“Na realidade, o rigor orçamental só teria sentido se a União europeia reencontrasse a via do crescimento e do emprego graças a uma política monetária realista. Querer introduzir o euro carregando ao mesmo tempo nos dois travões – o monetário e o orçamental -, e fazendo-o com a maior força, só pode conduzir à explosão da Europa.” (p. 131-2)
“A identidade política e económica da Europa só pode resultar de uma vontade comum. Ela deve traduzir-se num projecto conforme ao interesse de todas as nações que a constituem. É por isso que, em vez de persistir cegamente no processo em curso (…) convém desde já subordinar o euro à necessária refundação da Europa.” (p. 165)
Em 1997, no seu livro L'Euro contre l'Europe ?, o economista Gérard Lafay argumentava que o euro, na forma e no tempo da sua introdução, representava um desvio na identidade do projecto europeu e poria em risco a própria União. Quinze anos depois, os seus receios foram confirmados.
Organizadamente, o que é pouco provável, ou de forma descontrolada, a União Europeia acabará por deixar cair esta moeda única. Talvez para, mais tarde, iniciar uma refundação que respeite a deliberação democrática dos cidadãos, que preserve a diversidade dos interesses nacionais, e que afirme a dignidade do trabalho e o direito ao emprego como pilares da cultura europeia. Essa desejável refundação será certamente um processo lento até porque, como há dias escreveu João Pinto e Castro, “A inocência, uma vez perdida, não se recupera. O idealismo não se fabrica.”
1 comentário:
Caro Bateira, os meus pêsames por um artigo completamente oco.
Quem decide quanta moeda, que é criada a partir do nada, circula neste espaço?
Porque é que o BCE empresta a 1% à banca e está proibido de emprestar diretamente aos Estados. Empresas e Famílias, que são obrigados a pagar 4, 5, 6, etc. por cento? Que poderes são esses que dão tanto dinheiro a ganhar à Banca?.
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