No debate sobre o inesperado desempenho orçamental de 2016 (com o défice a ficar em torno dos 2,1% do PIB) houve quem, como é costume, defendesse a ideia de que qualquer défice acima de zero é mau para o país (Henrique Monteiro no último Expresso foi só um deles). Suspeito que quem faz afirmações destas nunca tenha feito as contas, nem se tenha questionado sobre as razões e implicações do que defende. Não é de espantar, já que a questão é menos óbvia do que parece, nomeadamente para quem não tem formação económica.
Há duas ideias fundamentais sobre a dívida pública que são pouco intuitivas, mas nem por isso menos verdadeiras:
• primeiro, não é preciso que o saldo orçamental seja nulo ou positivo para que a dívida pública diminua;
• segundo, não faz qualquer sentido estabelecer como objectivo da política orçamental a total eliminação da dívida pública.
Uma fórmula matemática simples e muito conhecida diz-nos que a dívida pública permanecerá estável em percentagem do PIB desde que a diferença entre receitas e despesas excluindo juros (ou seja, o saldo primário) for igual à diferença entre o crescimento nominal do PIB e a taxa de juro sobre a dívida pública. Sem complicar demasiado, tentemos perceber o que isto significa para Portugal na actualidade.
A taxa de juro que o Estado português paga em média sobre a sua dívida está próxima de 3,5%, enquanto o crescimento esperado para os próximos anos é de cerca de 3%. Ora isto significa que o saldo primário teria de ser ligeiramente positivo (0,5% do PIB) para que a dívida pública portuguesa não aumentasse.
Note-se porém que o saldo orçamental corresponde ao saldo primário menos a despesa com juros, que em Portugal ronda actualmente os 4,5% do PIB. Logo, nas circunstâncias actuais e salvo eventos inesperados, o não agravamento do rácio da dívida sobre o PIB seria compatível com um saldo orçamental de -4% – ou seja, um défice quase duas vezes superior ao registado neste ano. Por outras palavras, um défice de 2,1%, em condições normais, representa um esforço significativo de redução da dívida pública.
Imaginemos agora que o governo estabelecia como objectivo atingir um saldo orçamental nulo (ou seja, défice zero). Tendo por referência os valores actuais, isto levaria a que a dívida pública caísse para menos de 60% do PIB em pouco mais de duas décadas. Ao fim de 50 anos o rácio da dívida seria inferior a 30% do PIB e daqui a um século a dívida pública seria praticamente nula (ver gráfico).
Tudo isto para quê? Qual a racionalidade de anular a dívida pública no longo prazo? Nenhuma, na verdade. Se faz sentido a uma família ou a uma empresa assumirem dívidas para investirem, ainda o faz mais quando se trata de um Estado, na medida em que este não tem uma duração limitada no tempo. O objectivo dos Estados é promover o desenvolvimento das sociedades, assegurando que a dívida pública é sustentável (o que depende de vários factores) e não reduzi-la a níveis diminutos.
Entretanto, para o objectivo do défice zero ser atingido seria necessário que as receitas fossem maiores do que as despesas excluindo juros em pelo menos 1% do PIB durante o próximo meio século. Em particular, nos próximos 20 anos teríamos de observar continuamente saldos primários positivos superiores a 2,5% ao ano – algo nunca visto em nenhum país no passado (muito menos em países com crescimentos nominais do PIB inferiores a 4% do PIB).
A tentativa de atingir saldos orçamentais nulos em Portugal implicaria aumentar substancialmente os impostos e/ou reduzir fortemente as despesas com educação, saúde e protecção social (principais rúbricas de despesa pública). Em ambos os casos, isto reflectir-se-ia numa forte retracção do consumo e do investimento, com implicações negativas no crescimento do PIB (tornando ainda mais exigente o esforço orçamental). Ou seja, implicaria uma recessão profunda e prolongada sem precedentes.
Em resumo, a ideia de que um défice zero seria bom para o país está errada por três motivos: primeiro, não é necessária para reduzir a dívida pública ao longo do tempo; imporia custos económicos e sociais sem precedentes, que poriam em causa a própria sustentabilidade da dívida no curto e no médio prazos; e impediria que o Estado cumprisse o papel para que existe.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
66 comentários:
https://www.google.dk/amp/www.tvi24.iol.pt/amp/pib/iva/socrates-defice-de-2-6-e-o-mais-baixo-da-democracia-portuguesa
Excelente artigo
A parte "salvo eventos inesperados" é chave para todo o argumento. Tem de haver um viés declarado em reduzir a dívida pública. Não só porque os juros constrangem o estado português, mas porque flutuações de juros com dívidas públicas substanciais são especialmente perigosas. Não faz sentido andar a fazer equilíbrio na corda bamba quando podemos ter os pés assentes na terra. Aliás, isto é um factor de instabilidade no país (de políticas e ordem social) que é péssimo para atrair investimento nacional ou estrangeiro.
Além disso, estes argumentos caem mal à luz do facto de haver uma tendência de subida da dívida pública desde 74. Portanto, embora concorde com o sumo do que disse, não concordo com o ataque a quem queira fazer mais do que o aparentemente necessário.
Esspero que o Sr. Monteiro tenha lido este texto...
inquiett,
não há no texto qualquer "ataque a quem queira fazer mais do que o aparentemente necessário", apenas a quem acha que o objectivo da política orçamental é atingir défices nulos.
Há algo que não bate certo. Vejamos:
- o PIB deverá crescer em 2016 1,3% e em 2017 1,5%... longe dos 3% utilizados nos cálculos;
- os juros de Estado devem representar em 2016 pouco mais de 3,5%, e não é expectável que baixe nos próximos anos, antes pelo contrário;
- é consensual que a dívida não é para pagar, mas é para ser gerida em valores entre os 60-70%, e nunca em valores superiores a 130%;
- a situação é séria e não deve ser banalizada.
Até há um argumento 'liberal '(digamos assim) contra a geração de excedentes orçamentais permanentes. Se os excedentes forem duradouros, haverá algum momento em que a dívida pública é reduzida a zero. Daí em diante, o que se faz aos excedentes, se já não há dívida pública para amortizar? A única solução* é escoar esses excedentes através da compra de activos privados: acções, obrigações de empresas, etc. Promovendo, na prática, uma nacionalização encapotada da economia.
* Há sempre a alternativa de comprar activos estrangeiros, mas penso que o argumento contra a nacionalização (o Estado gere mal) tanto se aplica à nacionalização interna como à nacionalização externa.
Olá Ricardo Paes Mamede. Fiquei com uma dúvida: Qual a taxa de inflação que foi considerada nesse intervalo de tempo? Para se obter esse gráfico teve de ser considerado algum valor, certo? Faço esta pergunta como um leigo na matéria ;) .
Cumprimentos,
João Gonçalves
Tudo muito bem se o aumento da despesa não fosse o cimento da geringonça e não fosse mais certo subirem os juros do que crescermos a 3%.
E aquele objectivo de pôr a dívida a 60% do PIB, e a ambição de soberania e ...e....
E no entanto, quando José Sócrates disse que a ideia de "pagar a dívida era uma ideia de crianças porque as dívidas dos Estados por definição são eternas" caiu-lhe tudo em cima de dedo em riste a dizer "estão a ver porque é que ele é o culpado" !!!
E o aeroporto ... e vai um.
E a seguir virá o TGV ...
Vá, peçam-lhe perdão enquanto ele é vivo.
Não esperem que ele morra para o fazerem.
Grande lição de teoria econômica 1!
Avelino Pais
Eu olho para o Ricardo Paes Mamede como quem olha para um guia espiritual económico, não tenho formação em economia, mas acompanho atentamente tudo sobre este assunto e os programas e sites onde o Ricardo comenta são para mim obrigatórios.
Sou também simpatizante da Geringonça, embora continue a desconfiar quer de comunistas quer da alegada "esquerda" do PS que sempre que pode, lixa quem trabalha e fica do lado do capital, basta ver a votação da descida da TSU e a votação do CETA´.
Dito isto, discordo hoje frontalmente do Ricardo pela 1ª vez. E tenho de citar a inquiett, pois é exatamente este o ponto:
"A parte "salvo eventos inesperados" é chave para todo o argumento"
- poderia até citar todo o seu comentário, portanto subscrevo o que o inquiett escreveu.
Fazendo o exercício: e se fosse eu que mandasse? - a minha posição sobre o assunto das dívidas soberanas é um ponto intermédio entre o "défice 0" e o "défice limite", ou seja, eu sou defensor do "défice q.b.":
-- devemos reduzir a dívida rapidamente para o nível limite de sustentabilidade (entre os 90% e os 100%), tendo até lá défice tendencialmente zero.
-- a partir daí podemos ter um défice um pouco maior (até 1%), na medida necessária para o investimento público voltar a ser de uma dimensão mais considerável.
-- abaixo dos 60% podemos voltar finalmente a uma política orçamental normal, mas em vez do limite do défice ser de 3%, ele deve ser de 2%, pois já vimos que os 3% são um valor demasiado alto, principalmente se continuarmos presos ao crescimento anémico da moeda única.
-- o objetivo no longo prazo é ter DÍVIDA ZERO, ou seja, finalmente o país pode gastar em investimento e serviços tudo o que antes era DESPERDIÇADO a pagar juros.
O Ricardo pode ter muita teoria económica, e eu estou 99% das vezes de acordo pois a matemática bate certo. Mas neste caso a matemática não bate certo com o argumento meramente ideológico do Ricardo: se eu comprar um carro de 20 mil € a prestações, tenho o carro de imediato mas ando a pagar por exemplo 5 mil € só em juros. No entanto, se eu continuasse com o carro antigo, poderia poupar 20 mil € e comprar o carro novo mais tarde, poupando 5 mil €, que poderiam servir para outras coisas!
Ora, no estado é a mesma coisa! Tudo o que DESPERDIÇAMOS em juros, é dinheiro deitado ao lixo, que poderia ser investido no que é importante para nós. Para poupar o desperdício dos juros, é preciso ter tendencialmente dívida zero!
A partir desse ponto, a boa prática Keynesiana pode levar a défices mais elevados para fazer frente às crises económicas e elevar défice e dívida de forma temporária, mas em tempo de vacas gordas, o objetivo deve ser voltar a eliminar o DESPERDÍCIO com juros, ou seja, ajustar o défice para a dívida voltar a zero.
Peço desculpa pelo tamanho do texto, mas gostava sinceramente de saber o que o Ricardo tem a dizer sobre esta posição.
Apreciei a parte do crescimento esperado de 3%. Lol
https://www.publico.pt/2016/02/23/economia/noticia/alemanha-registou-em-2015-maior-superavit-desde-reunificacao-1724136
http://pt.tradingeconomics.com/germany/gdp-growth
http://pt.tradingeconomics.com/germany/government-debt-to-gdp
Se no longo prazo faz sentido ter dívida pública zero? Obviamente que não. Isso iria comprometer as gerações futuras pois o investimento teria de ser, por consequência baixo.
Agora que é preciso colocar as contas públicas na ordem e ter muitos saldos primários bastante baixos, isso é. Só assim se conseguirá atrair investimento e fazer a economia crescer.
Excelente explicação feita por quem sabe.
Concordo plenamente com Paulo Pereira. Um excelente artigo. Um excelente e muito oportuno artigo.
Não se percebe muito bem o link postado por um anónimo às 14 e 51.
Qual o sentido disto, feito desta forma manhosa, enviando-nos para a governação socrática? E de que ano?
Qual o contraponto do que se disse aqui? O que se quer dizer? Esta falta de coragem e de frontalidade é típica de coisas assim para o rasca.
Constate-se e registe-se. A tralha neoliberal está reduzida a esta narrativa comentarista cobarde e coscuvilheira.
Atenção, que o post tem dois erros graves na descrição da fórmula da variação da dívida pública em relação ao PIB. Acrescento as correções, também de forma qualitativa, a negrito: «A dívida pública permanecerá estável em percentagem do PIB desde que a diferença entre receitas e despesas excluindo juros (ou seja, o saldo primário) em percentagem do PIB no ano presente for igual à diferença entre o crescimento nominal do PIB e a taxa de juro sobre a dívida pública a multiplicar pela percentagem da dívida pública no ano anterior».
Em consequência, todos os cálculos ficam também errados. Por exemplo, logo no parágrafo seguinte, dado que a dívida pública no final de 2016 foi de cerca de 130% do PIB, o saldo primário teria que ser de 0,65% do PIB (em vez do referido 0,5% do PIB). E o não agravamento do rácio da dívida sobre o PIB seria compatível com um défice orçamental de 3,85% do PIB (em vez do referido 4% do PIB).
As projeções, com o erro sistemático de ignorar a multiplicação pelo rácio anterior do PIB (que anualmente iria diminuindo), estão completamente furadas.
Mas, a despeito dos erros, estou substancialmente de acordo com a crítica.
RPM tem toda a razão quando diz que não há no seu texto qualquer "ataque a quem queira fazer mais do que o aparentemente necessário".
Mas de facto e por exemplo, quem tentou fazer mais do que o necessário, quem tentou ir mais longe do que a troika, deve ser alvo da acusação de ter contribuído para o agravamento da situação.
E como tal julgado politicamente. E não só
E anda o senhor a dar aulas?!
https://www.flickr.com/photos/148309385@N08/32206651573
Pergunto-lhe se não há uma gralha no valor para o saldo primário dado acima, que creio que é de 2,5%. Assim, se o baixássemos de 2,5% para 0,5%, o deficit aumentaria dos correntes 2,1% para 4,1%, que é o que penso que quer dizer. A questão que se coloca é se o valor esperado para o crescimento pode realmente atingir os 3% como diz, enquanto Portugal permanecer no Euro. Como por outro lado a saída do Euro implicaria sempre uma reestruturação automática de toda a dívida sujeita à lei portuguesa, não sei como essa saída não ocasionaria uma subida imediata da dita taxa de juro (a reestruturação da dívida apresenta sobretudo um perigo reputacional para a República).
Muito obrigado pelo excelente artigo.
Só se esquece de dois factores: decréscimo da população que já estamos a sentir, leva a que o pib vá naturalmente contrair-se, e responsabilidades já contraídas e ainda não contabilizadas, nomeadamente o pagamento das reformas. Ambos os factores se auto alimentam e vão aumentar naturalmente as despesas e o peso da dívida nem relação ao PIB. Se não reduzimos essa dívida drasticamente já, não teremos margem de manobra para fazer frente à esses problemas... mas quem vier a seguir que feche a porta, certo?
Mais um excelente texto do RPM, esclarecedor, para quem como eu não tem formação económica de nenhum tipo e é permanentemente "invadida" com comentários e comentadores tipo HM. Obrigada.
Caro Ricardo,
Li com atenção o seu texto e tirando um outro pormenor já aqui entretanto esclarecido por outros nos comentários, e o habitual ceteris paribus necessário para justificar qualquer teoria económica, há um FACTO que o Ricardo nunca menciona.
O Nivel de Carga Fiscal sobre a economia.
O mais curioso é que o «neo-liberal» Pedro Romano, num comentário ao seu texto um pouco mais abaixo, também não refere este aspecto, optando pela via de acumulação de superavits, que no caso da Noruega por exemplo permitiu a acumulação do maior fundo soberano mundial num valor que ronda hoje os 900 000 Milhões de dolares.
Acontece que o actual (e esperado) nível de carga fiscal que condiciona o investimento privado tanto ou mais que a iniquidade na distribuição de rendimentos, pelo que nunca a mencionar torna toda a sua exposição totalmente parcial.
Desafio-o a vir aqui expor a todos os presentes o nível de carga fiscal sobre a economia durante os 40 anos de acumulação de superavits orçamentais (1928-1968) que permitiram a acumulação no Banco de Portugal das 2ª maiores reservas de ouro per-capita em termos mundiais, muito mais próximas da Suiça (lider) que dos EUA (3º lugar) ?
Hoje inexiste o padrão dolar/ouro, pelo que a acumulação de reservas só se justificaria, para delinear medidas como uma exemplar medida tomada recentemente pelo governo norueguês de não explorar as suas reservas de Gás Natural optando por desfossilizar as fontes de energia da sua economia começando com o ambicioso objectivo de de acabar dentro de poucos anos com os automóveis movidos a combustíveis fósseis em todo o seu território.
Utilizo a Noruega como exemplo, porque sem o padrão dolar/ouro, a politica seguida pelo Estado Novo, não faz hoje qualquer sentido.
Espero ter contribuído para enriquecer esta discussão.
Caro Ricardo!
PARABÉNS!
Como verifico que mesmo aqueles que se dão ao trabalho de comentar não sabem de todo que o crescimento nominal do PIB a que se refere é o CRESCIMENTO REAL (a preços constantes) + INFLAÇÂO, julgo adequado acrescentar no seu texto, por exemplo neste parágrafo, a palavra NOMINAL, E FICA AINDA MAIS CLARA a sua "aula":
"A taxa de juro que o Estado português paga em média sobre a sua dívida está próxima de 3,5%, enquanto o crescimento NOMINAL esperado (CRESCIMENTO REAL = a preços constantes) + INFLAÇÂO) para os próximos anos é de cerca de 3%. Ora isto significa que o saldo primário teria de ser ligeiramente positivo (0,5% do PIB) para que a dívida pública portuguesa não aumentasse.
Para alem do Nível de Carga Fiscal, e sem prejuízo de outros factores não tidos em consideração nesta sua análise, e aqui mencionados por outros comentadores, existe uma outra questão;
O Crescimento da Divida Pública, não é alimentado apenas pelo défice do orçamento de estado, é igualmente alimentado pelo défice permanente ( e desde finais de 2015, crescente ) das empresas públicas.
Recordo que apenas após imposição externa, o perímetro da nossa divida pública passou a englobar toda a divida de efectiva responsabilidade do estado e não apenas a gerada pelo desequilíbrio orçamental.
Em 2016, por exemplo o acréscimo anual liquido à Divida Pública teve um contributo maior no aumento da divida das empresas públicas, que por parte do défice do orçamento de estado, pela primeira vez na história na democracia.
Ora o crescimento da divida pública gerada pelas empresas públicas por estar fora do orçamento de estado, também não foi (não podia ter sido) tido em consideração na sua análise / exposição.
Parte do pressuposto errado que todo o excedente orçamental é perverso/contracionista e de que todo o défice é virtuoso/expansionista. Ora, tal não é verdade, tanto pode haver défices contracionistas (atente-se ao resultado do défice excessivos da dívida excessiva de 2010 e 2011 na economia portuguesa) como superávits expansionistas, tudo dependendo da inclinação da curva da procura agregada.
Por outro lado, matemáticamente se prova que para o rácio da dívida pública em relação ao PIB não se agrave, tal não depende da taxa de juros da dívida, mas tão só da taxa de crescimento do PIB. Ora, para um rácio de 1,3 do PIB (130%) e para uma taxa de crescimento do PIB, temos que o défice global em termos do PIB deverá ser inferior a 2,29%. Obviamente quanto mais próximo de zero e até negativa (saldo excedentário), melhor.
O problema não está na dívida mas sim na sua rentabilidade. Se os fundos obtidos são bem aplicados na economia, gerando receitas/benefícios superiores à despesa associada, ou contrariamente são desperdiçados. No primeiro caso, há expansão, no segundo contracção, pois resta a despesa sem benefício.
Isto é inacreditável. Se um défice zero é mau, então um superavit é dantesco!
José Sócrates deixou escola.
A dívida não é para pagar. O que a malta quer é mais um dois em um:
Perdão da dívida, para logo de seguida voltar endividar-se!
anónimo da 22:21,
nos cálculos não há nenhum dos erros grosseiros que menciona, estão feitos usando exactamente a fórmula que refere [bt=(gt-tt)+(rt-xt)Bt-1]. O texto está simplificado para que as pessoas sem formação económica compreendam a ideia, sem se assustarem com a prosa. Já agora, uso um crescimento nominal de 3%, uma taxa de juro média de 3,4% e uma dívida pública de partida de 128,3% do PIB (conforme inscrito no OE2017). Veja lá se com estes valores não chega a conclusões idênticas. Se não chegar, avise.
Ficam aqui os próximos 20 anos com défice zero (os dados de 2017 são do OE2017, os seguintes são estimados):
Ano rácioDP SP/PIB TVA_Y Defl. TVA_PIB Tx.juro
2017 128,3% 2,8% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2018 124,4% 4,4% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2019 120,7% 4,2% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2020 117,0% 4,1% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2021 113,5% 4,0% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2022 110,0% 3,9% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2023 106,7% 3,7% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2024 103,5% 3,6% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2025 100,4% 3,5% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2026 97,3% 3,4% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2027 94,4% 3,3% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2028 91,5% 3,2% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2029 88,8% 3,1% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2030 86,1% 3,0% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2031 83,5% 2,9% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2032 81,0% 2,8% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2033 78,5% 2,8% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2034 76,1% 2,7% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2035 73,8% 2,6% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
2036 71,6% 2,5% 1,5% 1,5% 3,0% 3,4%
«Embora não se pague, as contas tem de ser direitas».
“Contas a´ moda do Porto” como diz o povo.
Fico a pensar que quem quer governar um país deste modo actual, pretende antes de mais governar-se a si próprio. A verdade e´ que temos de ter outra vivência, «saber viver com aquilo que temos». E não e´ pouco! Tem e´ sido mal distribuído.
No actual sistema económico tudo tem sido feito para serem sempre os mesmos a pagar as dívidas, publicas e ou privadas, dentro dele não há volta a dar.
Quanto a mim os malabaristas da política económica tem vindo a fazer fumaça aos olhos do povo. «Mais ou menos pontos percentuais, o horror do défice estrangulador, perdoes fiscais vs investimentos». Vá-se la entender…
E quando me da´ na real gana, verifico que as minhas contas cada vez são mais negativas. Adelino Silva
Para quem não sabe:
A divida publica bruta do Japão é superior a 200% do PIB e os défices públicos costumam ser bastante superiores a 3% do PIB.
Apesar disso o Japão é um país muito longe da falência.
Contrariamente ao que muitos julgam o factor mais importante para a "solvabilidade" de uma economia são os saldos da conta corrente, e não os défices públicos.
A fórmula foi corretamente usada nos cálculos. Com a especificação desses parâmetros as contas estão certas (salvo algum arredondamento, como na casa decimal da percentagem da dívida pública em 2020). Mas para baixá-la abaixo dos 60% do PIB já seriam precisos pelo menos 26 anos. Abraço.
Tao claro será difícil.
E aí está o nosso grande problema. A dívida e não o défice. Continuar o amarrar o país a uma dívida impagável é condenar o país para as próximas décadas. O pretendido pelos neoliberais de turno e por quem ganha con os negócios da dívida que os há e que se encarniçam quando exemplarmente se apresentam números. Até o presidente da CIP já colocou o dedo na ferida.
Um tal VFS anda assustado com o cenário dantesco do dois em um. Inacreditável, diz. Jose Sócrates e a sua escola repisa. A dívida não é para pagar e mais a malta contorciona-se
Pois é. Será que este VFS sabe ler?
Ora em vez de estarmos para aqui a esmiuçar as patetices histéricas do sujeito em causa, ele que vá ler de novo o texto de RPM. Aprendia mais e deixava de fazer figura de parvo.
A importância dos meios de comunicação está aqui espelhada.
Os media fornecem a informação dos donos. A informação do "regime" na expressão feliz do Ricardo
Os media têm como suportes da sua informação económica apenas um modelo. O que serve os donos. E é ver fazerem filinha pirilau, uns atrás dos outros , os serventuários de tal modelo, a repetir a mesma treta, ou seja a repetirem o fado falado dum neoliberalismo caduco e podre, responsável pela situação em que nos encontramos.
Ricardo Paes Mamede é a excepção de alguém fora do "meio" que periodicamente se faz ouvir num órgão de informação televisivo. A sua entrada foi consequência directa da modificação política registada no país. Foi e é uma lufada de ar fresco quando comparado com as múmias que se limitam a repetir as encomendas. Mas é uma voz isolada.
Ora daqui resultam dois factos irrefutáveis. O que seria uma informação plural em que outras áreas do pensamento económico tivessem acesso aos grandes meios audio-visuais? Porque não o grande público ouvir por exemplo outros ladrões? Outras correntes? Outras áreas que não apenas a que foi conivente com a situação em que o mundo se encontra?
O outro dado que sobressai é o ódio que as intervenções do Ricardo concitam entre os que vêem os seus axiomas postos em causa. Alguns dos casos estão aí em cima expostos. Faltam os que em surdina e nos blogs manhosos dão largas à sua bílis descontrolada perante quem tem uma postura diferente da sua.
"os dados agora divulgados desmentem a visão catastrofista que a direita em Portugal, a Comissão Europeia, o FMI e a OCDE, sempre procuraram alimentar a partir do momento em que esta nova solução política foi implementada. Os resultados económicos e sociais obtidos em 2016 foram-no apesar de todos os constrangimentos externos que nos continuam a ser impostos e que o actual governo minoritário do PS tem aceitado de forma mais ou menos passiva, seja através de medidas de consolidação orçamental, de redução do défice orçamental e controle da dívida pública. Estou consciente, de que sendo um primeiro bom sinal a aceleração do ritmo de crescimento registado nos três últimos trimestres de 2016, o país precisa não apenas de continuar a crescer, mas mais do que isso, crescer a um ritmo bem superior e de uma forma sustentada. Para tal o país tem de uma vez por todas de se libertar dos actuais constrangimentos externos que nos continuam a ser impostos e que nos consomem, no controlo do défice público e da dívida pública, milhares de milhões de euros de recursos financeiros que poderiam e deveriam ser investidos em investimento público, capaz de criar as condições económicas e sociais indispensáveis ao crescimento e desenvolvimento económico do país".
( José Alberto Lourenço)
""Estudos realizados sobre a sustentabilidade da dívida em diferentes países têm constituído a prova mais evidente de que a dívida pública, na maioria dos casos, não é na prática sustentável".
Fico a olhar, pasmado. Pergunto-me: "Mas isto é o Expresso?... Será que pediram um artigo ao Carlos Carvalhas? Agora já acreditam em economistas comunistas?!"
Fui ver. Não. O artigo, apresentado como ensaio, vem assinado por Manuela Ferreira Leite, a senhora que foi ministra das Finanças de Durão Barroso e que liderou o PSD antes de Passos Coelho. Com seis ou sete anos de atraso ela constata que a dívida portuguesa, no seu atual formato, não é pagável. E depois de explicar a uma criança de 10 anos o que é a dívida pública e por que que razão há Estados com dívida excessiva e outros Estados que mandam nos Estados endividados afirma que estamos perante um problema "indiscutível".
Duma crónica de Pedro Tadeu
Desses dados retira-se o 1º ponto errado: a taxa de juro implícita da dívida não vai manter-se em 3.4%, mas sim aumentar para cima de 4%, como acontecia antes da crise em toda a zona euro.
Por outro lado a taxa de variação anual do PIB de 3% parece-me baixa. Até a pessimista Fitch usa uma média mais alta, de 3.1%, ou seja, 1.4% reais e 1.7% do deflator, em vez dos seus 1.5% para ambas as variáveis.
O seu saldo primário é demasiado alto para 2018. O défice não vai ser zero já em 2018. Se o governo passou de 3.1% para 2.1% (que seria 2.4% sem as medidas extraordinárias), e vai passar para 1.6% em 2017, a continuar essa evolução, o défice será na melhor das hipóteses 0.8% em 2018, logo o saldo primário será 3.6%.
E falta-lhe a honestidade intelectual de dizer quanto é que poderemos aumentar em investimento público graças à descida do peso dos juros no orçamento graças à tal política de défice zero.
Eu dou uma pista: é um aumento equivalente à descida do saldo primário, ou seja, mais 2% do PIB.
E é esta parte, que você se "esqueceu" de mencionar, que mostra como a redução da dívida pelo défice zero é uma boa estratégia.
Jorge. Já percebemos
A redução da dívida pelo defice zero. Isso mesmo. Mais umas contas a fazer lembrar cono quase toda a cangalha economista estava a aplaudir o neoliberalismo e nao reparou no que aí vinha. Falharam somente ou houve cumplicidade com o grande poder económico
Falta-lhe a honestidade intelectual para se assumir como um troikista a pugnar pela agiotagem e pelo peso da divida
Parabens pela exposição clara e objetiva.
E já agora pela serenidade e pela classe com que enfrenta aí alguma turba desvairada e malcriada.
Pode-se até discordar do que diz RPM mas este está nos antípodas destes arruaceiros que dominam os media e os seus papagaios colaterais
"... enquanto o crescimento esperado para os próximos anos é de cerca de 3%" diz o autor. Fantástico exercício de ficção que até nos leva a crer de que é melhor ter dívida pública do que não ter. Absolutamente fantástico!
Ó Francisco.
Deixe-se de tretas.
O que tem os cálculos, de que se pode discordar, com a substância do texto?
Qual o exercício de ficção que o leva a crer naquilo que quer crer?
Vossemecê tem estudos? Não os do Relvas, mas andou na escola?
Então volte lá a ler o texto e deixe -se de fitas semi-histéricas e dessas figuras " absolutamente fantásticas"
pah um défice 0 é sempre melhor que um défice 3 ou que seja, um excedente ainda melhor, quanto menos dívida ou nenhuma ainda melhor. Não me venham com tretas, há é várias formas de atingir essas metas, com calma e sem prejudicar as pessoas e a economia do país. E o autor não venha dizer que não tenho formação em economia porque a tenho(arranjam sempre desculpas). Este ano passado correu bem e temos que continuar nesse caminho reduzir o défice até que ele não exista e até exista excedente com crescimento económico, para termos capacidade de aguentar a próxima crise internacional (que acontece por causa do endividamento próprio do sistema capitalista selvagem). Em relação ao Japão informem-se melhor sobre a dívida deles. É quase toda comprada pelo próprio banco central do japão que pertence ao estado, dizer que a dívida é de 200% não é real, não deve ser nem metade disso e eles andam à anos a reduzir o défice para não pedirem dinheiro ao estrangeiro. Nada funciona a longo prazo gastando mais que se ganha, nada, um dia rebenta, é a lógica mais simples do mundo é como tentar correr sempre sempre sempre a uma altura caímos po lado.
André Correia
Estava a lê-lo com atenção até que cheguei à parte em que diz isto:
"E o autor não venha dizer que não tenho formação em economia porque a tenho(arranjam sempre desculpas)."
Acontece que o autor, que leio e escuto com atenção, pesem por vezes salutares opiniões diferentes, nunca utilizou tal estratagema como argumento em qualquer discussão.
Ora isto, por muito que custe a Correia, desqualifica-o. De todo. Converte Correia num vulgar pequeno caluniador que não merece muito crédito.
Se Correia pensa que todos afinam pelo seu medíocre diapasão então engana-se.
Agora ide lá ler o que o autor disse e os vários comentários aí em cima expostos. Pode ser que o ajude a ultrapassar estas suas aparentes limitações
Para o amigo André Correia:
Primeiro o amigo André diz que a divida do Japão "é quase toda comprada pelo próprio banco central do Japão que pertence ao Estado", para depois concluir que "andam há anos a reduzir o défice para não pedirem dinheiro ao estrangeiro"!!! -
Ó amigo André, se o banco central do Japão compra quase tudo, que necessidade têm de pedir dinheiro emprestado ao estrangeiro???? Será mesmo que necessitam de pedir emprestado ao estrangeiro em moeda Japonesa (Iene - JPY), para pagar os défices publicos (em Ienes - JPY)???
.....
Sabe amigo André: os países não vão à falência por não terem dinheiro nacional para pagar os défices publicos e a divida publica em moeda Nacional - pois, podem recorrer ao próprio banco central - vão sim à falência por não terem moeda estrangeira para pagar as importações e os empréstimos contraídos pelos privados em moeda estrangeira.
Por isso, os países que têm continuamente fortes excedentes da balança corrente - basicamente exportam bastante mais que importam - acumulando elevadas reservas de moeda estrangeira (divisas), muito dificilmente vão à falência - mesmo que a "longo prazo" os seus gastos publicos (moeda nacional) sejam superiores às suas receitas publicas (moeda nacional), pois podem recorrer ao banco central para financiar estes defices.
....
Não foi directamente por causa dos elevados gastos e défices publicos que Portugal, no tempo do Escudo, foi à falência em 1978 e em 1983.
Portugal foi à falencia nesse anos porque não tinha moeda estrangeira (divisas) para pagar as importações resultantes do crónico défice balança corrente e os emprestimos contraidos em moeda estrangeira.
....
Portugal foi à falência em 2011 porque o Euro na prática é uma moeda estrangeira, e porque acumulou sucessivamente elevadissimos défices anuais na balança corrente.
A Comparação entre Portugal e o Japão, país com moeda própria, e ainda por cima acumulando excedentes brutais na BTC com o resto do mundo há décadas, é uma comparação absurda.
Ora todos sabemos o jeito que dão as «comparações absurdas» a quem não tem argumentos lógicos e fundamentados.
Eu posso não concordar com o teor e conteúdo deste texto, mas isso não me impede de reconhecer ao autor a necessária autoridade académica para o escrever inclusive não pôr em causa a validade dos seus cálculos.
A minha discordância é sobre as premissas e os pressupostos que não foram tidos em conta.
Ricardo Paes Mamede em podia replicar pelos Ladrões, onde quase já não vem o que pelos vistos vai dizendo no facebook
mas aqui uma crítica ao autor:
http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2017/02/a-alemanha-fala.html
Ricardo, seria possível fornecer um link ou outra fonte que aborde essa fórmula? Está-me a fazer um pouco de confusão e gostava de aprender melhor o raciocínio por detrás.
Obrigado!
Nunca li tanta falsidade matemática!
Aqui tem um artigo com as equações (as quais o autor da posta foge como do diabo da cruz) que explicam que esta posta "socializante" é um mito:
http://www.matematicaviva.pt/2014/09/a-divida-e-o-defice-publicos-como.html
Para o amigo Carlos Miguel Sousa:
Já que o amigo não gosta do exemplo do Japão vou cortar o mesmo no meu comentário, fica só Portugal:
" (...) os países não vão à falência por não terem dinheiro Nacional para pagar os défices publicos e a divida publica em moeda Nacional - pois, podem recorrer ao próprio banco central - vão sim à falência por não terem moeda Estrangeira para pagar as importações e os empréstimos contraídos pelos privados em moeda Estrangeira.
Por isso, os países que têm continuamente fortes excedentes da balança corrente - basicamente exportam bastante mais que importam - acumulando elevadas reservas de moeda Estrangeira (divisas), muito dificilmente vão à falência - mesmo que a "longo prazo" os seus gastos publicos (moeda Nacional) sejam superiores às suas receitas publicas (moeda Nacional), pois podem recorrer ao banco central para financiar estes defices.
....
Não foi directamente por causa dos elevados gastos e défices publicos que Portugal, no tempo do Escudo, foi à falência em 1978 e em 1983.
Portugal foi à falencia nesse anos porque não tinha moeda Estrangeira (divisas) para pagar as importações resultantes do crónico défice balança corrente e os emprestimos contraidos em moeda Estrangeira.
....
Portugal foi à falência em 2011 porque o Euro na prática é uma moeda Estrangeira, e porque acumulou sucessivamente elevadissimos défices anuais na balança corrente".
Para o amigo Carlos Miguel Sousa (continuaçao):
Suponha que Portugal alcançava o paraíso: durante vários anos conseguia atingir superàvites orçamentais e diminuir continuamente a divida publica. Mas que simultaneamente a balança corrente voltava a registar elevados défices, na ordem dos 10% do PIB.
O que aconteceria nesta situação ao endividamento externo total (publico e privado) da economia Portuguesa amigo Carlos M. Sousa? Será que também iria diminuir? Ou será que continuaria a aumentar?
Fico à espera da resposta do amigo com argumentos lógicos e fundamentados.
Para o anónimo das 9 e 53:
É no mínimo ridículo (embora roce definitivamente a má fé) vir, a propósito dum texto de quem quer que seja, expor uma "crítica ao autor" desse mesmo texto.
E depois vai-se ver e é uma espécie de nota de rodapé. Legítima, mas não deixando de o ser.
À substância do post responde-se nada.
A impotência argumentativa tem destas coisas. Olha-se mais para o aspecto do dedo que aponta do que para o que se aponta.
A mediocridade também passa por aqui
O anónimo das 12 e 56 remete-nos para uma espécie de credo consubstanciado em exercícios matemáticos que são ornamentados logo de início com este mimo:
"Muitos poderão pensar que a dívida pública e o défice público, se cingem a questões de opções políticas, mas na realidade uma das ciências que está bem presente em finanças públicas e economia, é a matemática!."
Contas de merceeiro a tentar ilidir o que é essencial? Ou a tentativa de fazer encafuar a economia política em leis matemáticas, "esquecendo" completamente as múltiplas realidades subjacentes?
Talvez fosse útil o estudo dessa coisa que se chama economia política
A propósito do "défice zero" e do "zero vírgula zero" e doutros números de circo:
"Ilude-se a questão da soberania, sem a qual nem sequer existe Estado, digno desse nome. Ilude-se o papel da economia politica, confunde-se micro e macroeconomia, omite-se a capacidade de planeamento do Estado que o neoliberalismo alienou para a finança e os monopólios, transmutados em "os mercados".. A partir daqui a direita entra no discurso feito de banalidades, tão simples e evidentes como…o Sol mover-se à volta da Terra.
Afirma-se que "viver em democracia implica pagar as dívidas e não viver acima das suas possibilidades". A austeridade é então a forma de se "viver de acordo com as nossas possibilidades" ou que "só podemos ter os serviços sociais que os nossos impostos podem pagar". Omite-se a questão de quem paga e de quem foge aos impostos, da livre transferência de rendimentos para paraísos fiscais, no essencial sem pagar impostos, e que estes vão prioritariamente compensar má gestão, fraudes bancárias, contratos leoninos das PPP ou dos SWAP e o escândalo dos juros usurários promovido pelo BCE".
"Para manter a especulação, difunde-se na população a ideia que os direitos laborais, salários e prestações sociais devem ser reduzidos, pois assim determinam "os mercados". Para além da ladainha de "preocupações sociais", desmentidas pela prática, a tese da direita é que o aumento da produção será o resultado de trabalho sem direitos, despedimentos arbitrários e empobrecimento para pagar a dívida.
Neste processo, a chantagem sobre os trabalhadores vai ao ponto de se considerar que é melhor ter emprego sem direitos e com salários abaixo do nível de pobreza, que não ter emprego nenhum: ou se submetem ás exigências do "mercado" ou não há "incentivos", a empresa fecha, deslocaliza-se, o capital procura outros ativos, O governo lava as mãos…não interfere no "mercado".
A diferença para a tal "boa dona de casa" é que o Estado pode determinar como a riqueza é criada, tributada e distribuída. O Estado decide quem paga, e está a fazê-lo, simplesmente, não a favor do povo, mas da oligarquia"
(Daniel Vaz de Carvalho)
UnaBomber, a resposta ao seu desafio é simples, infelizmente não sei com quem estou a teclar, e o texto é sobre «O défice zero», sobre o qual já explicitei a minha posição.
Para o amigo Carlos Miguel Sousa:
No dia 23 pelas 10:07 o amigo Carlos M. Sousa comentou um comentário que eu fiz no dia anterior DIRIGIDO ao amigo André Correia.
Nessa altura (dia 23, 10:07) o amigo não teve problemas em não saber com quem estava a teclar.
Mais, o que escrevi nos comentários que fiz está inteiramente relacionado com o défice zero, assim como o desafio/questão que lhe coloquei.
Aliás, se for mais simples para si, até podemos substituir as palavras "superàvites orçamentais" por "défices zero", no referido desafio/questão:
"Suponha que Portugal alcançava o paraíso: durante vários anos conseguia atingir défices zero e diminuir continuamente a divida publica. Mas que simultaneamente a balança corrente voltava a registar elevados défices, na ordem dos 10% do PIB.
O que aconteceria nesta situação ao endividamento externo total (publico e privado) da economia Portuguesa amigo Carlos M. Sousa? Será que também iria diminuir? Ou será que continuaria a aumentar?"
Fico mais uma vez à espera da resposta do amigo Carlos M. Sousa com "argumentos lógicos e fundamentados."
O anónimo de 25 de fevereiro de 2017 às 13:28 treslê rapidamente um comentário meu.
Decide que quero bater em Ricardo Paes Mamede ou da leitura que faz no postado, embora nada disso se possa daí concluir. Cada qual fica com o que as fracas cabecitas conspiratórias conseguem tirar dos textos.
Vinco essencialmente uma coisas. Há demasiado Paes Mamede no facebook e na RTP que não passa por aqui (e não custa nada meter aqui o que se deixou no facebook ou re-citar o programa via youtube)
Para o anónimo das 16 e 43 (e das 9 e 53)
Isto é um esclarecimento para as fracas cabecitas que tentam vender gato por lebre e depois ainda por cima se armam em virgens impolutas.
O reparo ao comentário das 9 e 53 diz o seguinte:
"É no mínimo ridículo (embora roce definitivamente a má fé) vir, a propósito dum texto de quem quer que seja, expor uma "crítica ao autor" desse mesmo texto.
E depois vai-se ver e é uma espécie de nota de rodapé. Legítima, mas não deixando de o ser".
Se se esqueceu do que escreveu, o problema é exclusivamente seu
O resto é uma sua opinião, legítima mas ao lado.
Para que seja de todo claro. A referida "crítica ao autor" até tem um link
http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2017/02/a-alemanha-fala.html
Provavelmente o anónimo das 16 e 43 (e das 9 e 53) "esqueceu-se"do que escreveu...
O anónimo de 25 de fevereiro de 2017 às 13:28, de 28 de fevereiro de 2017 às 13:59 e de 1 de março de 2017 às 00:31 tem claros problemas de compreensão.
Desde quando é que dar a conhecer a Ricardo Paes Mamede uma crítica que lhe foi feita equivale a um ataque ao pontos de vista de Ricardo Paes Mamede? Não pode ser um mero chamar de atenção amigo à necessidade de proteger os flancos? É muito triste tratar com quem tem manifestas dificuldades de percepção e ainda assim insiste numa leitura que já lhe explicaram ser asneira.
Podia dizer-lhe que concordo com Paes Mamede aqui e que concordo com Paes Mamede em quase tudo nos outros lugares. Podia servir para lhe explicar como, por causa destes pressupostos, toda a sua argumentação é fútil e ridícula. Mas o esforço não vale a pena pois já decidiu que eu queria dizer outra coisa, embora eu já lhe tenha dito o que queria dizer. A asneira é livre, e é triste ter tão fracos entendimentos entre os aliados.
Para o anónimo das ...etc e tal
Francamente vai-me faltando a paciência para esta chuva no molhado.
O que postou foi isto:
"mas aqui uma crítica ao autor:
http://herdeirodeaecio.blogspot.pt/2017/02/a-alemanha-fala.html "
Se é para proteger os flancos ainda bem. O que está escrito está escrito. Cabe aos demais tirarem as devidas conclusões
E posto que admite estarmos a laborar em erro de interpretação fica por auqi a conversa.
Sem qualquer acrimónia, entenda-se.
Gostaria que o Sr Pães Mamede também viesse aqui reagir a sua publicação, porque está sim é a verdadeira questão que se anda a volta e não se quer ver com olhos de ver!!!
"salvo eventos inesperados" - o problema são os eventos inesperados e assim andamos sempre na corda bamba. Bem que mentalidade. Não admira que existam tantos paises que de vez em quando estão em crise. E depois a culpa é do FMI..
Enviar um comentário