quinta-feira, 8 de julho de 2021

Pouco social


Ao afirmar que “o Setor Social e Solidário” é “um pilar fundamental do Estado Social” – Pedro Mota Soares não diria melhor – a Secretária de Estado da Acção Social congratula-se com a continuidade do Estado garantia, para usar a fórmula neoliberal de Passos Coelho, adoptada por todas as direitas. O tal Estado que financia, mas não fornece directamente serviços públicos essenciais para muitos miúdos e graúdos. Um Estado dito social para tempos de retrocesso.

É assim, na verdade, desde que a dupla Guterres/Melícias consolidou e expandiu, com dinheiros públicos, um poderoso grupo de interesse privado, ungido pela ofuscadora designação “de sector social e solidário”.

Na realidade, tratou-se sobretudo de tentar conter investimento público numa área crucial do Estado Social e custos laborais, promovendo uma maior precariedade e menores salários do que ocorreriam no sector público, em áreas destinadas a crescer. Sabe-se de resto que o emprego público é particularmente vantajoso para a mobilidade social e para a igualdade, incluindo entre homens e mulheres, em sectores feminizados. A igualdade começa sempre pelo trabalho.

Em sectores que também são trabalho-intensivos, que requerem uma ética do cuidado e motivações intrínsecas, os riscos sociais deste Estado que não garante grandes condições de trabalho são muitos.

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