domingo, 25 de agosto de 2019

Jorge Leite


«Deixou a sua marca em muita legislação portuguesa e teve uma participação importante em muitos momentos decisivos após o 25 de abril, na produção de legislação. Foi um ser humano fabuloso e de uma honestidade intelectual à prova de bala, muito dedicado à causa dos trabalhadores. Em questões como as 40 horas de trabalho, ou o trabalho infantil, as centrais sindicais devem-lhe muito. Tomando partido nos combates políticos, era talvez a personalidade mais independente, o ser humano que a partir da exposição clara das suas opções tinha a capacidade de construir posições com fundamento e independentes.»

Manuel Carvalho da Silva

«Perdemos hoje o Jorge Leite. Um jurista, professor e cidadão empenhado, a quem os trabalhadores portugueses devem muitíssimo. Da redacção de algumas leis laborais fundamentais, daquelas que trouxeram avanços na vida dos trabalhadores, até à presença constante sempre que os poderes político e económico procuraram impor regressão social. (...) Tinha convicções firmes como o aço por detrás daqueles gestos suaves e ternos. A sua maneira de estar, tão discreta como brilhante no que sabia e explicava, marcaram certamente todos os que com ele conviveram. É e será uma das minhas bússolas da moral social. Se vocês forem como eu, muitas vezes têm de parar para saber o que pensam sobre as coisas que se passam à vossa volta. Até aquelas coisas que parecem suscitar um posicionamento automático, mas que nunca serão um pensamento, um posicionamento, algo que podem exprimir com o mínimo de segurança, se não tiverem alavancas que iniciam a reflexão e resistem aos contra-argumentos que nós próprios somos capazes de antever. O Jorge Leite é uma das pessoas que construiu as minhas alavancas. (...) Tudo começa no trabalho. Até a falta que o Jorge Leite nos vai fazer começa no trabalho. Morreu um homem bom. Um dos nossos melhores.»

Sandra Monteiro

«A vida de Jorge Leite é uma referência para todos e todas que lutam pela justiça social e pelos direitos do trabalho. Trata-se de uma enorme e irreparável perda, de alguém para quem a inteligência, a generosidade, a bondade e o compromisso com os de baixo sempre foram indissociáveis e indivisíveis. (...) Hoje é um dia muito muito triste. Perdemos um gigante de lucidez, de conhecimento e sensibilidade. Eu perdi alguém que passou a ser meu amigo, mas que nunca deixou de ser meu herói. (...) O Jorge Leite, referência maior do Direito do Trabalho em Portugal, é o exemplo de como o conhecimento pode ser uma forma de sensibilidade, de como a sabedoria pode ser uma forma de atenção, de como a generosidade pode ser um compromisso de vida.»

José Soeiro

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