terça-feira, 16 de julho de 2013

Por um Manifesto Anti-Costa


Será que Carlos Costa ouviu falar do Pessoa? Não do Fernando, mas sim do convencionalíssimo modelo de equilíbrio geral dinâmico e tudo, que dá pelo nome do poeta, do Banco que governa e que, já o sabemos, não é de Portugal, até porque não imprime moeda nossa, sendo uma sucursal de Frankfurt, e porque tem dificuldade em distinguir-se da Associação Portuguesa de Bancos.

Trata-se de um modelo económico que incorpora umas fricções e rigidezes de curto prazo, mas que passado pouco tempo parece estar feito para que tudo volte a um normal idílio de equilíbrio mercantil. No entanto, isso basta para que o modelo dê resultados muito incómodos: por cada euro de corte na despesa pública em tempos de crise, estima-se que o PIB caia dois euros, bem mais do que por cada euro de aumento de impostos. O que diz Carlos Costa perante isto? Avance-se com o tal corte na despesa de 4700 milhões, um corte certo de procura que fará o PIB contrair quase 6%, uma boa ajuda para a confiança, e diminuam-se os impostos, o que neste cenário de destruição não fará ninguém investir, nem consumir, claro, mas dará jeito às grandes empresas e seus accionistas. Tudo ao contrário, mas tudo alinhado com os interesses de classe que contam para estas elites. Esse é o verdadeiro modelo e até tem uma boa capacidade explicativa.

Quando penso no que está mal neste país, penso também em pessoas como Carlos Costa, alguém que fez o seu percurso entre a chefia do gabinete do comissário-golfista Deus Pinheiro e a gestão do BCP na área dos infernos fiscais, aterrando no Banco numa estranha decisão de Teixeira dos Santos. Costa é um dos agentes políticos menos escrutinados e mais poderosos em Portugal hoje em dia, um poder que também vem de Frankfurt, sendo o principal dos que estão atrás de Cavaco a tentar urdir o tal acordo dito de regime para salvar o grande capital, não duvidem. Quando ouço Carlos Costa, e agora ouço-o pelo menos uma vez ao dia, apetece-me, tivesse eu arte e engenho para imitar Almada, escrever para a economia política algo que começaria assim: “Basta Pum Basta!”

Uma das primeiras tarefas do governo que terá de vir depois desta tragédia, e que terá de libertar e reconstruir um país, um governo que junte socialistas com e sem partido, comunistas, bloquistas e tantos outros democratas, tantos outros patriotas, é também tirar Costa do Banco de Portugal e acabar com a ficção da sua independência. “Pim!”

5 comentários:

Dias disse...

Na mouche!
E agora vêm-nos falar de “salvação nacional”!
ps: O Sr. Costa sempre foi um zeloso caddie…

Anónimo disse...

Nem mais!

José Luís Moreira dos Santos disse...


A partir de uma ideia simples podemos chegar a grandes resultados.No entanto, e para minorar possiveis estragos e reganhar coragem, é indispensável que estas porções das esquerdas, PCP e BE, tenham em mente duas verdades que nunca o foram: a existência de uma maioria de votantes de esquerda em Portugal; os tais socialistas com ou sem partido serem uma grande fonte de receita eleitoral para qualquer alternativa de esquerda. E, já agora, que a luta contra a abstençao passa por ver neste enormissimo grupo uma real fonte de possibilidades, ainda que muito complicada de fazer verter.
José Luís Moreira dos Santos

Carlos disse...

Nunca esquecer que foi o PS que lá o colocou! E ele só sairá de lá, e todas as políticas que ele representa só serão derrotadas, quando o Povo português perceber que é preciso dar o lugar a outros que não os que sempre estiveram a dominar o Poder em Portugal desde o 25 de Abril (PSD+PS+CDS). É preciso votar nos outros!! quer já estejam, quer ainda não estejam representados na AR!

Anónimo disse...

Este comentário não podia ser mais correcto.
A mim já me mete um certo asco ouvir a criatura Carlos Costa a mandar bocas a torto e a direito sobre como deve ou não deve ser o nosso país. Já só cá faltava mais esta criatura para condicionar as pessoas.
Afinal de contas quem é que encomendou o sermão á criatura. Á pala de tanto falar e dizer asneiras convencido que não e de tanto defender as receitas miseráveis e criminosas da UE, ainda acaba por ir parar a Vice-presidente do BE, como o outro.
Valha-nos nossa senhora da Agrela que isto assim ainda vai acabar muito mal.