terça-feira, 8 de novembro de 2011

Das esquerdas e das alternativas


Em A Mundialização Feliz Alan Minc descrevia a inevitabilidade e a bondade da integração das economias pela expansão das forças de mercado . A europeização feliz foi a tradução continental desta ideologia, que teve no euro a sua mais importante concretização e na actual crise o seu fim. Já em 2003, um atento observador da história económica europeia [Andrea Boltho da Universidade de Oxford] indicava a natureza que esta construção política tinha entretanto adquirido: «vista de fora, a Zona Euro parece um daqueles países em vias de desenvolvimento, a quem o FMI impôs um dos seus rígidos programas de estabilização que o tornaram tão famoso: baixa inflação, rectidão fiscal, desregulamentação, privatização; tudo comandado por um grupo de funcionários que ninguém elegeu» .

Oito anos depois, vista de dentro, a Zona Euro confronta os seus elos mais fracos com permanentes programas de austeridade recessiva e de aceleração da reconfiguração neoliberal das economias. Trata-se da contrapartida que as instituições europeias e o Fundo Monetário Internacional (FMI) impõem, em nome dos credores, para garantir financiamento, em condições politicamente definidas, aos Estados. Estes perdem todos os atributos substantivos da soberania democrática, que o fácil acesso aos mercados financeiros tinha durante alguns anos disfarçado. Como chegámos aqui? Como é que a opinião convencional planeia sair daqui? E que alternativas existem ao seu plano de empobrecimento desigual?

O resto do meu artigo - o fim da europeização feliz - pode ser lido no número deste mês do Le Monde diplomatique - edição portuguesa. Aparece num dossiê sobre alternativas económicas com várias escalas, que conta com contributos de Manuela Silva e de José Castro Caldas. A edição deste mês conta também com várias análises sobre as esquerdas, entre as quais se encontra a de Alfredo Barroso sobre a crise da social-democracia. Os artigos de Sandra Monteiro e de Serge Halimi sobre este tema estão disponíveis no sítio do jornal. Uma passagem: "As esquerdas que hoje se colocarem do lado do contrato social em que têm estado assentes as democracias, do lado do Estado social e contra o governo do sistema financeiro, serão as que compreenderão algo que, durante algum tempo, talvez se tenha considerado demasiado simples e consensual: que, como lembrou recentemente o bispo das Forças Armadas, Januário Torgal Ferreira, 'a justiça devolve ao outro o que lhe pertence; a solidariedade partilha do que é seu'".

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelentíssimo Senhor Doutor,

Sou um leitor assíduo,felicito-o pelas suas análises.
Quanto a RPC,creio não haver alternativa.