Num crónica oportuna no último Expresso, Daniel Oliveira assinala “os riscos para a esquerda da obsessão identitária”, “uma tragédia que começou com o abandono pela esquerda da representação de classe”, citando a socialista norte-americana Alexandra Ocasio-Cortez: “O que está em causa não é a diversidade ou a raça, é a classe.”
Neste contexto de perversas ideias atomizadoras que também vêm do outro lado Atlântico e dos que as combatem, ainda que de forma desigual, na origem, lembrei-me de um outro socialista norte-americano chamado Bernie Sanders, citado num importante artigo sobre o argumento de esquerda contra as fronteiras abertas na excelente American Affairs. Questionado sobre se seria a favor de fronteiras abertas, Sanders respondeu: “Fronteiras abertas? Não. É uma ideia dos irmãos Koch”, ou seja, uma ideia dos bilionários financiadores de todas as causas do neoliberalismo mais radical. De facto, sem fronteiras, sem controlos dos fluxos, não há democracia que resista à globalização capitalista mais intensa.
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12 comentários:
Classe, classe, fronteiras à parte, parece-me uma atitude prudente na linha do socialismo num só país.
E o que de mais interessante se poderia conseguir do que serem os USA esse país?
A expectativa é enorme.
Como é que é possível um país como o Japão, com uma população das mais envelhecidas, não recorrer à emigração?
Como é que é possível um país como o Japão, que arranja dinheiro do nada para se financiar, estar a combater deflação e não inflação?
Expliquem lá o que se está a passar no Japão há décadas neoliberais e defensores de emigração em massa!
Sabem porque os neoliberais e globalistas não gostam de abordar o caso japonês?
Porque o Japão revela a fraude que neoliberalismo é!!
"...recorrer à imigração?" não "emigração", peço desculpa.
A expectativa é enorme, acha o Jose
Acha mal. O resultado das suas elocubraçoes é manifestamente pífio
“ interessante” teimará ele, mas manifestamente pífio
Sem pretender entrar em polémica com o Geringonço, podem haver outras explicações sobre o estado da economia japonesa não relacionadas directamente com a demografia.
Recomenda-se a visualização deste documentário baseado no livro de Richard Werner "Princes of the Yen" ou a leitura do livro do mesmo nome.
Aqui em inglês:
https://www.youtube.com/watch?v=p5Ac7ap_MAY
Aqui em francês:
https://www.youtube.com/watch?v=1f7WT6VsIV8
Mas infelizmente a realidade é muito mais feia. A realidade é que a sociedade japonesa é profundamente racista, e por isso é impensável recorrer à imigração para colmatar os problemas demográficos.
Perguntem aos descendentes de emigrantes japoneses que se fixaram no Brasil e que tentaram regressar ao Japão. E informem-se sobre o que aconteceu aos descendentes de casamentos mistos de GIs (soldados) americanos com japonesas, sobretudo quando tinham uma pele assim um bocadinho mais escura.
O Japão, pelo seu isolamento geográfico e étnico e apesar das suas aventuras imperiais no princípio do século passado nunca se confrontou com as questões da miscigenação. Por outro lado a alta ritualização das interacções sociais também contribui para dificultar a assimilação de estrangeiros, que ou adoptam os estritos códigos e usos locais ou são liminarmente excluídos.
O fecho da imigração americana tem aspectos contraditórios:
Por um lado está a conseguir elevar os salários nos USA por efeito simples da redução da oferta no mercado de trabalho. Por outro lado tem o aspecto "uggly" (feio) de se basear num racismo primário e de representar o esforço da minoria branca de preservar o seu domínio em termos demográficos.
Mas a verdade é que as estatísticas indicam que o fechar da torneira migratória já está a ter efeitos nos salários dos trabalhadores americanos. E no contexto americano, em que outros factores de aplanamento das desigualdades não existem, a questão não é despicienda.
Se me é permitido derivar um pouco para a questão do comércio externo americano, o mundo que se prepara vai ser muito diferente do presente "globalizado". E a "guerra comercial" com a China vai ter repercussões muito mais vastas do que a maioria dos analistas antecipava.
S.T.
Não conheço ninguém com a cabeça no lugar que defenda que a imigração ou o comércio não devam ser controlados. A questão é outra e tem que ver com o grau com que as ditas fronteiras estão abertas ou fechadas.
Mas aí, se bem o interpreto, o João Rodrigues é um adepto do modelo do muro de Berlim, não? É que não assim há tanto tempo cantava loas à URSS, não era? Deve ser porque, como dizia a Senhora Wagenknetch há muitos anos, o muro era bom para a paz, ou não?
Há aí, no entanto, uma pequena contradição entre o apregoado e os resultados, porque se existia um sistema classista, esse era o sistema soviético, dividido entre os quadros do PCUS e todos os outros...
Vá morrer longe, sim?
Posso compreender que a acusação que faço de o Japão ser "sociológicamente racista" possa não "cair bem" em certos meios.
Isso até pode parecer estranho dada a minha especial admiração pela cultura japonesa, mas não podemos ignorar quão ténue é a fronteira entre a legítima afirmação da cultura própria e a afirmação da base étnica dessa mesma cultura. Para que fique claro a minha crítica é relativamente a essa componente étnica das culturas nacionais. E aí o Japão é apenas um exemplo entre muitos pecadores.
No caso vertente isso traduziu-se no século passado pela desumanização das populações chinesas e coreanas que sofreram a ocupação por um colonialismo japonês serôdio que talvez no pós-guerra não tenha sido devidamente confrontado e extirpado. A discussão em torno das chamadas "confort women" coreanas mostra que as feridas ainda não estão cicatrizadas.
Por isso eu recomendaria cuidado nos exemplos que são apresentados. E isto é suposto ser uma critica construtiva.
S.T.
Sem fronteiras abertas como se constrói a Internacional? Ah, gente retrógada em todos os sentidos! Como grafou Platão nem Ateniense nem Grego, mas cidadão do mundo!
Diz Jaime Santos:
"Mas aí, se bem o interpreto, o João Rodrigues é um adepto do modelo do muro de Berlim, não?
Jaime Santos assume-se, infelizmente o escrevo, cada vez mais como um provocador
Esta frase aí em cima repetida prova-o em parte.As interpretações de Jaime Santos são o que são. Mas há mínimos
A coisa descamba quando, mais uma vez, jaime santos teima na repetição da provocação ao autor do post, sobre o "ir morrer longe"
É como se jaime santos tenha desistido de qualquer argumentação lógica e se refugie num anti-comunismo boçal, numa tentativa não de traçar argumentos, mas de demonizar quem aqui escreve.
É feio e muito. O que sobra é isto. A pretensa "coragem" de JS ao dizer tais barbaridades, esconde o desejo óbvio de se vitimizar, para esconder a sua incapacidade ( surpreendente, ou talvez não) de abordar de forma séria e honesta os temas aqui trazidos.
Esconderá outras coisas. Mas agora não percamos tempo com quem desiste tão pusilaminemente do debate e se refugia em provocações, tentando capitalizar depois os efeitos que estas possam acarretar
Aonio eliphis pedro tiago ww joão pimentel ferreira sonha com fronteiras abertas.
E fala em internacional. Omitindo deliberadamente que internacionais há muitas?
No fundo ele confirma o já dito no post, repetindo a ideia dos irmãos Koch”, ou seja, uma ideia dos bilionários financiadores de todas as causas do neoliberalismo mais radical".
Ele sabe, como bom neoliberal em frenesim, que "de facto, sem fronteiras, sem controlos dos fluxos, não há democracia que resista à globalização capitalista mais intensa".
Todavia numa manobra um pouco suja ( e já lá vamos) socorre-se desonestamente (será mais uma fake?) de...Platão
Aonio eliphis etc etc etc, que considera jose sempre "sucinto, acutilante e certeiro", tenta usar Platão em seu proveito...
Espantemo-nos com a ignorância ( ou talvez não).
Platão não grafou nada do género.
A frase “Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo” é atribuída a Sócrates. E é de autoria de Plutarco, que viveu cerca de 450 anos depois de Sócrates.
Risível, simplesmente risível.
Há mais
Quem conhece minimamente o arquétipo mental de Sócrates (por aquilo que Platão e Xenofonte deixaram escrito acerca do seu mestre), sabe bem que é muito improvável que ele alguma vez tenha proferido esta frase, ou sequer pensado dessa forma acerca do seu lugar no mundo, porque para Sócrates o mundo resumia-se à cidade, e de tal forma que ele preferiu morrer a ter que abandonar Atenas.
Mas não só Sócrates: o cidadão ateniense do tempo de Sólon não concebia a sua vida fora de Atenas. Portanto, essa frase-mestra atribuída a Sócrates provavelmente é um mito.
Também nestas questões filosóficas ( de que se arroga) este aonio eliphis pimentel ferreira é ( e com lástima o digo) uma verdadeira fraude
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