quarta-feira, 2 de julho de 2008
Sempre a descer?
Vale a pena ler com atenção o artigo de João Ferreira do Amaral (JFA) no Jornal de Negócios de ontem. JFA foi um dos mais tenazes críticos da política de convergência nominal que nos levou à aventura de um Euro sem governo económico digno desse nome, sem orçamento central que permita fazer face aos «choques assimétricos». A pertinência das suas críticas às políticas macroeconómicas ortodoxas, que criaram um enviesamento desfavorável aos sectores de bens transaccionáveis para exportação, tem sido corroborada pela medíocre performance económica portuguesa dos últimos anos e pelos desequilíbrios socioeconómicos gerados. No seu artigo, JFA assinala com clareza: «em primeiro lugar, a falta de um mecanismo que permita a um país suspender a sua participação no euro quando se veja na necessidade de realizar ajustamentos profundos da sua economia e que sejam impossíveis de realizar dentro da Zona Euro; em segundo lugar, a falta de um mecanismo que permita compensar uma economia pelos efeitos adversos da política monetária quando a política que está a ser seguida não é adequada a essa economia». Na ausência de uma política económica apropriada às nossas circunstâncias só nos resta o empobrecimento assimétrico e o aumento do desemprego.
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5 comentários:
A questão-chave é que a zona euro não é uma zona monetária óptima. Por isso, na minha opinião as economias em dificuldade deveriam ser autorizadas, durante um período significativo, a ter um défice orçamental superior aos 3%, destinado designadamente a despesas sociais e de investimento. Só desta forma poderiam convergir em termos reais e adaptar-se a uma política monetária que lhes seja menos adequada ao seu ciclo.
Restaria ainda (se quem governa o país conseguisse ver um pouco mais do que a ponta do seu nariz) o incentivo ao investimento na produção pela via do incentivo fiscal. Fez-se exactamente o oposto, tornando cada vez menos interessante a localização de estruturas produtivas por cá. A questão da existência ou não de mão de obra qualificada não é hoje tão determinante como o benefício fiscal, pois muitas empresas são capazes de deslocar quadros e técnicos que assegurem o funcionamento e a formação (como faz a auto-europa, por exemplo).
E... se entrasse pelas questões estruturais, pela falta de planificação e, especialmente, de programação económica... a incapacidade portuguesa para escolher a competência em vez da "bem falança" ou das afinidades partidárias, familiares ou de favor trocado... nunca mais daqui saía.
Julgo que solharmos para os gastos que o Estado tem, a questão dos 3% é uma falsa questão.
E mesmo esta questão do Euro em Portugal é uma falsa questão. A maior parte das nossas exportações são para a União Europeia, pelo que não somos directamente afectados por flutuações na moeda.
Voltando aos gastos, é necessário primeiro "limpar a casa", neste caso o Estado e reflectir seriamente nos nossos gastos. Julgo que gastar 500.000 Eur numa cerimónia de Estado é ridiculo. Gastar milhões de euros a sustentar uma organização politica ineficiente é ridiculo (falo de autarquias principalmente).
Gastar dinheiro em serviços que foram criados por pessoas dentro do Estado é ridiculo. E existem mais casos. Julgo que com uma mudança de actitude e maior disciplina individual dos funcionários do Estado facilmente se atingia poupanças de 1% a 2% do PIB, sendo que é o mesmo que ter um deficit do PIB de 4% a 5%.
Apenas se atingirmos o máximo de eficiência é que podemos então debater com alguma seriedade a mudança destas politicas.
Pelo que percebo o Senhor Stran é um daqueles tipos que tem um familiar na Administração Central bem na vida!... Pois fique sabendo que não são os "tótos" da Administração Local que inviailizam o défice orçamental do País. Antes pelo contrário, pois fique sabendo que 1€ gasto na Administração Local rende muito mais no que gasto na Administração Central. São os "tótos" da Adminsitração local deste país que mais efeitos produtivos têm junto das populações, quer em termos sociais, culturais e económicos...ou o Senhor pensa que o país é só Lisboa.
"Pelo que percebo o Senhor Stran é um daqueles tipos que tem um familiar na Administração Central bem na vida!... "
Profundamente errado, não tenho ninguém na Administração Central!
"pois fique sabendo que 1€ gasto na Administração Local rende muito mais no que gasto na Administração Central."
Quer-me dar exemplos?
Além disso o meu apontamento refere-se ao número de deputados municipais e de assembleia de junta de freguesia...
"ou o Senhor pensa que o país é só Lisboa."
Não e é por isso que digo o que digo...
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