sexta-feira, 13 de julho de 2018

Que lição aprendeu o PS?

O ministro dos Negócios Estrangeiros deu ontem uma entrevista ao jornal Público. E a certa altura, afirmou Augusto Santos Silva: “Espero que este tenha sido um período de aprendizagem muito importante para os partidos".

A pergunta que esteve na base desta frase, como as que se seguiram, mereceriam um comentário sobre os seus pressupostos. Nomeadamente por se centrar o foco nos partidos à esquerda do PS. Porque a questão essencial é saber o que foi que aprendeu o PS, partido que esteve na oposição e agora está  Governo, com tudo o que viveu desde 2011 até hoje. 

Quando este acordo parlamentar se iniciou, havia - e há - duas visões opostas quanto à política europeia, nomeadamente quanto ao Tratado Orçamental e dívida pública. Bloco, PCP e Os Verdes defendem que as metas impostas pelo Tratado inviabilizam o Estado Social, porque representam um espartilho: privilegia o pagamento aos credores de Portugal, penalizando os portugueses por uma dívida insustentável gerada por um desequilíbrio estrutural criado pela Europa e que apenas se paga com o apoio do BCE. O Governo - ainda hoje António Costa o disse no Parlamento - apoia esse diagnóstico, mas ao mesmo tempo e - sem duplicidade, afirmou - considera que é possível tudo conciliar, basta ser "prudente":
"Se me pergunta se eu concordo com o Tratado Orçamental", respondeu António Costa, "eu não concordo com o Tratado Orçamental. Não concordava, não concordo e desejo que um dia seja mudado. Até que seja mudado, nós temos de cumprir o Tratado Orçamental"
O Governo foi viabilizado - quero eu pensar do PS - até para testar estes limites. Mas passados quase três anos, vive-se todos os dias os limites dessa contradição. A direita, reformatando-se, cavalga as dificuldades do Serviço Nacional de Saúde, apoia os professores, aponta as “falhas do Estado”, sem nunca dizer o que faria se fosse Governo nem se respeitaria o Tratado. Também ninguém lhe pergunta. O Bloco, PCP e Os Verdes repetem o seu ponto de vista, mostrando a insanável contradição. E o que foi que o PS retira de tudo isto?


Há uns tempos, o ministro Centeno escreveu um artigo que arrepiou os partidos mais à esquerda. Depois, deu uma entrevista que também não os apaziguou. Foi escolhido para presidir o Eurogrupo (mais um socialista para fazer o trabalho sujo?). A seguir, fechou as contas de 2017 com um défice bem mais curto do que o previsto e acordado à esquerda, graças à gestão "prudente". Apresentou um polémico Programa de Estabilidade em Bruxelas, com reacções à esquerda e à direita no Parlamento. Finalmente, o Governo fechou um acordo de concertação social que, ainda que afirmando querer combater à precariedade, introduz elementos que apenas podem fazer-de-conta ou, pior ainda - que vão mesmo além do acordo, abraçando causas patronais (em véspera de eleições), algo que nem agradou aos próprios deputados do PS. Anteontem Centeno voltou a frisar no Parlamento as suas prioridades e disse que afinal a dívida pública é sustentável. E ontem o próprio Santos Silva disse:


Mais: o Governo colocou Pedro Siza Vieira, ministro adjunto do PM, a dizer no discurso de encerramento do debate de Estado da Nação que "a política orçamental que fazemos não decorre de constrangimntos estrangeiros; decorre simplesmente de ser uma boa política" (aplausos dos deputados socialistas). "Boas contas são uma boa ideia". Voltaremos a este discurso noutro post.

Assim, de longe, o relatado até parece um manancial de provocações, para que o Bloco, PCP e PEV rompam o acordo parlamentar.

Isso permitiria ao PS vitimizar-se e mostrar uma face mais sensata do que um PS aliado da "esquerda radical", o que ajudaria a roubar votos ao PSD, quando se torna óbvio que a maioria absoluta está cada vez mais afastada do PS. Até as recentes ameaças ao Bloco pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, para que não ceda à tentação de fazer ultimatos, parece a inversão do discurso oficial, não verbalizada, que se encaixaria nessa preocupação do PS: "Quem me dera que o Bloco faça ultimatos".

Depois de esvaziada essa contenda, Santos Silva voltou, na referida entrevista ao Público, a frisar que a segunda versão da Geringonça – que ele diz querer - “exigirá certamente um nível de comprometimento nessa solução que será superior”, incluindo as políticas externa e europeia. Afirmações desmentidas de imediato por António Costa...

Hoje, no debate da Nação, essa duplicidade foi assinalada pela esquerda à esquerda do PS. Foi o caso de Mariana Mortágua, enquanto Costa lhe respondia que a Geringonça estava "no coração e na cabeça, com humildade e sem duplicidade". Todos os três partidos lembraram as dezenas de milhares de milhões entregues ao sistema financeiro estrangeiro, os mil milhões anuais a pagar à defesa, ao mesmo tempo que "não há dinheiro". Jerónimo de Sousa falou da transferência de sectores chave para o estrangeiro, dos apoios à banca, dos acordos ao lado do patronato, do voto com o PSD para a transferência de competências para as autarquias sem recursos (quebrando o princípio da universalidade), a recusa à renegociação da divida que impede o investimento público (suga 35 mil milhões até 2022), havendo sempre dinheiro para as rendas da energia, para os grupos privados da saúde, 2 mil milhões anuais para as PPP, 1200 milhões em swapps, para a fuga de capitais para paraísos fiscais. "Diz que não há dinheiro para tudo, mas sobra sempre dinheiro para uns poucos", concluiu.

Claro que há o outro lado: dentro da máquina governamental, a gestão diária e mediática com os parceiros políticos, nem sempre correu bem. Tudo pôde fazer o PS pensar: "Era tão bom sermos só nós a governar". Essa solução é já apoiada pelos comentadores à direita que batem palmas, e até pela comunicação social alinhada com o PS que lhe chama autonomia do PS. Tudo esquecendo o outro pântano.

E por isso, o mais interessante de tudo é saber o que aprendeu o PS com tudo o que se passou.

Aprendeu com as posições de Sócrates ao ceder sucessivamente a Bruxelas? Com o memorando assinado e legitimado pela UGT? Com a atitude da UE face à Grécia levando-a a sucessivas cedências até um referendo contra a Europa e sem PASOK? Ou ainda defende que Portugal não é a Grécia? Aprendeu e reteve que a austeridade representa um descalabro económico? O que pensa do cumprimento estrito do Tratado Orçamental daqui a uns anos, agora que a economia abranda? Não representará necessariamente mais austeridade? E se sabe tudo isto, o que o faz aplicar? Espera que a Europa acorde e permita que Portugal não seja um deserto? Ou não há alternativa? Porque não o diz?

A julgar pela proposta de lei de revisão laboral, o Governo está a regressar ao ponto de partida. Resta saber o que pensam os socialistas. Olhando para as sondagens, não devem estar muito felizes.

23 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem, Ramos Almeida !
É fundamental que a esquerda não faça qualquer concessão ao PS, sob pena de, desse modo, retardar ainda mais o desejável regresso da direita ao poder. Ouvir a esquerda do PS por estes dias, faz lembrar os tempos do chumbo do PEC iv. Muito comedido foi o Santos Silva: a mim o que me parece mesmo é que a esquerda do PS não aprendeu grande coisa com os ultimos anos.

Anónimo disse...

Santos silva e António Costa são políticos de regime, não muito diferentes de José Sócrates na forma de governar, obedecem ao poder venha ele de onde vier, o importante é estar sempre na "crista da onda".

Anónimo disse...

Tem graça, o Sr anónimo das 13 e 13 faz-me lembrar o caro Jaime Santos.
Dificiuldades discriminativas, claro

Porfirio Silva disse...

Santos Silva disse “Espero que este tenha sido um período de aprendizagem muito importante para os partidos” e o JRA diz "leia-se do BE, PCP e PEV". ASS não excluiu o PS dessa aprendizagem, mas JRA começa logo por modificar a coisa, mudando completamente o sentido do que foi dito. A partir daí, já não leio mais nada, porque estou cansado destas pequenas deslealdades, que infelizmente existem em todos os partidos da actual maioria parlamentar.
Quando, no interior do PS, se discutiam os caminhos para esta solução política, publiquei um texto intitulado "E agora, Esquerda?", que, obviamente, era uma questão ao PS, ao PCP e ao BE. Alguém, que não do PS, entendeu que me respondia perguntando "E agora, PS?". Sempre a mesma operação: querer ser o dono da fronteira para limitar o terreno do debate.
Sem dúvida que a questão europeia conta com importantes diferenças de partida entre os vários constituintes da maioria parlamentar. Agora, podemos ter duas atitudes: tentar rigidificar as diferenças em muros ou falar das diferenças e tentar encontrar caminhos. Prefiro a segunda via. Outros preferem fazer tudo para nunca sair do território das minas.
Discordo em muitas coisas de estratégia política do que tem dito o MNE ASS nos últimos tempos - e até o escrevi nos jornais. Mas isso não me torna mais tolerante com a distorção das suas declarações.

Jose disse...

«o que foi que aprendeu o PS com tudo o que viveu desde 2011 até hoje»
Aprendeu que a esquerdalhada está preparada para o manter no poder desde que lhe dêem umas migalhas do bodo.
Um sonho alternativo às maiorias absolutas.

«esperar que a Europa lentamente reconheça as suas responsabilidades»
Outro sonho para manter quanto possível, pelo menos até que o Brexit e o ‘America First’ faça o seu caminho no tutano de uma Europa de sonho.

João Ramos de Almeida disse...

Caro Porfírio Silva,

Longe de mim criar a desunião.
Se reparar nos meus posts anteriores e até nas respostas a comentários mais fortes contra o PS, sempre me coloquei na posição de que "podemos discordar, mas temos de os convencer; nada é possível sem eles". Mesmo antes da criação deste acordo, verá que sempre disse que a solução passa por aí. Como ainda hoje passa por aí. Por isso, estou perfeitamente à vontade para expressar a minha ideia crítica em relação às opções actuais do PS.

Creia-me que apenas interpretei a resposta de ASS daquela forma porque a pergunta era sobre os outros partidos. E as perguntas seguintes igualmente. E não vi ASS a avançar e dizer: "Não, isso inclui tb o PS".

Se ASS quer abranger igualmente o PS, estou inteiramente de acordo com ele. Mas há-de concordar que é admissível pensar que ASS pretende apenas o que até aos jornalistas é evidente ser impossível: fazer o Bloco e o PCP aceitar actual arquitectura europeia e oo enquadramento de Portugal na NATO. Creio, pois, que ASS está a pedir ao PS que pense num sentido contrário ao do actual acordo: apenas isso explicaria o facto de achar essencial um compromisso mais forte à esquerda no que toca à política externa e europeia.

E por isso não posso concordar nada com o que ele tem dito: ASS tem contribuído para um ambiente de crispação entre os parceiros políticos, tem fomentado a discórdia sobre discórdia, que em nada contribuem para a unidade.

Por isso, peço-lhe que acalme a sua ira e leia o resto. TRata-se apenas de um aviso de quem quer uma verdadeira unidade, um compromisso sincero e não alguém que venha dizer não ao PS. Dizer, sim, que não é viável que o PS assuma a posição que esta a política seguida é a única política que pode seguir - e que é a boa - , como o disse hoje mesmo Pedro Siza Vieira. Ou seja, mais um elemento de estranheza e perplexidade quando o ouvi frases semelhantes a Vitor Gspar e Maria Luis Abuquerque...

Na minha opinião, algo terá de mudar neste PS. Apenas isso. Por que não discutir isso?

S.T. disse...

Parece que pelo menos parte do PS está a alinhar pelas elites euroinómanas.

Seria uma escolha "política" não fora a montanha de evidências técnicas que se amontoam para demonstrar a insustentabilidade do euro e do caminho de subordinação que as ditas elites euroinómanas preconizam.

A contestação económica e técnica do euro é um caminho que foi feito em Itália e que mais tarde ou mais cedo terá que ser feito aqui.

Apenas resta saber quem o protagonizará.

Como já disse noutros comentários, Portugal tem o handicap de devido a peculiares circunstâncias politicas não dispôr de um partido de direita que possa congregar votos soberanistas de gentes de direita.

À esquerda vêm-se muitas hesitações, mas sobretudo a incapacidade de assumir uma posição frentista que seja suficientemente moderada no espectro clássico direita-esquerda para captar os votos de (verdadeiros) democrata-cristãos e sociais-democratas para o campo soberanista.

Este hiato, que em Itália é preenchido pela Lega deixa desguarnecido o flanco direito e entrega-o de bandeja aos vendidos da ex-paf.

Pelo andar da carruagem o PS vai seguir com um certo atraso o caminho da pazokização dos seus congéneres europeus. E vai ser tristemente uma agonia lenta e dolorosa.
S.T.

Diógenes disse...



"QUE LIÇÃO APRENDEU O PS?"

Como "burro velho não aprende linguajem", o PS pouco aprendeu, ou melhor nada aprendeu com o apoio dos Partidos à sua esquerda. Está refém das suas elites conservadoras. Estas têm tanto ou mais medo, que as suas congéneres que se acoitam à sua direita, de romper com a camisa de forças que nos vestiram, com o nosso consentimento.

João Ramos de Almeida disse...

Caro Porfírio,

Como a questão pode suscitar outras reacções como a sua, vou alterar o início do post.
Muito obrigado pela sua crítica.

Anónimo disse...

Quando José usa, de forma perfeitamente consonante com os pafistas passistas troikistas, o termo “ esquerdalhada” , quererá que lhe dêem um prémio por essa sua ladainha dissonante entre pessoas civilizadas?

Quer que os amigos o consolem por este estilo primário de pregar?

Quer que lhe admiremos o timbre argumentativo e o elegante vocabulário?


Acho que o Zé Manuel Fernandes também se comportava amiúde assim. Agora também faz as mesmas fitas, mas no seu antro do costume , aquele que fornece directores de jornais.

Almas gémeas estas , de um ex-maoista e ex-homem de mão de Belmiro, com um colonialista assumido e actual admirador de Herr Schauble e afins

O PS podia pôr os olhos nesta tralha que só espera pelao regresso ao século XIX e pela revanche contra Abril

Anónimo disse...

http://expresso.sapo.pt/dossies/diario/2018-07-13-Sondagem.-PS-a-tres-pontos-da-maioria-absoluta

Anónimo disse...

O PS a três pontos da maioria absoluta?
Diz o expresso?
Fia-te na virgem e depois não te queixes

Augusto disse...

As sondagens são encomendas, e as do Expresso são feitas pela Eurosondagem, uma empresa ligada ao PS, para bom entendedor.,,

Anónimo disse...

Estou chocado com a desenrolar da "geringonça". Começamos com "vamos acabar com a precariedade" que é algo que de facto afecta a grande maioria da população e nível de vida. Entretanto vamos adiando.. e depois vamos perguntar a um orgão não eleito.. "Podemos fazer isto?" -> "Ai temos muita pena mas não podem.. em contrapartida podem começar a fazer contratos de trabalho VERBAIS para todos os trabalhores não controlaveis por inspectores". Se é para isto que se mantém um governo, não percebo o porquê.

Jose disse...

A precaridade é a bandeira mais idiota que uma esquerda acéfala pode acrescentar à política geral de leis para os 'assalariados sem prazo'.


Somadas as duas só pode dar rigidez ou cultura capitalista. Excluída a segunda por ser sacrilégio aos dogmas abrilescos, fica a primeira para nos pôr na merda mais depressa.

Jose disse...

Só as leis para os «empregos sem prazo» justificam a proliferação de precários.

Anónimo disse...

Espantoso como um ressabiado colonial-troikista pretenda dar lições à esquerda sobre a sua falta de encéfalo ou sobre a sua “ idiotia “

Há aqui algo que cheira mal. Que fede mesmo.

Ou seja, a “merda” aqui citada é apenas o perfume com que jose quer esconder a verdadeira que pretende fazer.

Já percebemos

Anónimo disse...

Exactamente senhor José. Olhe por exemplo para a Alemanha onde se faz engenharia de topo para constatar exactamente o oposto do que defende .

Anónimo disse...

Que lição aprendeu o PS?

E jose foge para a precariedade. Lolol

Está incomodado que se conteste a precariedade e percebe-se porquê. Como ele rejubilava com a lei do trabalho made in governança de Passos / Portas. E nessa altura rezava assim:
"agora que a Lei do Trabalho tornou menos obscena a pretensa apropriação do emprego pelo trabalhador sem prazo e com vínculo."

Agora quer não só impor a sua agenda nos temas dos posts ( para estar em consonância com o programa da CIP e seus apêndices ideológicos) como também determinar o que é mais "inteligente" para a esquerda

E ainda dizem que não há luta de classes. E ainda tentam negar a iliteracia patronal

Jose disse...

Lembra bem, obscena é a palavra certa.

Quando para despedir um que está a mais é mais fácil despedir dois...e não o que está a mais mas dois que fazem mais falta!

Anónimo disse...

Primeiro foi a ladainha consonante com os seus. Era a "esquerdalhada" como forma de ponto e contra-ponto à questão colocada pelo post: "que lição aprendeu o PS?"

Depois foi o espectáculo deprimente sobre os conselhos à esquerda. Consubstanciada na "merda" referida por jose, naquele seu jeitinho já conhecido, e na anencefalia dos demais por não paparem os seus louvores à precariedade.

O melhor estava para vir. Empurrava com a barriga a precariedade como da responsabilidade da esquerda, numa fífia tremenda toda consonante com os seus.

Mas quando confrontado com os seus hinos de classe à bandalheira caritativa para com os patrões no governo de Passos, que promoveu e estimulou essa mesma precariedade, o que faz então jose?

Dá uma volta de 180 graus, encolhe a barriga com que tinha empurrado a precariedade para outrem, esconde os louvores a Passos e Portas pela sua lei laboral a favor do patronato e eis que sai com uma idiotice do género: um em vez de dois e mais dois e não um

Aqui demonstrada que isto da massa cefálica tem muito que se lhe diga. Ou talvez não, no caso vertente

Anónimo disse...

jose mentiu em relação ao sucedido com os salários no tempo da troika e da governança neoliberal do PSD e do PP.

Dizia ele que "a acção sobre salários limitou-se à função pública ... e mesmo aí mal compensou o aumento eleitoralista do PS do 44"

Mentiu e sabe que mentiu. Mentiu em relação aos salários que foram afectados, mentiu em relação à "compensação dos aumentos eleitoralistas".

Cantou hossanas e tocou ferrinhos em prol da lei laboral feita em consonância com os interesses da sua classe. Pediu e exigiu mais despedimentos durante os tempos de chumbo da governança troikista/passista/popularista. Queria mais desemprego. Estava sedento de mais "sangue" e vendetta.

Agora faz fitas em torno da precariedade, como se vê acima.

Na Constituinte houve uma grande discussão entre saber se seriam equitativos os interesses dos trabalhadores e os interesses do poder económico. Foi uma discussão impressionante, mas os constituintes fizeram uma opção, que está vertida ainda na Constituição da República, pelo lado dos trabalhadores, pelo lado da parte mais fraca.
Como se sabe a parte mais fraca tem progressivamente ficado ainda mais fraca e o capital tem aumentado a cada ano que passa os seus proventos em detrimento do trabalho. Sob os auspícios dos governos de direita mas não só.

Jose mostra consonância com o grande patronato, com passos e portas, com as confederações patronais e com a precariedade promovida também de forma consonante pelo governo troikista. Embora tenha tentado esconjurar esta última para a "esquerda", num exercício tão fútil como idiota, como ele próprio se encarregaria de demonstrar um pouco tropegamente, logo de seguida

Infelizmente para ele, é preciso mais do que estes exercícios de dois em um e um em vez de dois, para ver se as suas tretas conseguem passar

Anónimo disse...

Acho que muita coisa pode acontecer na UE que escapa à atenção de todos, PS, BE e PCP. Ou seja talvez todos se tenham de determinar não em relação a esta política orçamental, mas a uma nova conjuntura, sem o UK, e quem sabe sem o euro. Por isso acho que três cabeças diferentes pensam melhor que muitas cabeças iguais do PS. Eu sou ignorante em muitas coisas, e meio ingénuo e inocente (útil), mas não seria possível pensar numa reforma fiscal incluindo o imposto sobre as sucessões? Por que razão o PS não poderá aceitá-lo? Estou velho, mas vejo as coisas a mudar tão rapidamente que penso que o passado não servirá para nada, e penso que o Costa ainda é o melhor homem para encarar situações novas. Desde que tenha ao lado o BE. O PCP, a meu ver não vau longe.