Há dias, no parlamento, mais precisamente aquando do último debate com o primeiro-ministro em que se discutiu a crise financeira internacional, o líder parlamentar do PS presenteou-nos a todos com uma tirada supreendente e relativamente inesperada.
Disse o líder parlamentar do PS (cito de memória) que esta crise evidencia o fracasso do neoliberalismo e o triunfo da terceira via.
A ideia é surpreendente porque parece que, primeiro, o Dr. Alberto Martins não percebeu que um dos países mais atingidos é precisamente o Reino Unido onde governa o "New Labour" há três mandatos consecutivos, essa guarda avançada da terceira via e que a politóloga Eunice Goes um dia classificou como "um conservadorismo em tons pastel" (Eunice Goes, "A Era Blair em Exame", Lisboa, Quimera, 2003). Segundo, porque parece não ter lido os artigos de Mário Soares no "Diário de Notícias" e na "Visão" sobre a crise e sobre como ela atinge directamente as ideias e as forças associadas à terceira via, nomeadamente a britância mas não só.
A tirada é relativamente inesperada porque vem de uma figura proeminente e presitigiada ligada à chamada ala esquerda do PS e que ainda em 2004 apoiou Manuel Alegre. Ou seja, a inflexão para o "centro do centro" (to say the least...) por parte do PS não é apenas um resultado da nova liderança do partido, não. Porventura mais significativo e relevante é ver como algumas figuras proeminentes da chamada ala esquerda se converteram às ideias e personagens da terceira via. Irá a crise ajudar estas prestigiadas figuras a reposicionar (à esquerda) a sua visão do mundo? Pelo menos até àquele debate, e pelo menos no caso particular do Dr. Alberto Martins, parece que não.
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1 comentário:
Que nimguém de esquerda, que ainda diga algumas coisas de esquerda - Moretti, tenha a veleidade de pensar que este PS serve para operacionalizar políticas verdadeiramente de esquerda.
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