sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Como meter a finança na gaiola


Como apontava João Ferreira do Amaral, num dos últimos Prós e Contras da RTP, a gravidade da presente crise financeira talvez não seja suficiente para que se pense seriamente num novo Sistema Monetário Internacional. Contudo, é possível avançar com algumas propostas regulatórias robustas. Dominique Plihon, presidente do conselho científico da ATTAC, fá-lo através de três eixos: (1) Alargamento das regras prudenciais bancárias aos restantes actores dos mercados financeiros (por exemplo, os hedge funds) uma vez que esta crise, como aliás a do Japão no início dos anos noventa, teve origem em «finance companies» não reguladas; (2) Reforço das regras impostas pelo comité de Basileia (ver post abaixo), integrando as necessidades de liquidez das operações de titularização de crédito, mesmo de curto prazo, nos cálculos dos seus fundos próprios. Tais regras implicariam um claro desincentivo à desintermediação financeira, reduzindo assim o número de actores e a opacidade destes mercados; (3) Redefinição das condições em que os bancos comerciais se refinanciam junto dos bancos centrais. Os bancos recorrem à liquidez disponibilizada pelo banco central de forma indiscriminada. É possível favorecer (através de taxas de juro mais baixas) os bancos com melhores práticas, por forma a criar incentivos para uma maior cooperação com as autoridades monetárias.

Estas propostas não são simples. No entanto, é fácil de perceber que todas apontam na mesma direcção: um maior controlo público de uma esfera demasiado importante para ser deixada a um mercado com poucas regras.

Adenda: Um excelente debate do segundo canal público francês sobre a crise, com a presença de Plihon, encontra-se aqui. Infelizmente sem legendas.

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