Ontem, enquanto se cantava a Grândola à porta, Passos Coelho voltou a afirmar que todos aqueles que defendem alternativas
ao caminho da Troika são irrealistas e irresponsáveis.
Para o governo, realista é em Junho de 2011 assinar-se um programa baseado em previsões de dívida pública de 115% do PIB para 2013 e, no inicio deste ano, essas previsões já terem saltado para 122%. Também é realista fechar um orçamento de estado com uma previsão de
quebra do PIB de 1% e, em Fevereiro, já estar a admitir que essa quebra será o dobro. Responsável é assinar um acordo
de financiamento que previa que a taxa de desemprego atingiria o seu pico em 2012 nos 13%, um ano e meio depois ela já estar nos 17,6% e continuar a achar que o programa é uma boa ideia.
Na perspetiva do governo, é irrealista querer admitir os verdadeiros custos económicos e sociais desta crise e mudar,
já, de rumo. É irresponsável enfrentar os credores que for preciso para começar, já, uma politica de recuperação económica e de criação de emprego. Para a direita, aqueles que acreditam num futuro onde a economia esteja ao serviço das pessoas e não seja escrava dos
mercados são utópicos.
Para esses, resta juntar-se a um grupo de ladrões de bicicletas e pedalar por aí!
Ou então pedalar avenida abaixo, neste 2 de Março, com tantas outras pessoas que acreditam num futuro melhor e numa economia
que nos leve até ele...
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