Esquecendo, por exemplo, as partes em que fala do “interesse de Portugal”, devemos levar a sério a carta de demissão de Vítor Gaspar, o até agora mais convicto e poderoso representante dos interesses dos credores externos e das suas convenientes fantasias económicas, ou não tivesse sido co-responsável por uma destrutiva politica de austeridade que foi e é a expressão da “prioridade à restauração da relação fiduciária com os credores oficiais e privados”. A política do memorando e do eventual programa dito cautelar, em suma.
Entre outros elementos, a carta indica-nos dois dos obstáculos internos a uma destrutiva tutela externa inscrita nas regras do euro: uma constituição democrática e quem age como se esta não estivesse suspensa, como se o país ainda tivesse soberania, e a mobilização social contra a política de redistribuição de baixo para cima e de dentro para fora, de resto a mesma mobilização popular graças à qual temos uma constituição pela qual ainda vale a pena lutar.
Não é por acaso que a troika mostra agora preocupações com o precedente aberto pela tenaz luta dos professores em defesa dos seus postos de trabalho e da escola pública. É destas lutas que pode emergir uma desobediência nacional que tarda.
Esta carta também é um documento de alguém em constante luta contra a realidade: do défice como variável endógena à procura que faz mexer a economia. Para lá de Gaspar, o que temos de superar são as estruturas que garantem o poder a pessoas com a mesma política de Gaspar.
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6 comentários:
Finalmente este governo vai cair e o próximo governo vai mudar de políticas.
A austeridade não precisa que alguém a defenda. Basta que não nos emprestem mais dinheiro.
E vai pedir dinheiro emprestado a quem?
Deves ser tipo o outro que diz:
"...Foda-se , eu com a carteira do meu pai sou um granda homem..."
se o défice não é uma variável endógena, não sei onde é que estudou economia
"E vai pedir dinheiro emprestado a quem?"
Ao verdadeiro Banco que Deveria ser de Portugal.
Leave Euro now.
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