Foi um dos mais populares e interessantes economistas e intelectuais públicos norte-americanos do século XX. John Kenneth Galbraith legou-nos uma vasta obra. Destaco hoje a sua penetrante análise sobre os períodos de euforia financeira e sobre a Grande Depressão de 1929. Faz parte de uma tradição que escrutinou, sem preconceitos e sem separações artificiais, os mecanismos económicos, políticos, psicológicos e culturais que geram as crises financeiras. Este artigo de Stephen Dunn no The Guardian oferece uma boa introdução ao seu actualíssimo pensamento sobre a matéria. Mas leiam os seus livros. O estilo é inigualável. E poucos economistas escreveram ou escrevem sobre como escrever bem. Há uma edição antiga de A Crise de 1929 em português pela Dom Quixote. Que tal reeditar? Em conjunto com a Breve História da Euforia Financeira que nunca foi editada entre nós? Fica a sugestão para um bom editor. Ainda no The Guardian, que concentra o melhor que a esquerda e o centro-esquerda têm para oferecer na área da economia, vale a pena ler esta recuperação da Taxa Tobin por Larry Elliot, o seu editor. A esquerda tem hoje a iniciativa no campo da proposta.
Alguns dos melhores economistas, na tradição institucionalista e keynesiana de Galbraith, realizam a sua investigação no quadro do Political Economy Research Institute. Que reúne aqui dez anos de trabalho científico sobre as crises financeiras e sobre os meios para as evitar. Eles analisaram e avisaram. As propostas de Crotty e de Epstein para um sistema financeiro mais estável, justo e funcional terão que fazer parte do senso comum da época pós-neoliberal. Haja força política.
A Economia Política Institucionalista é uma bela carapuça. Mas pode causar problemas numa ciência disciplinada e pouco liberal. No entanto, há quem resista. O espírito da obra de Galbraith está presente num excelente manifesto subscrito por centenas de economistas franceses: «Uma economia política Institucionalista (EPI) não separa a análise dos mercados da reflexão sobre o pano de fundo político e ético de uma economia. Ela acredita que as instituições económicas estão entrelaçadas com as normas políticas, jurídicas, sociais e éticas, e todas elas devem ser estudadas e pensadas ao mesmo tempo».
O Manifesto está disponível, numa versão editada em português, no blogue Machina Speculatrix. Isto é a blogosfera no seu melhor: um espaço cooperativo de difusão do conhecimento alimentado pela generosidade. Porfírio Silva traduziu e sintetizou e José Castro Caldas fez a revisão. Muito obrigado.
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2 comentários:
Crônicas sobre os últimos acontecimentos políticos escritas de forma leve e sarcástica.
Mosaico de Lama:
www.mosaicodelama.blosgpot.com
Boa leitura!
«Uma economia política Institucionalista (EPI) não separa a análise dos mercados da reflexão sobre o pano de fundo político e ético de uma economia. Ela acredita que as instituições económicas estão entrelaçadas com as normas políticas, jurídicas, sociais e éticas, e todas elas devem ser estudadas e pensadas ao mesmo tempo»
Quando a linha entre ciência e ética é desprezada à partida, dificilmente se pode falar em Ciência.
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