quarta-feira, 18 de setembro de 2024

De que se queixa, afinal, a Iniciativa Liberal?

Nas jornadas parlamentares da IL, a deputada Mariana Leitão acusou a AD de ter prometido mudanças, mas estar apenas a proceder a «ténues alterações», afirmando que a IL é o «único partido (...) com uma proposta concreta para a saúde». Para que não houvesse dúvidas, concretizou: «uma proposta que pretende que se abandonem os preconceitos ideológicos para que se utilizem todos os setores, permitindo que os utentes tenham cuidados de saúde em tempo útil».

Não se justifica, contudo, o queixume da deputada da Iniciativa Liberal. A menos que lhe tenham escapado as declarações proferidas no dia anterior pelo Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, considerando que «a saúde não se gere com preconceitos ideológicos». Ou as declarações de Ana Paula Martins, ministra da Saúde, no próprio dia, a pedir um «amplo consenso nacional» para levar a cabo a «reforma estrutural» do SNS, aproveitando «a capacidade instalada de todos os setores» (ou seja, financiar com recursos públicos o setor privado e os seus lucros).


Mas há, claro, uma terceira hipótese. A de a deputada da IL, Mariana Leitão, pretender apenas fazer a síntese do que disse o Primeiro-Ministro e a ministra da Saúde, revelando assim a convergência e plena sintonia programática que existe entre a Iniciativa Liberal, o PSD e o CDS-PP (e o Chega, já agora). Mesmo que sob a aparência de uma falsa indignação, para militante ver, no contexto de umas Jornadas Parlamentares.

1 comentário:

Anónimo disse...

Creio que seria útil investigar quais os interesses que ligam as gentes da Iniciativa Liberal à economia da saúde, quer dizer, seguradoras, hospitais privados e talvez as farmacêuticas. Todos sabemos daquele deputado lá de cima com obra sobre a matéria, do marido daquela dirigente, ligado a uma seguradora, e deve haver mais. Já que falam tanto na regulação do lobbying, conviria ver se a IL não é afinal apenas a voz política de interesses económicos.

Digo interesses económicos, mas dos serviços, que isto de indústria nunca foi coisa que medrasse por cá. Na agricultura não sei, mas pela conversa devem ser muito amigos dos nossos queridos agricultores daquela uva que é sempre a mesma e dos produtores de framboesas.