Portugal, embora num estado menos desesperado, também terá de se render à dupla reestruturação-desvalorização e, para tal, sair da zona euro. O plano de austeridade que está em execução vai de facto provocar uma recessão, estimada de forma optimista em -2% do PIB e, com mais realismo, em -4%/-5%. Isto vai gerar uma contracção das receitas fiscais que reproduzirá o défice orçamental. Na realidade, é o que acontece em todas as tentativas brutais de regressar ao equilíbrio das contas públicas através de uma austeridade maciça. Lembremo-nos do caso da Rússia de 1993 a 1998 em que uma austeridade draconiana imposta pelo governo e o FMI mergulhou o país numa espiral de depressão e défice. Para que esta trajectória se invertesse foi preciso regressar ao crescimento, o que aconteceu após o incumprimento da dívida e uma desvalorização de cerca de 50%.
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