segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Dos mitos, da casta
A semana passada, marcada pela discussão em torno dos efeitos de uma palavra que é grega, confirmou a natureza da sabedoria convencional das elites nacionais, as que se imaginam no centro europeu, as que se imaginam no topo da cadeia imperialista, credoras, a olhar de cima a chusma periférica: ridículas, certamente; desonestas, claro; objectivamente antipatrióticas, sempre; perigosas, sobretudo. Consideremos só um exemplo, mas bem representativo: dizem-nos com gravidade que cada português terá já emprestado, em média, mais de 250 euros aos paralíticos gregos e que por isso cada português deve seguir fielmente a linha alemã papagueada pelas elites. Ninguém pode esquecer que globalmente Portugal é um país devedor ao estrangeiro, obra da integração disfuncional em que os da “Europa connosco” nos meteram, e dos maiores devedores mundiais em termos relativos (mais de 100% do PIB, em termos líquidos). Ninguém pode esquecer por isso que Portugal é o país que mais tem a ganhar globalmente com o precedente que seria aberto por uma reestruturação bem sucedida da dívida oficial grega, mesmo que perdesse parte do que emprestou à Grécia. Isto é simples, mas é algo que é ofuscado pela sabedoria convencional. Nós estamos na periferia, entre os devedores, mas temos uma elite que fala e age como se não fosse daqui. E sabem que mais? Num certo sentido não é mesmo, dado que a sua posição depende, hoje mais do que nunca, da dependência do país face ao centro, face a Bruxelas-Farnkfurt. A palavra casta aplica-se a uma gente que olha para o povo grego da mesma forma que olha para o povo português. Está na altura de reciprocar: nunca as questões nacional e social estiveram tão imbricadas e nunca o patriotismo, da Grécia a Portugal, foi tão internacionalista...
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4 comentários:
E ainda há por aí umas aves exóticas, preconceituosas, sempre que ouvem falar de interesse nacional (Ai, isso não!) …E agora, calam-se, ou esgotaram o seu “globalismo” de pacotilha?
Já ouvi mais ou menos isso, que Portugal emprestou 500 milhões aos gregos. São as contas de merceeiro, quando afinal os grandes buracos ocorreram nos bancos portugueses, o tal macaco que nos querem pôr às costas.
E o pior é que esses não foram de 500 milhões, nem mesmo de 5 000 milhões!
Por isso é que a cambada suspeita não quer dar a mão à palmatória, nem tão pouco ouvir falar de uma reestruturação bem sucedida da dívida grega.
Não vai faltar muito (2 meses) para vermos resultaados sobre o caminho que os gregos tomarram.
Para quem não passou por lá aconselho uma pesquisa sobre as declarações, medidas e resultados tomados no PREC em Portugal.Ganha-se muito em o fazer, principalmente quem escreve e tem convicções fortes, mas gosta sempre de descobrir outras perspectivas. Como é passado e real vale a pena.
Tanta emoção e os gregos a dizerem que querem pagar tudo...devagar.
Tanta emoção?
Emotivo está jose com o que se passa na Grécia
De tal forma que se esquece das figuras patéticas no tempo da outra senhora, em que empunhava versos de Camões como forma serôdia e mal amanhada de se fazer passar por "nacionalista".
Consta que Camões lá no outro mundo de cada vez que havia um camafeu a fazer-se passar por tal, tinha um acesso de mau humor e utilizava o bom vernáculo com que zurzia já as elites na altura em que vivia.
Camões tinha razão.A mediocridade dos nacionalistas de antanho redunda agora num travesti medonho e feio, em que o que sobressai é o grito em alemão e a subscrição da lista dos credores.
Outros migueis de vasconcelos.
Pela ala da direita extrema nada de novo. Para além desta forma emotiva de se mostrar que os subditos alemães o não têm
De
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