar a sua presença como inoportuna no atual contexto. E isto sem deixar de condenar a intervenção russa e de apelar à negociação para superar o conflito. No fundo, a linha da maioria do mundo não-alinhado e que não quer ser arrastado pelo imperialismo.

8 comentários:

Unknown disse...

O branqueamento dos nazis do Batalhão Azov na comunicação social tem sido uma verdadeira aventura, da pura e simples negação do nazismo que explicitamente professam - da estética às acções - à reabilitação moral à la Nuno Rogeiro que nos garantem que, apesar de ter sido neonazi desde a sua formação e em toda a sua existência, os fachos tiveram uma crise de consciência e abandonaram o nazismo em algum ponto indeterminado, que deve corresponder ao ponto em que se tornou impossível não mencionar a seita e tudo o que representam... Aparentemente, as insígnias nazis estilizadas adquiriram outro significado na sociedade ucraniana!

Mozgovoy disse...

A única coisa que impede uma claríssima e total reabilitação do nazismo no chamado "mundo ocidental" é o facto de esses 14% da Humanidade não conseguirem apagar da folha do cadastro dos seguidores do cabo austríaco os 6 milhões de judeus que industrialmente eles assassinaram. Se a matança "só" tivesse chacinado Eslavos, o Povo Roma, comunistas e cores real ou imaginariamente aproximadas, homossexuais e "degenerados" de toda a sorte, já poderia ter voltado o fantasma do tio Adolf, às claras e com pompa e circunstância, à ribalta da inclusiva "democracia" ocidental.
No que ao presente caso toca, temos de compreender que a realidade é uma coisa muito teimosa e tem as suas próprias regras: podemos enganar pouca gente durante muito tempo; podemos, até, enganar muita gente durante algum tempo; o que jamais se consegue é enganar toda a gente durante todo o tempo. E uma outra coisa acontece: a manipulação da opinião pública é de tal forma intelectualmente abjecta que as pessoas começam a duvidar do cardápio de horrores de Vladimir Putin que lhes tentam enfiar pelos olhos e pelos ouvidos a todo o minuto.
Quando a poeira assentar, o que ficará da Sessão Solene da Assembleia da República será um vergonhoso e pútrido despojo: um dia que viverá eternamente na infâmia, um dia em que as forças políticas eleitas pela grei portuguesa (menos o PCP, honra lhe seja feita) se reuniram, em vésperas de mais um aniversário do 25 de Abril de 1974, para beberem as baboseiras tremendistas de um títere neonazi com as mãos tintas do sangue dos seus conterrâneos.
Questiono-me se alguma daquelas almas presentes naquele hemiciclo tomaram aquilo que ouviram por aquilo que realmente aquilo foi: a actuação circense de um prostituto político que é um cadáver adiado em frenética digressão de branqueamento dessa autêntica cloaca neonazi que dá pelo nome de Ucrânia.
E de um cadáver adiado seguramente falamos, porquanto quando a desmilitarização da Ucrânia estiver no seu ocaso, o que menos preocupará o Senhor VZ serão as armas que muito gostosa e proveitosamente os membros da OTAN e da UE lhe quererão vender: o que o preocupará será o dar a tempo às de vila diogo antes que os seus patronos ocidentais lhe queiram fechar permanentemente a boca (com o mortífero, por uma vez que seja, "Novichok", claro está), os seus "compagnons de route" neonazis e do SBU, amofinados com a "traição de Mariupol" lhe enfiem uma bala na nuca ou o remanescente das Forças Armadas Ucranianas o queira encostar a uma parede e encher de chumbo ao compreender que serviram de carne para canhão a um projecto imperial que nada tinha que ver com os reais interesses da Ucrânia e do povo que juraram proteger.
É que as mordomias oligárquicas - um bilião de dólares na conta de um actorzeco de terceira categoria ("Panamá Papers", os tais onde andaram à caça do Putin, mas -chatice- esbarraram com o nariz no Zelensky) e duas modestas moradias em dois continentes - só aproveitam a quem está vivo para as gozar.
Uma única saída terá o talentoso Senhor VZ, se quiser manter a cabeça entre as orelhas: entregar-se nas mãos das Forças Armadas da Federação Russa. Essas vão querer mantê-lo vivo, pois estarão muitíssimo interessadas naquilo que o canoro passarinho de Kiev terá para cantar acerca do muito que conhece sobre a íntima relação do "democrático" Ocidente com os seus "proxies" neonazis ucranianos, e isso antes de o mandarem passar umas férias perpétuas num luxuoso condomínio fechado na tropical Sibéria.

Anónimo disse...

O batalhão Azov invadiu a Rússia?
O facto de termos entre nós o André Ventura e o Mário Machado não dá direito aos espanhóis nem a ninguém nos invadir.
Acredita realmente que a Ucrânia está a ser destruída porque há um grupo nazi que tem a sede lá?

Anónimo disse...

"No 25 de Abril pretendia-se acabar com uma guerra,que muitos queriam travar e ganhar.

Quem estava contra a Guerra Colonial,e participou na Revolução,não idolatra agora ZelensKii.(...) Entre os grandes admiradores de ZelensKii estão os que integram forças politicas que apoiavam aquela guerra."


Carmo Afonso,Publico

Anónimo disse...

53 mil milhões é quanto alguns paises da UE pagam diariamente pelo gás russo.
Independentemente de razões ideológicas confusas pois são 2 paises de índole identica, é o negócio do gás que está na génese deste conflito e se Putin é o facínora invasor Zielinsky é o carniceiro do seu povo que perante promessas de amor dos EUA quis encarar imprudentemente um facínora sem zelar pela segurança do seu povo.
A deficiente comunicação comunista e a lavandaria comunicacional dos media faz com o óbvio seja mais mediático que a verdade pois se é de lamentar os mortos de hoje não podemos olvidar os mortos do passado... 14/15 mil mortos no Dombass numa guerra étnica fratricida de origens criadas por unico propósito DINHEIRO
A.R.A

Mozgovoy disse...

Gonzalo Lira foi libertado pelo serviço secreto ucraniano, o SBU, o qual o havia sequestrado.
O movimento levantado por Scott Ritter surtiu efeito e, ao contrário de tantos outros, o clamor geral dos seguidores de Lira fez com que o SBU se não atrevesse a dar-lhe o fim que tiveram tantos outros dissidentes que lhe caíram nas garras (tortura e morte).
Seguidor, como sempre, de uma estrita conduta de absoluto respeito pela liberdade de opinião e de circulação, o famigerado SBU confiscou o computador e o telemóvel ao "blogger" e proibiu-o de deixar Karkov.
Gonzalo Lira está visivelmente abalado, mas, tanto quanto possível dada a apavorante situação, bem de saúde.

Anónimo disse...

Da ONU:
https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1980908/onu-algumas-das-acoes-da-russia-em-bucha-podem-ser-crimes-de-guerra

Não é cá por isso, neutralidade e não-alinhamento!

Miguel disse...

Expressar solidariedade para com a Ucrânia ouvindo o seu chefe de Estado não corresponde a passar-lhe um cheque em branco ou a idolatrá-lo, ainda menos a sancionar o batalhão Azov ou outros grupúsculo neo-nazis. Aliás, convém recordar que o acordo táctico da URSS com o agressor e invasor nazi da Polónia em 1939 (bem mais duvidoso que o apoio à agredida Ucrânia hoje) foi defendido pela pluma de Cunhal. Não consta que isso tenha constituído uma tomada de posição ideológica ou estratégica de Cunhal ou da URSS em prol do nazismo.