sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Um acelerador que é travão

O Governo anunciou, pela voz do primeiro-ministro António Costa, que iria relançar um nova política de rendimentos. O objectivo anunciado foi o de que os salários ganhassem o peso no PIB anterior à crise e uma subida do salário médio que permitisse novos aumentos do salário mínimo.

Mas quando se começa a perceber melhor os contornos do que se pretende, verifica-se que a intenção oficial - anunciada pelo quase omnipresente ministro da Economia, Siza Vieira - é antes um verdadeiro travão à subida salarial.

Ao pretende estabelecer metas da subida salarial até 2023, a um ritmo inferior ao que o próprio mercado presentemente "está a dar", o efeito apenas pode ser o de conter a subida salarial e não a de promover uma nova política de rendimentos, tal como foi anunciado pelo prmeiro-ministro.

E pior: o Governo parece preparar-se para dar ainda ao patronato "compensações" dessa "subida salarial".

Melhor seria que, para levar a cabo uma verdadeira valorização salarial, o Governo revisse as medidas laborais, adoptadas durante o mandato da troica e tão diligentemente aprovadas pelo PSD/CDS - tanto que ainda hoje dizem ser a causa da subida do emprego - que foram, sim, a causa eficaz da desvalorização salarial.  

Para perceber melhor, ler o último Barómetro do Observatório das Crises e Alternativas.  

5 comentários:

Jose disse...

Muito interessante defesa de um mercado livre para os salários.

Anónimo disse...

"metas da subida salarial até 2023, a um ritmo inferior ao que o próprio mercado presentemente "está a dar"" ?
O mercado dá alguma coisa?! O mercado explora os trabalhadores e o salário mínimo tem de evitar essa exploração. Sem salário mínimo o mercado pagava salários zero!

JE disse...

Muito interessante defesa do jose de um texto em que não percebeu patavina

Ele. logo ele,que parece que tem urticária de cada vez que lhe falam em salário mínimo

Não é a idade que não perdoa, é a sua ideologia.

E a mediocridade conhecida de um patronato desta "qualidade"

JE disse...

Neste oportuno post é denunciada a demagogia deste governo.O que se passa é que este "acelerador" agora proposto não é mais do que um travão

Confessemos que "demagogia" é um termo demasiado pobre para qualificar esta farsa

"O efeito apenas é o de conter a subida salarial e não a de promover uma nova política de rendimentos"

E o Governo parece preparar-se para dar ainda ao patronato "compensações" dessa "subida salarial".

A contra-prova está aí nesse ridículo aplauso de jose

O patronato baba-se por este tipo de medidas.É como com os perdões-fiscais. Ou como as privatizações que lhes encheram ( e enchem) o bandulho e mais além

JE disse...

"Quanto ao peso dos salários no PIB, o referencial de 2,8% aproximaria a repartição do rendimento a 2009, sem o alcançar e muito menos ultrapassar"

"A experiência mostra que o estabelecimento de referenciais de incremento salarial, em contextos de redução do desemprego, tende a servir sobretudo - tantas vezes a pretexto do perigo de pressões inflacionistas ou perda de competitividade - o propósito de contenção dos 'custos salariais'"

Palavras textuais de José Castro Caldas

O governo a agir de acordo com os interesses do patronato.

E este a aplaudir e a pedir por mais, assim desse jeito maneirinho, a voltear a mão e a dizer:

"Que interessante"