Afinal de contas, Israel já vacinou mais de um terço da população, o Reino Unido ultrapassou 10% e os tão criticados EUA 5%. Na UE, que não é um Estado, óbvia e felizmente, mas está desenhada para enfraquecer o braço esquerdo dos Estados existentes, ainda não se vacinou 2% da população, em média. Dado o ritmo, estas diferenças previsivelmente não cessarão de se aprofundar. Os Estados nacionais não ficam parados, claro: da Hungria à Alemanha. E as vacinas russas e chinesas estão aí, manifestações de um mundo mais multipolar.
Na comunicação social portuguesa, pelo que leio e vejo, é quase como se não se passasse nada. O europeísmo esquece que a solidariedade mais competente sempre esteve nos Estados. No quadro do é porreiro, pá, da presidência portuguesa domina a propaganda. Só os truques mediáticos da Comissão Europeia para tentar alijar responsabilidades são notícia. Os infernos das notícias falsas são os outros.
Por contraste, o insuspeito europeísta Wolfgang Munchau assinala a lógica de austeridade da UE e agora a prioridade que a Comissão Europeia deu às questões pecuniárias, em detrimento da quantidade segura e atempada, na provisão de vacinas. As ligações são evidentes, digo eu. E sublinha-se como, graças ao Brexit, o Reino Unido não se deixou enredar nesta incompetência continental da Comissão. Trata-se no fundo de uma instituição competente, mas para fragilizar os serviços nacionais de saúde, dadas as dezenas de recomendações neoliberais dos anos anteriores, não o esqueçamos.
9 comentários:
Na esquelerozada UE, o mantra do trickle down continua a carborar em pleno, até nas vacinas. Primeiro, os ricos e o que pingar para baixo, para os pobres.
Adam Tooze, que se assume como europeísta, criticava há dias a auto-complacência da UE, que acha que a resposta dada à pandemia foi muito superior à resposta dos EUA.
Criticou também a falta de resposta da UE, incapaz de responder à crise económica que acompanha a pandemia.
Foi ainda buscar estudos do FMI e OCDE, que mostram que a economia da UE vai continuar estagnada nos próximos anos, enquanto os EUA estarão em crescimento significativo daqui a uns meses.
O Reino Unido, que é governado por conservadores, atirou (provisóriamente, claro) os mantras neoliberais para um canto e está a financiar o déficit da crise+brexit com a impressora do banco central.
Continuo a achar que o brexit foi a melhor coisa que eles fizeram nos últimos anos e que, em breve, serão um modelo a seguir.
Por falar em competência/incompetência, o que é feito disto:
Governo quer atrair para Portugal a produção de vacinas contra a Covid-19
https://www.dinheirovivo.pt/empresas/governo-quer-atrair-para-portugal-a-producao-de-vacinas-contra-a-covid-19--13262944.html
Ficou bem o anúncio mas depois disso nunca mais ninguém perguntou nada.
Completamente de acordo
E o laboratório militar não poderia ser activado de forma decente e eficaz?
Entretanto a Comissão europeia
"Trata-se no fundo de uma instituição competente, mas para fragilizar os serviços nacionais de saúde, dadas as dezenas de recomendações neoliberais dos anos anteriores, não o esqueçamos".
O governo quer atrair empresas e ninguém mais falou nisso?
Mas esta noticia nem uma semana tem.
O que quer este?
Bem lembrado Joao Rodrigues.
Apesar da Astra Zeneca ter sido aprovada, os problemas de producao vieram de novo agudizar os problemas identificados no seu post anterior.
A Alemanha ensaia agora por via da Comissao uma fuga desesperada para a frente a procura de um inimigo terceiro, externo, para canalizar o ressentimento crescente: O Reino Unido e a Astra Zeneca.
Esta tactica nao resultara por muito tempo pois claro e, se os problemas de producao nao forem resolvidos nas procimas 2 semanas no maximo a Alemanha tera escolhas dificeis para fazer: ou insiste nesta tactica do inimigo externo bloqueando a exportacao de vacinas para fora da UE, arriscando um uma escalar de conflituidade nas relacoes internacionais com resultados dificeis de prever ou, aquilo que jugo mais provavel, decide desistir da coesao interna do Imperio Europeu e acambarca para si as vacinas disponveis na UE - esta accao, como e obvio tambem tem consequencias graves.
"O governo quer atrair empresas e ninguém mais falou nisso?
Mas esta noticia nem uma semana tem."
16 de Novembro de 2020
https://jornaleconomico.sapo.pt/noticias/eurico-brilhante-dias-produzir-a-vacina-da-covid-19-em-portugal-isso-e-um-trabalho-que-estamos-a-fazer-664747
Não percebo o vosso respeito pelo incompetente governo de Boris Johnson.
A própria imagem que vocês publicaram neste vosso ensaio ou texto, foi discutida na imprensa alternativa do «Uk Column» como repugnante, onde idosos eram vacinados numa abadia, ao som de órgão da igreja.
O governo britânico que vocês admiram e respeitam acabou de passar uma lei que prevê que os filhos possam se tornar delatores dos seus próprios pais.
Boris Johnson é o rosto da incompetência do seu país, onde a única coisa que o salva é a imprensa. Entre a maior parte dos ingleses já não existe respeito e admiração possível.
As políticas levadas a cabo pela Comissão Europeia na saúde, são um desastre. Na Inglaterra, são outro desastre.
Por favor, não ressalvem esta Inglaterra governada por autênticos mentecaptos.
Caro Joao Rodrigues:
Disse eu:
"a Alemanha tera escolhas dificeis para fazer: ou insiste nesta tactica do inimigo externo bloqueando a exportacao de vacinas para fora da UE, arriscando um uma escalar de conflituidade nas relacoes internacionais com resultados dificeis de prever"
https://www.bbc.co.uk/news/world-europe-55872763
Este desastre nao so era previsivel como foi previsto.
Ja nem a Euroinomana Katya Adler assalariada da nao menos Euroinomana e "Londoncentric" BBC consegue esconder a transparente incompetencia que jorra do Eixo Bruxelas-Frankfurt-Berlim...
O "embargo" e uma piada criada por uma cambada de amadores: As vacinas Moderna e Pfizer sao detidas por conglomerados com capitais primordialmente Norte-americanos, a Astra Zeneca por um conglomerado detido por capitais primordialmente britanicos. Os centros de producao, naturalmente, estao concentrados onde esta o capital - a massa - A UE nao controla producao nenhuma de nada...
Quanto muito tera efeitos marginais no programa de vacinacao europeu e efeitos terriveis sobre as nacoes em desenvolvimento dependentes do esforco COVAX.
Para nao falar nos feios fantasmas que levanta nas relacoes bilaterais com o Reino Unido, Canada, Japao, o Medio Oriente e, claro, a questao da Irlanda do Norte.
O proximo acto des farsa travestida de tragedia sera o acambarcamento de vacinas pela Alemanha... vou fazer pipocas.
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