O governo tem-se vangloriado muito da subida do peso das exportações no PIB, como se tratasse de uma espécie de prova definitiva da virtuosa transformação estrutural que a economia está a sofrer. Infelizmente, este aumento do peso das exportações no PIB em relação ao passado imediatamente pré-crise tem uma explicação muito simples, e que não é particularmente virtuosa: a queda do PIB (…) Para além do mais, como os dados do INE têm mostrado, quando o país volta a crescer (como tem acontecido em cadeia em dois trimestres em 2013), a procura externa líquida ou reduz-se fortemente (como no segundo trimestre), ou passa mesmo a ser negativa (como no terceiro trimestre). O Governo veio congratular-se com dados de um crescimento ténue que, na prática, repete o padrão do passado. Não há aqui nada que valide a sua estratégia económica. Quanto aos dados do BdP divulgados hoje, e que estimam uma recessão menor para 2013 do que anteriormente prevista, o governo também não tem qualquer motivo para afirmar que a sua estratégia está, finalmente, a dar resultados: o BdP estima que a economia caia 1,5% e não 1,6% porque, resumindo, o consumo público vai cair menos do que era estimado no Boletim de Outono (-1,5% e não -2%), e o consumo privado (induzido, digo eu, pela não tão intensa queda de rendimentos que resulta do abrandamento da redução do consumo público) também cai menos (-2 e não -2,2%). Basicamente, a recessão será menor porque a austeridade será menor (do que o previsto), cortesia do acórdão do Tribunal Constitucional de abril passado que repôs salários e pensões.
Hugo Mendes dá úteis notícias estruturais e conjunturais sobre a nossa economia.
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