domingo, 5 de janeiro de 2014

Lembrem-se também disto


Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff são capazes do pior – a defesa tão ortodoxa quanto errónea da chamada ideia perigosa, a austeridade – e do melhor – a sua detalhada quantificação das crises financeiras ao longo da história, extraindo padrões e algumas implicações políticas heterodoxas.

Como sublinham em trabalho no quadro do FMI, desta vez não pode ser mesmo diferente no mundo desenvolvido, apesar de todas as lições esquecidas da história: sem uma combinação que inclua reestruturação da dívida e “repressão financeira”, ou seja, maior controlo político sobre os capitais, colocando-os ao serviço das necessidades públicas, nada feito neste e noutros contextos de endividamento e crise. No trabalho recuperam um episódio significativo da época dos incumprimentos soberanos, os anos trinta do século passado, quando os países europeus se livraram de dívidas da Primeira Guerra Mundial que tinham acumulado face aos EUA, correspondendo a 16% do PIB destes últimos, que, por sua vez, ao libertarem-se da relíquia bárbara do padrão-ouro, se livraram de dívida, interna e externa, no mesmo montante.

De resto, um dos padrões mais significativos de Reinhart e Rogoff, que sempre me pareceu subestimado pelos autores, é agora afirmado com clareza: as épocas de repressão financeira são épocas de maior estabilidade financeira, como nos indica o período que vai do fim da Segunda Guerra Mundial aos anos setenta. A liberalização financeira está sempre prenhe de custosas crises, como bem sabemos desde os anos oitenta. Também na esfera financeira, sobretudo aí, é de desglobalização, de recuperação da soberania, da real, não de fraudes do tipo pós-troika, que temos de nos lembrar.

2 comentários:

Anónimo disse...

a alemanha deve sair do euro dizem os banqueiros franceses...

http://cib.natixis.com/flushdoc.aspx?id=73799

A França vai virar à extrema-direita

menvp disse...

A superclasse (alta finança - capital global) é muito perigosa:
-1- Um erro numa folha de cálculo - num trabalho [nota: um estudo de Carmen Reinhart e Kenneth Rogoff] que defende a implementação de medidas de austeridade - foi considerado pela comunicação social (nota: é controlada pela superclasse: alta finança - capital global) como um erro gravíssimo de consequências bíblicas.
Uma errata publicada posteriormente, que corrigiu alguns valores... mas que, todavia, no entanto, manteve a conclusão final intacta... foi... ignorada pela pela comunicação social?!?!?!
-2- Depois de 'cozinhar' o caos... a superclasse aparece com um discurso, de certa forma, já esperado!... Exemplo: veja-se a conversa do mega-financeiro George Soros: «é preciso um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para emitir dívida».
-3- Um caos organizado por alguns - a superclasse (alta finança - capital global) pretende 'cozinhar' as condições que são do seu interesse:
- privatização de bens estratégicos: combustíveis... electricidade... água...
- caos financeiro...
- implosão de identidades autóctones...
- forças militares e militarizadas mercenárias...
resumindo: uma Nova Ordem a seguir ao caos - uma Ordem Mercenária: um Neofeudalismo.
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Não são só os políticos... afanadores de contribuintes é coisa que não falta por aí:
- políticos;
- sindicatos;
- construtores de autoestradas 'olha lá vem um';
- lobbys (swaper's e afins) pró-endividamento do Estado/contribuinte;
- etc.
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-> O contribuinte não pode continuar a andar a 'ser comido' constantemente a torto e a direito!!!
-> Ora, os políticos e os lobbys poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo 'crivo' do contribuinte: leia-se, quem paga (vulgo contribuinte) deve possuir o Direito de defender-se!!!
-> De facto, deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!! [blog 'fim-da-cidadania-infantil'].