terça-feira, 12 de abril de 2011

Repetição

Desgraçada repetição: o aprofundamento da austeridade equivale a recessão por tempo indefinido e logo a novos aumentos do desemprego. É o próprio FMI a reconhecê-lo uma vez mais. E, no entanto, parece que nada muda. A ortodoxia da política económica é imune aos factos da economia. Até porque tem um programa ideológico claro: reduzir salários, partir a espinha ao mundo do trabalho organizado, esteio político possível do Estado social que vamos tendo.

Vale a pena ler a análise do economista George Irvin da Universidade de Londres no The Guardian de ontem. As experiências grega e irlandesa aí estão, a exigir uma revisão das condições associadas aos mecanismos de financiamento em vigor. De facto, devido à austeridade intensa estas economias só têm conhecido contracções. O desemprego ultrapassa já os 13% nestes dois países, indicando que a conversa sobre a rigidez laboral faz parte de uma imensa fraude. A este ritmo, e apesar dos cortes orçamentais impiedosos, nenhum deles conseguirá reduzir a sua dívida. Esta bola de neve rola em todas as latitudes. Portugal vai ser um laboratório para repetir as mesmas experiências fracassadas? Irvin traça três cenários para a zona euro depois de Portugal. Todos eles envolvem a Espanha. Será a próxima peça de um dominó que pode bem não parar por aqui.

Entretanto, deixo-vos um vídeo de uma iniciativa dos precários inflexíveis. Que todos os protestos e propostas contra a intervenção externa floresçam: só a sanidade organizada dos cidadãos, o realismo de um vigoroso contramovimento de protecção, pode contrariar a utopia neoliberal das elites nacionais e europeias.


3 comentários:

Diogo disse...

Tudo não passa de uma imensa fraude para transferir riqueza dos países para meia dúzia de mãos da Grande Finança Internacional.

A coisa não vai lá com manifestações, cartazes, palavras de ordem e desenhos nas paredes…

Os Ladrões de Bicicletas não devem incentivar iniciativas ingénuas e inócuas.

maria povo disse...

5/6 poderá ser um dia de viragem!!! aí gostava de ver como era se o ps,psd,cds,fmi,bce,effe,etc, ficassem na bancarrota, ou seja, perdessem as eleições!!

está nas nossas mãos, no VOTO, a mudança!!!!

do que estamos à espera?!?!!

Anónimo disse...

Toda esta lenga lenga do FMI,BCE,CE,FEF etc, com que todos os dias e todo o dia somos bombardeados pelos orgaos de comunicação social, já mete nojo.
Não há cão nem gato que não seja chamado a opinar sobre o que deve ser feito, sobre o que é bom para o país, etc, etc. Ainda há pouco estava a ver na televisão uma entrevista do "grande génio" do PPD/PSD ou PSD/PPD( é a mesma porcaria), que por acaso, só por acaso, até é o Director do FMI para a Europa, o tal António Borges, a dizer que, vejam só o desplante deste individuo, que Portugal tem andado, há muito tempo, pelos caminhos errados e que agora é preciso ir para o caminho certo.!
Mas,ó sr.António Borges, seu "grande génio", qual caminho.?.
Será aquele onde estavamos antes do 25 de Abril.?
Em que, por ex, os trabalhadores eram espezinhados; em que não existia o SNS; em que só iam para o liceu e a faculdade (como se calhar foi o seu caso)os então chamados meninos queque; em que qualquer trabalhador mal ganhava para pagar um quarto quanto mais uma casa.?
O que é profundamente vergonhoso e escandaloso é que neste país de dez milhões de habitantes andarem pessoas a trabalhar para ganhar um ordenado minimo miserável(que não lhes dá para se sustentar quanto mais á familia) e haver outros individuos a ganhar fortunas escandalosas (olhe-se para os chamados C.E.Os das mais diversas empresas onde o sr AB se deve integrar, todos eles, claro, da máxima competência e não só...), e estes mesmos ainda acham que o citado ordenado é suficiente ou mesmo alto.
Tenham vergonha na cara.